Prólogo Therai

A saída de Luskan, a cidade das velas, era enfim necessária. Therai sentia a diferença, sentia o fim daquela sensação de aprisionamento "interno", precisava sair, mas era preso por sentimentos que não conseguia explicar.

Muito diferente de Luskan, Oakhurst trazia, com suas cores mais verdejantes, e o brilho do riacho próximo, uma "ar" de  maior receptividade, diferente de Luskan que lhe trazia sempre a sensação de "sobreviva".

Ao ser atendido por simpático barman, Therai, na postura mais educada que sua pífia educação poderia ocasionar ao momento, lhe responde.


- Bom dia senhor. Meu nome é Therai! vim de longe, da cidade das Velas, Luskan! e como a viagem foi longa, gostaria de um pão, queijo e talvez algo liquido para acompanhar. Mas antes, se não incomodá-lo, tenho um assunto a tratar com a prefeita Kerowyn Hucrele, mas observei que as portas da prefeitura estão fechadas, onde poderia encontrá-la?

Após cerca de cinco dias de viagem ambos passam ao lado da Nerverwinter Forest e saem da estrada, pegando uma pequena estrada secundária que segue ao Sul e então, dias depois passando por algumas grandes plantações avistam a cidade de Oakhurst.











Responder em:
INICIO DA JORNADA

Therai deixa o salão principal sob o olhar surpreso de todos os seus amigos de labuta, os garotos nada diziam mas pelo olhar era obvio a descrença de que alguém deixaria a segurando do teto do templo e sairia pelo mundo, ainda mais para se envolver em algo potencialmente perigoso.
 
Ao entrar no quarto que dividia com outros cinco garotos observa seu colchão no chão e seus pertences em uma pequena caixa de madeira ao lado. Seus olhos observam aquele local e ele se lembra quando foi acolhido, mesmo sendo somente um bando de garotos sob os olhos do velho clérigo de Tymora, ainda assim era um local onde todos se respeitavam. Mas era hora de dar um passo, talvez o primeiro de muitos passos.
 
Ajoelhado ao lado de sua cama Therai começa a arrumar sua mochila com seus pertences, seus kits de gazuas e alicates, suas roupas, corda, pítons e pederneira. Ele limpa suas armas, simples mas eficazes.
 
Após arrumar todos seus pertences Therai se despede de todos, e vai até a praça a frente do templo e se deixa ao lado da árvore seca, o mesmo local que tantas vezes ficou parado sem saber o que fazer de sua vida. Mas desta vez era diferente e com um sorriso adormece.
 
Therai acorda horas de depois, curiosamente ainda tinha a sensação da relva em seu corpo e o aroma de flores ainda resiste em suas narinas. Ele se levanta e retorna ao templo, ainda que houvessem algumas horas até o combinado, o gnomo já se encontrava próximo a porta, com a ave mecânica voando ao redor dele.
 
Ao notar a aproximação de Therai e o cumprimenta e diz
 
- “Não se preocupe, só estou aqui pois não tenho outro lugar para ficar na cidade. Já terminamos a pernoite na pensão e Raymond partiu para Port Llasrt. Devo ficar por aqui até que esteja pronto. ”
 
A pequena ave mecânica voa próxima a Therai e ele nota que é quase um animal real, se não fosse o fato ser um artefato e em seus olhos pequenas runas ocupam o lugar das pupilas.


 
Depois disto ele retorna ao ombro de Finder e começa a cantar e a abrir e fechas as asas.

Therai ouve o pequeno Gnomo e o responde;

- Dessa forma, eu os encontro amanha nesse local, logo cedo, e podemos partir. 

Therai estava bem pensativo, o tempo seria suficiente para pensar e arrumar suas coisas sem se atropelar, embora não tivesse muito além de suas próprias roupas, mas era um tempo que podia usar para se despedir de seus companheiros.

Ao ouvir a pergunta o jovem Raymond responde

- "A vila é pequena, nossa guarda é formada por alguns poucos homens. Nossa prefeita Kerowyn pediu para buscarmos ajuda fora e por isso eu vim para cá,  mas pelo visto deveria ter ido direto para Neverwinter"

Mas ao ouvir a resposta positiva de Therai ele sorri e diz

- "Ah, