Personagem Franklin Worthinson

Se o tempo havia parado para Sarah, para Franklin ele passava de forma completamente diferente. Por vezes mais rápido como uma chama consumindo seu combustível e por vezes lento como um lago sem vento.

Toda a experiência que ele havia passado era inexplicável pelas formas que ele conhecia. Mas havia uma coisa, uma singela e unica coisa que ele recebera do Diretor Donatan que naquele momento fazia mais sentido do que qualquer outra coisa em sua vida.

"Na magia, aquilo que é suposto verdadeiro surge completo e acabado por mais improvável que seja."

Franklin se sente, ainda recuperando suas forças 



- "Não adianta tentar buscar explicações, isso que passei suplanta qualquer teoria, qualquer conceito pré existente. Inclusive o conceito de portas, o conceito de camadas, foram alegorias usadas para me ajudar, mas agora eu sei e ainda assim só eu saberei pelo que passei. Se são portas, elas levam a um comodo que muda seu interior cada vez que é aberta, ainda que seja o mesmo comodo. Se são camadas, não são sobrepostas e sim entrelaçadas como uma trama onde não se sabe onde começa e onde acaba para elemento"

Naquele momento Franklin idealiza que todas as perguntas que havia trazido não eram mais importantes, pois ou estavam respondidas ou suas respostas não eram mais relevantes. Porém muitas outras haviam surgido naquela experiência atemporal que ele havia passado.

Ele segura uma xícara de chá com suas mãos ainda tremulas e toma um longo gole, a bebida quente o ajuda a combater o frio que sentia. Frio, algo que a tempos não sentia. Ele sorri pois não o espantava, ele sabia que tudo estava ao seu alcance, mas agora de forma organizada.

Sarah observa tudo aquilo sem entender

- "Franklin o que esta acontecendo, você esta pálido, esta diferente. Eu sinto você diferente"

- "Estou bem Sarah, as vezes o tempo passa diferente para as pessoas. Eu tive o entendimento de algumas coisas, coisas pelas quais eu me questionava. E June me ajudou a entende-las, talvez para você tenha sido um ou dois segundos, mas para mim foi um pouco mais" - Franklin sorri, ainda um pouco cansado, mas ele passava a segurança que internamente sempre teve - "Talvez June tenha algumas palavras para você, para te tranquilizar"

Franklin sabia que não se tratava de June, mas não era hora de complicar o entendimento das coisas para Sarah.

June se senta de frente para Franklin e Sarah e diz:

- "Cada um tem seu tempo Sarah. Eu tenho conversado com Franklin a mais tempo e ele, a sua maneira, buscou a respostas e meu papel foi lhe mostrar o caminho. Você terá o seu tempo, e se for de seu interesse, posso lhe ajudar." - ela toma um gole do chá e continua - "provavelmente Franklin lhe contaria se pedisse, então lhe direi o mais importante. Você não esta sozinha, existem outros com dons, Franklin é um deles, eu sou outra. No momento certo você saberá de mais pessoas."

- "Ela não vai falar de Sebastian? Por que não falaria do irmão de Sarah? A não ser que ele mesmo ainda não esteja apto a usar o seu dom e com isso não tenha a capacidade de ajudar a Sarah."

June continua

- "E existem outros, mais velhos e experientes, que eu represento. Que estão dispostos a ajudar vocês, se vocês quiserem." - June aponta para Franklin - "Franklin me procurou e pediu ajuda para entender seu dom, e lhe mostramos o caminho. Se desejar, podemos fazer o mesmo para você. Mas não hoje, por hoje creio que teve mais informação do que imaginaria ter"

June estende sua mão para Sarah e lhe entrega um pequeno boneco sem face.



- "Carregue isso com você, ele lhe ajudar a controlar teu dom caso fique sob stress. Com o tempo e experiência não precisará dele"

- "Como ela sabia de Sarah? Como ele pode ter um amuleto para ela?"

Sarah pega o pequeno amuleto, que cabe em sua mão e coloca no bolso interno de sua jaqueta.

- "É muito coisa para mim, este negócio, saber que existem mais pessoas assim. Um grupo? Meu Deus." - ela olha para Franklin incrédula, mas encontra em Franklin um olhar seguro e altivo que a acalma - "É realmente muita informação, preciso .... não sei... pensar."

June sorri, mas Franklin nota o cansaço em seu olhar. Pelo visto ser o conduíte entre aquelas pessoas e eles era estafante para ela.

- "June, muito obrigado pelo seu tempo. Minhas perguntas estão em outro tempo e não preciso de respostas agora, mas saiba que saio daqui com outras perguntas que não existiam quando entrei. Perguntas muito mais profundas. Então não esperem eu lhes procurar, falemos antes"

Franklin se mantinha polido e educado, mas deixava claro que não seria refém do tempo e da agenda deles. 

- "Quando for o tempo certo Franklin, haverá.. " - Mas Franklin interrompe June, ou melhor, Josephine e diz - "Creio que o próprio conceito de tempo certo deva ser tratado. Se me deu boas vindas quero agora saber onde estou e quais de nossos objetivos são mútuos" - enquanto pensa - "Não serei um agente deles, cumprindo ordens. Eu devo estar tomando as decisões, na verdade preciso ajuda-los a entender que a abordagem toda esta equivocada, preciso explicar-lhes que existe um caminho melhor e mais seguro" 

Então June lhe responde - "Certo, então até muito breve, onde conversaremos. Muito breve"

Ele se levanta e estende a mão para Sarah e diz

- "Sarah, espero que esta visita tenha lhe esclarecido um pouco sobre nossa situação. Não tenho todas as respostas, mas saiba que posso lhe ajudar no que estiver ao meu alcance." - Franklin se sentia atraído por Sarah, mas não era algo somente carnal, ele tinha carinho por ela, principalmente depois dela ter confidenciado a ele sua situação, algo tão intimo merecia ser retribuído com o devido respeito.

Ele abre a porta para saírem e instante antes de fechar olha para trás e nota uma June exausta, sentada em uma cadeira velha e imunda, e uma sala caindo aos pedaços. Em uma situação normal acreditaria que era uma sombra projetada, mas naquela situação sabia que se tratava de alguma entidade abraçando June e acariciando seu cabelos, talvez Josephine se projetando para ajuda-la ou alguma outra anciã da S.O.U.L.S.

- "Vamos Sarah, antes que se preocupem com sua ausência."

- "Franklin, como você consegue agir com naturalidade com tudo isso?"

Franklin olha para Sarah e sorri, passa os dedos em sua testa limpando as gotas de suor que ainda brotavam devido ao seu cansaço físico e mental e responde

- "Eu já tive minha parcela de medo, ansiedade, dúvidas e lágrimas Sarah. E não tenho problema em admitir que o caminho para aceitar isso não é simples, não é fácil e nos obriga a pensar de forma diferente." - Franklin passa os dedos no cabelo de Sarah e apoia sua mão em seu ombro - "Mas é importante ter pessoas em quem confiar..." - Então Franklin se lembra de Janet e Sebastian

- "Eu tenho? Tenho em quem confiar? Depois de tudo que tenho visto acontecer?" - Neste Franklin sente uma solidão que não havia sentido, se sente de fato sozinho e abandonado pelas únicas pessoas que compartilhavam aquilo com ele até o momento e seus olhos marejam de tristeza e decepção.

Sarah não entende ao certo o motivo de Franklin estar daquela maneira, mas percebe que ele é tão humano quanto ela naquele momento e o abraça e diz em seu ouvido

- "Obrigado"

Franklin não diz nada, apenas retribui o abraço e sente o perfume de Sarah. Ele enxuga discretamente seus olhos e depois diz "Vamos, temos uma caminhada" - Sarah mantem um braço na cintura de Franklin e a cabeça próxima de seu ombro, Franklin retribui passando seu braço pelas suas costas e seguem de volta para Yorktown, sem falar. Naquele momento palavras não eram necessárias, somente a presença de um para o outro.

Frank acorda e está disposto ao que precisa resolver naquele dia. Muitas informações e muitas perguntas. Mas ele entende que era tudo exatamente o que ele sempre quis na vida. Os livros e os porquês. Ao descer as belas escadas de sua casa que como nunca havia reparado antes eram extremamente bem limpas por Sra. Knopfler o faz refletir. - Descer as vezes é o mesmo que subir - mas de outra forma. Dar um passo atrás é a oportunidade de dar um passo para outro caminho. Correr é deixar de ver os atalhos que podemos ter.

Mas logo chega a cozinha e Sra. Knopfler sorridente o recebe com um delicioso café da manhã e o agradece por comentar sobre Mark, seu sobrinho. 


"Ele dorme com sua guitarra meu filho. E suas canções são sobre o cotidiano, coisa simples, muito simples. Nada precisa ser complexo para ser belo. A beleza vem da pureza e ele é muito talentoso e com um grande dom. Mas sabe meu filho, eu vejo o dom como um belo garanhão que você possui. Mas ele não servirá de nada se não esforçar-se para domá-lo. Perdão pelas minhas palavras, não quero ocupar seu tempo. Alimente-se, imagino que terá um longo dia hoje. Vou colocar uma canção para seu café da manhã."






Frank e seu pai saem em disparada até a Churchill House. Gordon estaciona o carro e Frank enquanto desce, Sebastian saindo do carro que deveria ser da família dele e Janet e Alonso correndo feito loucos pela calçada. - aparentemente todos atrasados hoje

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#1 'Dados' : 3, 5, 1

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#2 'Dados' : 6, 1, 3

Ao acordar se sente completamente renovado, todo aquele cansaço e stress o haviam deixado, mas as palavras de seu pai são como um lembrete para ele, o quarto estava uma bagunça. Muitas coisas jogadas no chão, papéis e mais papéis, muitas anotações.

 - "Claro pai. Já vou me arrumar, assim pego uma carona com você até a escola"

Franklin se troca rapidamente e começa e recolher suas anotações

- "A chave é o controle, física e metaforicamente. Não se abre ou fecha a porta se controla o fluxo e o tempo... " - Franklin detêm seus pensamentos, por mais dificil que isso fosse - "Eu estou vivendo o futuro de forma desarmoniosa com o meu presente. De tudo que a Jane falou ontem, talvez essa seja a parte mais importante para hoje. Viver o presente, equilibrar o meu tempo"

{ Teste QI 15 vs 9 : Sucesso por 6 }

O jovem respira fundo, coloca todos os papéis em uma pequena pasta, coloca os livros juntos e coloca em sua mochila e desce as escadas. Mas antes de ir até a cozinha, passa na biblioteca e pega um dicionário surrado de latim e coloca na sua mochila.

 - "Não custa nada"

Ao chegar na sala de jantar o café estava posto, e Sra. Knopfler terminava de preparar as panquecas e o bacon.

Franklin se senta e diz:

- "Bom dia Sra Knopfler. Precisava mesmo falar com a senhora, ontem eu ouvi no rádio uma musica creditada ao seu sobrinho. Ele tem muito talento, era algo mais ou menos assim... "

{ Canto NH 15 vs  10 : Sucesso por 5}

Franklin canta um pequeno trecho da música, não teria como reproduzi-la naquele momento.

- "Oh Franklin, fico muito feliz em saber que meu sobrinho esta conseguindo realizar seu sonho." - ela dá um largo sorriso e completa - "Vocês jovens podem alcançar tudo que quiserem se houver empenho!" 

- "Como sempre a Senhora me brinda com sábias palavras. Sem dúvida o esforço de seu sobrinho vem da dedicação dele, mas não sem estar amparado por um dom musical. Todos nós devemos buscar o melhor que temos e compartilhar isso com o mundo, assim como seu sobrinho esta fazendo"

Senhora Knopfler fica um pouco encabulada, era uma mulher experiente e com muita sabedoria, mas modesta.

Logo seu pai desce as escadas e se senta tomar seu café, usava um terno de lã pesado e uma camisa por baixo, mas não usava gravata. Apesar dos trajes, da barba bem feita e da educação a mesa, seu apetite ainda era voraz como de um caminhoneiro. Ele havia pego uma xícara repleta de café preto, meia dúzia de panquecas com marple, bacon e sour cream, dois ovos, e discretamente, antes que Rose chegasse na cozinha, uma boa colherada de chili apimentado.

Gordon sorri para Franklin e pisca, sua mãe não aprovava este tipo de combinação pela manhã, mas era algo que seu pai adorava.

Em pouco minutos e a única coisa que resta no prato de Gordon são migalhas.

- "Todo bom dia começa com um bom café da manhã Frank. Isso nos deixa dispostos e atentos. Agora pegue suas coisas e vamos, enquanto muitos estão parando por conta do natal a transportadora esta indo a todo o vapor, temos que abastecer o comércio da região"

- "Claro, estou pronto para ir" - responde Franklin com um sorriso

June, ou a imagem dela senta-se calmamente e olha de lado para Franklin. "Sente-se Frank, chega de perguntas e respostas neste momento. Deite-se e durma. Mas antes de ir-me entenda uma coisa: as chaves não são acionadoras e sim controladoras. Nada precisa ser acionado dentro de você, pois só você tem este poder. Elas vão simplesmente lhe trazer mais segurança enquanto não detém o controle sobre seus poderes e receberá cada uma delas no momento mais adequado.


Quanto ao tempo, sim eu o controlo, mas você também pode. De uma forma como qualquer outro ser humano o pode. Esta sua ansiedade exacerbada é o total descontrole do entendimento do tempo, esta sua ansiedade Frank é o excesso de futuro em seus pensamentos. Mas agora repouse."

Frank consegue controlar-se mais facilmente e sente uma grande participação de June neste processo. "Vá para a escola e depois encontre-se comigo na casa do lago e vou sanar todas as suas dúvidas e iniciar o processo de conhecimento de forma organizada e produtiva. Não precisa ir sozinho, Sebastian e Janet também são meus convidados embora eu saiba que...bom...enfim..lhe aguardo lá."

Os olhos pesam, porém não com dor ou aflição. Apenas exaustão...E o silêncio acontece.

"Filho, filho...vamos garoto está na hora de acordar. Seu café está servido, vou mais cedo para a transportadora ajudar Sr. Helmer entender todo o processo da empresa. Vamos...eu te levo."

Frank abre os olhos e sente-se incrivelmente novo. 

"Que bagunça é esta neste quarto Frank? Trate de organizar isto tudo na volta. Vou tomar meu banho."

Franklin se senta, seu corpo treme. Era um misto de frio e adrenalina, ele sentia sua pulsação acelerada e as pupilas dilatadas a boca extremamente seca, seus lábios grudados. Ele olha para June a sua frente, muito provavelmente uma projeção, ele estava em sua mente ou era algo imaterial

- "Eu.... não ... "- Franklin pigarreia e passa a lingua nos lábios - "não fiz em casa. Eu sai"

Mas Franklin olha para o seu quarto. Papéis para todos os lados, objetos caídos, ele se apoiando na lateral da cama, uma pequena poça de baba onde havia desmaiado.

 - "Mas pelo visto isso faz pouco diferença, o onde eu comecei. Por que nada parou, pelo visto essa porta ainda esta escancarada"

Os olhos de Franklin se arregalam por um instante e uma risada surge em seus lábios

- "Mas portas abertas podem ser fechadas! Eu não fiz isso!" - ele dá um tapa na própria testa - "Como não pensei nisso, é tão simples, tão elegante"

Ele se estica para pegar os livros e seu cadernos de anotações, mas seu corpo lhe responde de maneira torpe, seu braço não se estica e seu centro de gravidade muda e com isso Franklin simplesmente cai de lado no chão.

- "Que vergonha... " - ele respira fundo - "Estou agindo como um abobalhado" - um segundo suspiro - "Preciso segurar minha ansiedade e pensar um pouco neste momento"

Então Franklin olha para June sentada a sua frente, com a cabeça levemente torta olhando para Franklin

- "June.... June e o tempo. Oras" - Franklin abre um sorriso encantador e diz, ainda caido como um boneco de pano no chão - "Eu notei que o tempo é um elemento muito importante e notei que você tem um controle deste elemento. Poderia me ajudar June?"

Franklin tenta se sentar, mas o máximo que consegue é melhorar de forma pouco expressiva sua posição

- "Mas não preciso de chave, como fez antes. Me ajude a dar o primeiro passo e me aponte o caminho, eu nunca neguei ajuda de quem tem mais conhecimento que eu" - e pensa - "até por que isso é bem raro" - e volta a dizer - "pois somente assim eu terei condição de agregar conhecimento. E especificamente neste campo, que reluto em aceitar que beira o arcano, sou somente um neófito"

Aquela figura, o detalhe que havia visto no livro e mais um turbilhão de informações passavam pela cabeça de Franklin. O sono de pouca qualidade, agitado e replete de sensações que não permitiam que sua mente descansasse agora lhe fora roubado.

Todas aquelas sensações simultâneas, ele sentia tudo e ao mesmo tempo parecia que lhe faltava ar, lhe faltava tato. Já sem forças, Franklin se senta no chão sem equilibrio se esforçando se apoia na cama e respira de maneira acelerada e quase sem controle, como se o ar não parasse em seus pulmões ou não saísse. Demoram minutos para que Franklin retome o controle.

- "Tempo.... o tempo... ele ... que.... liga tudo isso... "

Franklin engatinha pelo quarto, pega um de seus cadernos deixando cair canetas e lápis pelo chão, segura uma caneta com esforço e começa a fazer anotações e esquemas nos papéis.

- "O tempo, ele permeia tudo. Simplesmente trás em sua história tudo que existiu... " - Franklin rasga a folha, amassa e joga para o lado - "Não!"

Uma nova folha começa a ser rabiscada

- "Isso seria muito obvio, uma noção simplista da física clássica... preciso me desprender"

- "O tempo não é uma linha, ele esta... não. Nós estamos no tempo, o conceito de tempo como linha é inflexível" - Franklin começa a olhar para o lados - "O tempo simplesmente esta, ele simplesmente é. Tudo que ocorreu estava em seu tempo, no tempo. Tudo que ocorre aqui e agora esta neste mesmo tempo."

Franklin coça a cabeça, e volta a riscar a folha. Haviam riscos e linhas, elipses e diagramas de venn sobrepostos, visualmente uma bagunça. Mas na cabeça de Franklin eram pistas

- "O tempo existe independente do tempo e de onde. Ele é uma teia, uma trama que esta tocando tudo. Oque fiz ontem, hoje ou farei amanhã é indiferente quando o tempo não esta presente, pois tudo se acumula em um único ponto centrado em mim, todas as ações se tornar um livro fechado e não um filme."

Os pensamentos de Franklin se tornavam erráticos, era difícil de se concentrar. Ele não notava em seu frenesi mas estava completamente estafado, seu corpo estava dolorido e seus olhos fechavam contra sua vontade, parte das anotações se tornavam riscos ilegíveis

- "Falar com June... logo.... cedo"

Poderia se dizer que Franklin finalmente dormiu, mas seria mentira. Na verdade Franklin havia desmaiado de fadiga e só acordaria na manhã seguinte.



ou não.

Franklin era assolado por aquelas visões e sensações, algo que ele havia sentido somente quando tinha contato com o fogo,  aquele prazer primaveril quase incontrolável, a respiração acelerada e as pupilas dilatadas.

Mas ele havia sentido algo assim no banho, quando havia tocado a água e mais que isso. Foi mais que um simples prazer, foi algo mais profundo, quase como havia sentido na casa do lago. Uma sincronia, uma reverberação de energia, como se ele estivesse em total harmonia com a água.

Mas haviam aquelas criaturas, e ele se lembrava de seus nomes Arizania foi a primeira a se manifestar pelo fogo e agora Andria se manifestava pela água.

- "Estes seres, eles se manifestam pelos elementos e o recado que ambos deram foi o mesmo, que não estou preparado. E isso só me diz que devo estudar mais, devo me preparar."

Mas haviam mais intervenções, June falava com ele mentalmente, falando para tomar cuidado.

- "Devo procurar June amanhã cedo, antes mesmo de ir para escola, tenho certeza que ela não tomará tanto tempo assim. Os recados sempre são relativamente curtos."

E quando tenta dormir uma nova visão, mas agora mais lúgrebe. Uma face circunspecta e impassível o observava, diferente dos demais aquele olhar era vazio e não havia qualquer empatia. Mas aquele visão logo some.

Franklin se senta a beirada da cama, acende seu abajur e anota tudo em seu caderno. Breves descrições para ajuda-lo a se lembrar posteriormente, os detalhes que conseguia lembrar.

E finalmente ele dorme, mas seu sono é leve e agitado e em determinado momento da noite abre os olhos e nota que um estranho o observa



Mas diferente dos anteriores, este não lhe causava estranheza. Era como se houvesse um lago em seu quarto, era inesperado e assustador, mas era somente algo natural fora do lugar. A figura nada diz e simplesmente evanesce no ar, sem deixar qualquer rastro, a própria memória de Franklin o trai e ele lembra de praticamente nada, a única coisa que resta em sua memória é um vulto etéreo e a sensação que havia achado seu destino.

- "Pelo visto eu preciso falar mesmo com a June. Essa história de abrir portas é legal mas acho que tem mais porta aberto do que deveria"

Franklin entende que suas escolhas o levaram a um caminho extremamente complexo. Finalmente e mesmo apesar de sempre ser um curioso, nota que alcançar a plenitude cognitiva exigiria muito mais dele. E isto o agrada, lhe trás prazer. Chega em casa e enquanto seus pais assistem ao telejornal sobe para seu quarto e volta aos livros. Senta-se e sente que seu corpo precisa de um certo descanso e vai ao banheiro que fica em seu quarto para um banho. Retira sua roupa e olha-se no espelho. Seu sorriso é aberto e orgulhoso. - Sim, eu tenho feito o meu melhor e isto não parará por aqui. Tenho muito ainda a oferecer para todos e TODOS ELES virão até mim como agradecimento. Franklin não fecha a porta do banheiro e agora somente com as roupas de baixo coloca uma música para que seu banho fosse mais prazeroso. 

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#1 'Dados' : 2, 6, 1

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#2 'Dados' : 2, 4, 4

A voz de June em sua mente faz Franklin se deter. Ele começa a se acostumar com estas intervenções, hora por June, hora por Janet. Mas o recado dado, após a conversa do dia anterior, havia sido entendido.

Após passar toda a manhã na biblioteca, havia passado um pouco do horário do almoço, mas não havia tempo para isso naquele momento. Franklin pega um pouco do que a Sra. Knopfler havia feito, carne assada, alguns pães e legumes e coloca em pote, pega os livros, seu caderno de anotação e coloca tudo em sua mochila e sai de casa.

- "Se pode haver algum risco, com certeza não farei qualquer coisa em casa. Preciso de um local calma e seguro, para mim e para qualquer outra pessoa" - então Franklin se recorda de um local, um local deveras apropriado. - "A casa do lago. O local é abandonado e tem tudo que preciso. E esta relativamente perto, devo chegar lá em menos de meia hora."

Franklin pega sua bicicleta e vai em direção ao lago e a casa abandonada, aquele local bizarro que por algum motivo desconhecido agradava a Janet.

- "Ainda não entendi como a Janet pode achar aquele local agradável. É um casebre caindo aos pedaços, fedendo a mofo. Isso realmente não dá para entender. Se ao menos tivesse uma arquitetura interessante, mas nem isso."

Após algum tempo Franklin avista o local, ainda era cedo. Eram passados pouco minutos das duas da tarde e ele poderia passar algum tempo ali estudando os livros e em especial aquele pergaminho.



Ao chegar Franklin encosta sua bicicleta e se lembra da última vez que estivera ali, faziam poucos dias, mas parecia muito mais.

"Albert apareceu por aqui. Sebastian os levou para algum lugar e nem disso onde, mas June apareceu depois. E fez Janet surtar... ela disse algo como esta mocinha de boa família e cheia de amor também possui ódios, rancores e violência. Uma afirmativa muito estranha na época, mas bem menos agora."

"Mas não é hora de pensar nisso, preciso entender estes detalhes, este pergaminho e o conteúdo destes livros."

A primeira coisa que Franklin faz é uma fogueira, próxima a beirada do lago.



 - "Pronto. Agora eu tenho o fogo, água, terra e ar. todos os elementos reunidos. Agora vou estudar."

Franklin para algumas horas lendo todo o conteúdo dos livros, anotando e repassando tudo. Sempre com o pergaminho aberto ao seu lado. O tempo parecia passar de forma diferenciada, mais lento. Páginas e páginas eram escritas, desenhos feitos e folhas começam a ser espalhadas no chão com pequenas pedras para que não voem com o vento.

- "É muita informação, e não é lógica, tudo é baseado em uma intuição ou algo assim, apesar dos conceitos estruturados não é uma receita ou uma fórmula fixa. O fogo tem várias interpretações"

Sem nem mesmo perceber, Franklin move os dedos enquanto observa o símbolos presentes no pergaminho, desenhando no ar para fixar a imagem em sua mente, enquanto pensa nas palavras que havia conseguido estruturar com base nos símbolos presentes ali.

- "aperto ostio ignem"

Um lampejo desconcentra Franklin, a fogueira havia aumentado em quase meio metro e se tomado um tom escarlate intenso, mas já voltava ao normal.
Ele se levanta, olha para a fogueira e repete o mesmo gesto, formando um triangulo no ar e falando em voz alta e firme

- "APERTO OSTIO IGNEM"

As chamas da fogueira tomam um tom escarlate intenso, não natural e alcançam quase três metros de altura e uma figura parece se formar em meio as chamas, algo alto e esguio.

Então surge o busto de uma mulher, muito atraente, mas no lugar de pernas havia uma longa cauda de serpente, seus braços eram cobertos de escamas e seus cabelos eram chamas que moviam ao vento.



Ela olha para Franklin, ainda de dentro da fogueira e diz:

- "Demoraste jovem sahir, os reinos aguardam teu chamado a tempos. Em especial eu que sinto tua presença a muitas luas e sóis. Regozijamo-nos então, pois achaste teu caminho e com isso, nós o nosso."

Franklin estava boquiaberto, um triangulo formado por linhas vermelhas pairava no ar onde ele havia desenhado com o dedo, aquela mulher ou criatura a sua frente não falava sua linguá, eram sequencias de sibilares e estalos, mas ele entendia perfeitamente

{ Teste de QI 15 vs 7 : Sucesso por 8 }

- "Oq .... Quem é você?"

A criatura sorri e diz:

- "Não sabes? Então vejo que estais sem um syd, e ainda assim conseguiste abrir uma passagem para o meu plano. Me impressionas jovem sahir."

- "Eu sou Al'umu Arizania, e fui designada dentro do meu domínio para te observar. Assim como outros o foram de outros domínios. Mas sempre soubemos qual era sua jawhar, sim... sempre soubemos."

- "Permita-me jovem sahir, deixe-me ser sua syd por um único instante. E vislumbre" 

Franklin estava paralisado, sua vontade era correr, mas suas pernas não lhe obedeciam. A criatura, a Al'umu Arizania.... a Matriarca Arizania, se aproxima dele e segura gentilmente sua mão e a move formando símbolos no ar, olhando em seu olhos diz:

- "Repita comigo sahir, repita... Ego clavis"
- "Ego clavis"
- "ut ignem"
- "ut ignem"

O corpo de Franklin tem uma espasmo e sua mente parece tocar um braseiro, ele sorri de excitação. Ele finalmente sente as chamas queimando dentro de si, sua pele brilhava como brasa viva, repleta de sinais arcanos, parecia que nunca havia se sentido tão vivo quanto naquele momento.

Arizania olha para Franklin e diz:

- "Sinta jovem sahir, esta é a energia do meu plano correndo por você. Abra as demais portas e sentira cada uma delas. Mas lhe aviso, tua ligação mais intima é com meu plano e é por isso que conseguiste me chamar, és um estranho para os demais e por isso cada experiência será única. Agora és tanto tu quanto a energia elemental que canalizas, para outras deverá deixar a energia correr para manter teu controle na essência."

Ela olha para Franklin, e com uma movimento das mãos que mais parecia uma bela dança diz:

- "Aprendeste o necessário por hoje jovem sahir, mas deves agir com cautela, todos nós somos o caos que falta em tua existência."

Assim que Arizania termina de falar o bailar de suas mãos também cessa e Franklin sente a ligação com a energia esvaecer e ele retorna ao normal

{ Teste de HT 14 vs 10 : Sucesso por 4 }

Ele sorri, fica de joelhos e depois cai com a cara no chão, sua última visão é Arizania retornando para dentro das chamas da fogueira e ao longe, a silhueta da cidade de bronze que havia visto antes e depois disto, somente escuridão.

Quando abre os olhos, Franklin nota que o sol já estava pouco acima da copa das árvores, a fogueira completamente consumida e sua pele ainda quente. 



- "O que foi isso... meu Deus. Eu realmente vi uma criatura de outro mundo, eu entendia tudo que ela falava."

Franklin estava em frenesi e começa a recolher as anotações, colocando tudo dentro de seu caderno, recolhe o restante dos livros e o pergaminho, pega seu pote vazio de comida coloca tudo na mochila. Pega sua bicicleta e retorna para sua casa.

- "Isso tudo é tão fora do esperado, completamente fora do esperado. Desafia a lógica e qualquer padrão, é como tentar impedir um rojão, é impossível. Devo deixar essa... ligação acontecer, não posso tentar racionalizar desta maneira, devo agir por instinto e direcionar. Sim, devo fazer isso"

Franklin chega em casa ainda com o sol no horizonte, isso era bom. Ele entra em silêncio, aproveitando que seus pais estão na sala de estar vendo o telejornal e se dirige a biblioteca da casa, seguiria com seus estudos e anotações, mas agora com o devido cuidado.

Franklin cai de sua bicicleta e sentado fica sobre a neve. Tudo ainda estava muito desconexo. Suas mãos quentes derretem a neve e pode sentir o solo. Sente seu cheiro. Nunca percebera antes aquela sensação, mas algo o conectava com a raiz mãe, a Terra. De forma muito natural Frank percebe que ele fazia parte de tudo aquilo. Não era apenas um observador. Não...ele sente a conexão. 

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'Dados' : 4, 2, 2

A noite de sono de Franklin havia sido muito ruim, um sono agitado e repleto de sonhos, vozes o chamavam mas o som do crepitar de chamas sempre as abafavam, com exceção de uma, uma voz com silabas longas e abertas, falava lentamente
 
- “Abraaa tooo daaass aass pooor taaaaaaas”
 
Já era segunda feira, após levantar Franklin se olha no espelho. Ele tinha olheiras, e enquanto escova os dentes percebe que ainda tinha fuligem impregnada na boca e cospe a espuma da pasta de dentes com manchas negras.
 
Ele desce, toma seu café da manhã em silêncio. A experiência do dia anterior ainda o atormentava, ele havia racionalizado aquele seu dom e já tentava entende-lo. Mas aquelas visões e as vozes o atormentaram durante o sono e aquilo não fazia sentido.


 
Naquela manhã Franklin estava fazendo tudo no automático, após tomar seu café ele pega sua bicicleta e vai em direção a escola. Então sua mente tem um estalo
 
- “Ifgar udnet traslik y lidrenik”
 


Franklin perde e o controle e quase cai da bicicleta, se vê obrigado a parar e respirar fundo, ele se sente na neve para se recobrar daquela intervenção, aquele pensamento não era seu.
 
- “Janet? Não. Foi diferente, não era uma voz. Era algo completamente diferente” – as palavras era estranhas, quase alienígenas, mas eram como os títulos dos discos franceses de sua mãe, de alguma forma Franklin entendia o conceito – “As portas não são reais”
 
Naquele momento Franklin havia desperto, sua mente voltava a fervilhar e ir à escola já não vazia sentido.
 
- “Esta semana não trará qualquer novidade, estamos a poucos dias do final do semestre. Eu preciso entender isto”


 
Dando meia volta com sua bicicleta, Franklin vai em direção ao local onde era seu templo, a biblioteca. Ao chegar passa alguns minutos conversando com a Srta. Palmer, que elogia o baile de sábado, para depois caminhar entre os corredores que conhecia tão bem, até chegar em um deles que nunca havia dado importância “Misticismo e Esoterismo”, Franklin passa a mão pelo rosto sem acreditar nas escolhas que estava fazendo.
 
- “Não acredito que estou fazendo isso,  eu nunca imaginaria que fosse fazer uma pesquisa aqui. Mas devo deixar o obvio de lado, pelo menos me esforçar para isso.”
 
{ Pesquisa NH 14 vs 8 : Sucesso por 6 }
 
Após quase uma hora de pesquisa Franklin consegue encontrar dois livros que podem lhe ajudar.
“Paracelsi - Opera Imnia” e “Signos Arcanos Elementais”


 
- “Paracelso foi um químico, inclusive nomeou o elemento zinco. Pela primeira vez estou achando que toda esta aura mística que ele carregava vai me ajudar, nem acredito que estou considerando isso”
 
Por horas Franklin lê atentamente os livros, primeiro de forma mais rápido colocando pequenos marcadores nas partes que mais lhe chamam a atenção, depois retornando e relendo com atenção cada uma destas partes e anotando em seu caderno os pontos mais relevantes.


 
Em determinado por da leitura ele encontra indicações de símbolos arcanos, eles não batiam com o símbolo que tinha anotado. Mas olhando com mais atenção ele nota que alguns símbolos coincidem. Franklin começa a anotar freneticamente, havia finalmente uma pista.
 
- “Estes símbolos coincidem, este e este” – Franklin passa as páginas, indo de anotação para anotação – “Este significa fogo” – virando mais páginas – “este é o símbolo de portal e este outro de proteção”


 
- “Aqui tem estes símbolos, signos elementais” – Franklin começa a anota-los – “Interessante, apesar das diferentes fontes cada os símbolos tem os mesmo padrões”
 
Franklin desenha detalhadamente cada um deles em seu caderno e como sempre faz com suas anotações, começa a repassar mentalmente cada um dos detalhes para que não se esqueça, e que não precise de seu caderno de fato.
 
Mas quando ele repassa mentalmente cada detalhe do primeiro símbolo, movimentando instintivamente seu dedo para usar a sinestesia ao favor, ele sente um formigamento na mão e um estampido no ouvido, como se houvesse uma mudança de pressão e uma voz “ssssiiiiimmmmmm”
 
E sua visão se altera, por um breve instante. Mas neste instante Franklin vê outro mundo, diferente do dia anterior e somente por uma fração de segundo.



Um novo estampido e uma nova visão, eles olhavam para Franklin e diziam:

-"Simmm" - "Simmm" - "Simmm" - "Simmm"
 


Quando volta a si, nota que em frente a sua mão uma imagem no ar, desenhada com riscos de energia brancas desaparecia no ar.
 
- “A chave é uma metáfora e a porta não é física.” – e olhando para as próprias mãos – “As chaves estão comigo, preciso estudar estes símbolos. Todo o signo é um atalho, devo deixar o conhecimento cientifico de lado neste momento a experimentação será fundamental”
 
Franklin pega os dois livros, e mais alguns sobre simbologia esotérica, arcanos do tarô e signos astrológicos. Tudo que ele nunca imaginou que leria. E retorna para sua casa, seu dia seria de leitura e experimentação, ele iniciava uma trilha por áreas do conhecimento que nunca havia imaginado.

A mistura de sensações era única. As tonalidades, aromas, toques e fragrâncias misturam-se e Frank não consegue controlar-se e cai. A visão era incrível, os vermelhos, azuis e marrões tomam conta de sua visão. O doce, o salgado, o azedo e amargo tomam conta de seu paladar. Tudo estava em união. Ele sentia o todo. Abre os olhos e já não está mais em sua casa. O calor toma conta de seu ser e o local que visita não era um lugar qualquer. Gárgulas o olham de cima dos prédios que cuspiam fogo. Eles o chamam...eles o querem. "Não somos os únicos a lhe desejar mestre. Não somos os únicos."

Franklin chega em sua casa ainda com o sol visível, como havia combinado, em dias de tantas reviravoltas ter o mínimo de compromisso era importante.
 
- “Oi pai, mãe... cheguei.”
 
Seu pai olha para Franklin e diz:


 
- “Está tudo bem filho? O dia foi muito agitado, quer tomar um chá conosco?”
 
- “Sim, bem agitado. Mas estou bem, saber que a Janet já está em casa e sendo acompanhada por uma enfermeira me deixa mais tranquilo.” – Franklin faz uma pausa e completa – “Obrigado, mas eu acabei de tomar um chocolate quente com uma amiga”
 
- “Amiga? Aquela que você estava dançando no baile de ontem?” – e Rose diz logo em seguida – “Ou aquele mocinha que você correu para conversar antes do baile”
 
Franklin fica enrubescido no mesmo instante
 
-“Ahamm, a June... a minha amiga da escola... a que eu conversei antes do baile”
 
Rose balança a cabeça positivamente e diz
 
- “Uma bela jovem, mais condizente com a sua idade mocinho”
 
A conversa ia para um lado que Franklin não tinha a menor intensão de compartilhar com seus pais
 
- “Então... vou até o jardim dos fundos, tem neve sobre a cerca viva. Preciso tirar antes que o peso quebre alguma árvore.” – Franklin sai sem esperar a resposta de seus pais.
 
- “Não é o tipo de assunto que quero falar com a minha mãe, prefiro falar que crio chamas pelas minhas mãos do que falar sobre o final do baile”
 
Franklin começa a recordar de suas instantes com Sara dentro do carro e seu corpo responde quase que instantemente, aquela sensação foi ótima e Franklin pensa em como conseguir novamente. Ele olha ao redor, os fundos de sua casa eram bem protegidos, pela casa e pela cerca viva. Franklin se oculta atrás da garagem, abaixa sua calça e se toca, imaginando seus instantes com Sara até chegar ao clímax.


 
Ele se encosta na parede, era uma sensação ótima.
 
- “Ahmmm.. “ – Franklin sorri – “Preciso conseguir o telefone de Sara, ela não é aqui da cidade, mas tenho certeza que pela escola eu consigo a faculdade que ela foi”
 
Franklin vai ao fundo do terreno e começa a derreter a neve da cerca, somente aumentando a temperatura, fazendo com que derreta
 
- “Eu sinto o calor fluir como ondas, consigo direcionar mas sinto um limite” – Franklin nota que seu corpo era o centro de emanação de calor, mas haviam limites
 
Buscando um local ainda mais reservado Franklin passa por baixo da cerca viva, e resolve testar a chave que carrega. Mas suas tentativas de criar uma lufada de ar são em vão, nada parecia funcionar. Era como se ele não tivesse acesso. 

Mas ele insiste, e seus esforços vão até o limite até que em um momento em que tentava soprar para criar vento é acometido por uma crise de tosse e fuligem começa a sair de sua garganta. Seu hálito estava extremamente quente, cada vez mais fuligem e fumaça saia de sua boca, numa quantidade que não caberia dentro dele.



 
Então seu corpo inteiro sente um baque, como se tivesse caído no chão, Franklin olha para os lados, agora estava em um local completamente diferente. Ajoelhado em um chão negro, quente ao toque, o som de crepitar e vapor era ouvido por todos os lados. Ao longe uma cidadela que reluzia metálica, inteira de bronze, dela dutos despejavam lava e metal derretido, pequenas criaturas voavam ao redor de torres.


 
Um novo baque e Franklin está de volta a sua casa, toda sua roupa soltava fumaça a palma de sua mão estava negra, seus olhos lacrimejavam como se estivesse com a cabeça dentro de um defumador.
 
Ele se levanta com dificuldade e nota que agora havia um símbolo no chão, no exato local onde estava, queimado no chão.


 
- “Mas que merda é essa? Onde eu estava, o que era aquilo?” – Franklin olha atentamente o símbolo, retira seu caderno do bolso e faz uma cópia.
 
Quando Franklin retorna para casa, nota que estava extremamente cansado, chegando a quase cair uma vez. Ele sobe direto para seu quarto, toma um banho com dificuldade, quase caindo por mais duas vezes e vai para cama e tem um sono agitado sua mente parecia um turbilhão, mas ele não tem forças para abrir os olhos, mas em sua mente surgem marcas, símbolos e formas.

Respostas, finalmente Franklin estava tendo acesso a respostas e informações. Finalmente estava tratando-o com o respeito que deveriam.
Havia um grupo, pessoas que tinham mais conhecimento que ele sobre aquele tema, que poderiam abrir todo o potencial de Franklin

- "SOULS... eles são organizados. Infelizmente Sebastian e Janet são despreparados, estão negando ou pensando muito pequeno."

Christine continua falando, usando June como condutor, explicando onde estão as outras respostas e que Franklin poderia ser levado a ter todas estas respostas.

- "Ela não respondeu exatamente aquilo que perguntei, mas pelo menos esta sendo clara. O conhecimento vem da experimentação, de se arriscar, de quebrar os paradigmas existentes"



Franklin toca a mão de Christine e diz:

- "Só precisa de um sim meu? Você já tem." - Franklin olha diretamente para Christine e completa - "Mas eu sei que deverá me levar até os demais no momento certo, minha vontade seria ir agora, mas eu sei que não é possível, não sem Janet e .... Sebastian estarem prontos"

E então Christine fala sobre os elementos e suas possibilidades, e isso era incrível, mas ainda um mistério para Franklin e antes mesmo que ele pudesse falar qualquer coisa, os olhos de June mudam de tom e Franklin percebe que June havia voltado.

- "Christine disse em ajudar a irmã de June. Essa é a Janet, elas são realmente irmãs!"

 - "June" - Franklin segura suas mãos, e sente que estão suadas e levemente tremulas - "Janet é sua irmã, certo? Ela achou uma foto de vocês, eu não sei o quanto isso a afetou, mas ela já desconfia. Eu acho que podemos... "

Mas June o interrompe e diz:

- "Franklin, eu sei que quer ajudar. Mas este processo é muito cansativo para mim, eu preciso descansar, preciso muito. Eu te procuro amanhã na escola, se eu já souber o que fazer e se você puder me ajudar. Mas você já me ajuda muito estando perto da Janet, ela é um pilar mas vocês são a base para este pilar"

June se levanta e deixa o local, andando vagarosamente e visivelmente cansada.

- "Nós? nós quem? Eu e Sebastian? Aquele ignóbil? Só me faltava essa, estar ligado aquele delinquente por conta deste dom."

Já era o final do dia, o sol já descia em direção ao horizonte, e Franklin precisava retornar para sua casa.

Frank e June sentam-se. Frank olha ao seu redor e vê tudo e todos imóveis ao seu redor e olha novamente seus olhares para June. - Meu Deus ela é linda. Seus negros olhos o observam com calma, mas o fazem ter um grande respeito por aquela pequena garota a sua frente. June pega sua caneca e lentamente toma um gole do chocolate e diz a ele com muita lentidão em sua voz. Frank percebe que não era ela novamente. Não a June.

"June" coloca suas mãos ao ar e estala os dedos e a Jukebox começa a tocar novamente. Instantaneamente Frank sente a chave pendurada em seu pescoço a esquentar. Ele fecha fecha seus olhos em prazer e aquele olhar vindo de June intensifica-se. Ela estende sua mão, alcança a de Frank e diz: "Prazer em conhecê-lo garoto Franklin. Meu nome é Christine e June sim, esta aqui, apenas neste momento dormente. Creio que com tanta curiosidade queira ver-me...pois bem, o permitirei."

O aceite ao seu convite é um alivio para Franklin, ele não tinha certeza que conversaria com June. Sempre havia a chance de algo bizarro acontecer e ela sumir.

Durante o caminho Franklin apenas ouve, ao entrarem no Franpton's, Franklin já pede dois chocolates quentes com marshmallows e vai para a última mesa.

Ao se sentarem ele prontamente responde aquela garota a sua frente, que era June até instante atrás.


- "Quase tudo certo, mas você incorreu em um erro. Achar que eu quero respostas simples, não quero nem nunca fiz questão de respostas simples, eu quero o caminho e com isso eu mesmo pesquiso e busco as respostas" - Franklin para por um instante e olha nos olhos negros de June - "Eu poderia seguir minha vida e ficar esperando, inerte e passivo, pelo momento onde você me procuraria mas isso não faz meu estilo"



Franklin para por um instante para que a atendente posso deixar os copos na mesa, e somente depois disto ele segue

- "Eu tenho um monte de perguntas, mas te bombardear com elas seria improdutivo. Então vamos ao que realmente interessa."

- "Eu acho que foi você, mas não tenho certeza pois não se apresentou para mim ainda. Mas me disse que em breve eu teria ao meu alcance a escola que eu sempre quis e que em breve eu poderia aprender a controlar este dom. A pergunta é simples. Quando? E com quem será este aprendizado?"

Franklin faz uma pausa e vai para segunda pergunta

- "Janet já teve, só na minha presença, três surtos e um quarto que você diz que evitou acontecer. O primeiro no parque colocando a mim e Sebastian em provável risco, e o último no almoço a colocou em risco. E neste meio do caminho vi duas pessoas convulsionarem e não terminando bem. O quanto Janet tem controle sobre o dom dela? Ela esta correndo risco"

Franklin segura o copo e aos poucos a bebida começa a fumegar e o marshmallow se derrete. Ele sorri, toma um gole e diz

- "Por último, para não abusar da sua boa vontade. Alguém falou comigo no hospital, creio que não era você, e disse que contaria comigo para algo." - Franklin toca com o indicador em seu peito, onde se encontra a chave - "E me deu isto aqui"

Franklin toma mais um gole

- "Não tenho interesse em saber no que contam comigo ou quando. Se for o correto a ser feito, eu irei ajudar na hora certa."

- "Mas também me disse que as respostas estava dentro de mim, que só iriam desperta-la. Então pensei no efeito que consegui fazer usando a chave e me questionei até onde isso vem da chave e o quanto vem somente de mim. O quanto eu estou ligado a este elemento?" - a ponta do indicador de Franklin se inflama - "Minha atração pelas chamas são um reflexo deste dom ou ele despertou por conta desta minha predileção, colocando outros elementos, como o ar, dormentes? O quanto eu posso expandir meu potencial? O quanto estas quatro chaves estão dentro de mim?"



Franklin se arruma na cadeira e com um sorriso diz:

- "Veja, são perguntas simples e se você ou vocês... realmente querem nos ajudar, pode me colocar em uma situação onde eu talvez possa ajudar vocês."

Frank finalmente consegue encontrar-se com June. Invariavelmente andando pelas calçadas de Yorktown com sua sempre cabeça baixa e chutando pedrinhas. O encontro com aquela senhora na casa de June não o deixou nada confortável, mas esta não era uma prioridade no momento. Não, de forma alguma. Os olhos de June são de um intenso azeviche.

No caminho de volta para casa, Franklin fica imaginando como seria sua segunda feira. Ele tinha o sucesso da festa, seu beijo com Sara, mas agora também tinha esta situação entre June e Janet. Elas seriam irmãs? Qual a real relação entre elas. E por que June dizia com tanta veemência que iria salvar Janet mesmo que se perde-se com isso.

E ela contava com Franklin e não com Sebastian. Ele era obtuso e não entendia coisa alguma que estava acontecendo, mas aparentava ser leal a Janet.

- "Tudo isso é muito confuso, existe muita coisa oculta. Não posso ficar simplesmente esperando June."

Franklin chega em casa e diz:

- "Pai, vou andar um pouco. Tudo isso me deixou ansioso e preciso tomar um ar, mas eu volto antes de escurecer."

Franklin pega sua bicicleta e vai em direção a casa de June, ele não poderia aguardar indefinidamente por respostas. Ainda mais depois de ver o jornal e notar que havia errado gravemente em algumas conclusões, o Richard que não havia morrido era o jovem que havia tido um problema no baile. Ele estava no hospital, no mesmo hospital de Janet.

Apos menos de um quarteirão pedalando Franklin já sente seu corpo aquecer, ele se concentra e controla sua temperatura. Ele sorri de leve, começa a ter o controle sobre seu dom.

A primeira parada é a casa de June.



Ao para na frente da casa, Franklin nota uma casa mau cuidada,  com uma aparência de velha e sem manutenção, folhas enchendo a frente da casa, o resto de neve já se misturava com a lama.

Franklin bate na porta e é recebido por uma senhora, e pela idade não fazia sentido ser mãe de June. Mas Franklin não questiona a respeito disto.



- "Boa tarde senhora, gostaria de falar com a June, por acaso ela esta?"

- "June? Não, essa nunca tá em casa, nunca tá aqui. Parece que só vem pra come." - a velha começa a olhar para Franklin medindo-o e isso incomoda Franklin

- "Ah.. certo, muito obrigado" - Franklin sai rapidamente do quintal

Ele volta a parar na esquina do quarteirão

- "Vejo June com frequência passando em frente de casa, sei que ela vigia a Janet e muito provavelmente deve passar na casa do Sebastian" - Franklin triangula mentalmente o caminho e vai em direção ao parque, sabia que de lá teria visão clara de três ruas onde provavelmente ela passaria.

Franklin encosta sua bicicleta em uma árvore, em um local mais isolado e fica observando as ruas. Neste meio tempo ele testa aumentar sua temperatura até ver a neve ao seu redor começar derreter. Depois se concentra e gera uma esfera de chamas em sua mão e arremessa no chão, toda a neve derrete mas parecia não haver impacto. 

Franklin faz isso mais algumas vezes, até que alguns galhos começam a crepitar em chamas. Ele se concentra e as chamas começam a reduzir, era como se voltassem para dentro dele. Franklin sorri, ele sentia prazer naquele momento, sentir as chamas crepitando entre seus dedos.

Até que ele enxerga June, vindo pela calçada do outro lado do parque, como sempre chutando pedrinhas. Pelo caminho que ela vinha tudo indicava que ela havia passado pela sua casa e agora retornava ao subúrbio.



Franklin caminha rapidamente em direção a ela e diz:

- "June! June! Preciso muito falar com você!"

June olha para Franklin, seu olhar era misterioso pois havia um misto de surpresa e convicção.

- "Eu esperava te encontrar Franklin, mas não aqui... nem agora. Eu lhe disse quando precisar de... " - Franklin estenda a mão em direção a June em um sinal claro de pare, interrompendo suas palavras.

- "Eu entendi tudo isso, que você vai me procurar quando precisar de mim. Mas eu não sou um ajudante para ficar aguardando o seu tempo."

- "Eu vi duas pessoas morrerem em dois dias, ambos eram alunos quase da minha idade, os dois com convulsões. June, o quanto você esta envolvida nisso? Nem vou perguntar a respeito da gangue por isso eu já sei inclusive quanto aos motivos."

- "Mas Francis e Richard? Qual risco eles eram para Janet? O quão sensível ela esta para qualquer abordagem deles coloca-la em risco?"

Franklin suspira e completa

- "Considerando que você tem algo a ver com isso. Talvez o fato que mais me incomode seja achar que isso não é o que esta ocorrendo, que o mais óbvio, que é você agindo, não seja o fato. Tenho que fazer um exercício constante de negar a navalha de occam"

- "Estou tendo que negar o obvio e o provável para navegar pelo acaso e pelo improvável. E neste caso, gostaria de ter essa conversa, bem sincera com você sobre o que você sabe e o que eu sei. Inclusive sobre isso... " - E Franklin aponta para a parte do parque onde mais de trinta metros quadrados estão completamente livres de neve e gelo.

- "Vamos tomar um chocolate quente no Franpton's June, pode ser? Assim falamos com calma e com você tomando algo quente"

Franklin recebe a chave e então sente a leveza do ar, mas logo deixa as flamas se acumularem e consegue gerar uma lufada de chamas veloz e poderosa.

As palavras de June são ouvidas com atenção

- "Escolhas não são necessariamente obrigatórias, ou pelo menos não devem ser aceitas sem questionar." - Algumas coisas passam pela cabeça de Franklin, principalmente a dualidade entre Janet e June, como se estar com uma impedisse de estar com a outra - "Eu poderia ter as outras chaves? Qual o efeito dos demais elementos sobre as minhas chamas... "

Então um outro detalhe das palavras de June chamam a atenção de Franklin

- "As respostas estão dentro de mim. Respostas para quais perguntas? E esta capacidade de usar o ar estaria nesta chave ou também esta em mim? Dualidade... chamas e cura, agora chamas e ar."

Ao ouvir June falar sobre sua missão de ajudar Janet, novamente a preocupação de Franklin com a mente de Janet vem a tona.

- "Conte comigo June, talvez ela realmente precise de ajuda mais breve do que podemos imaginar"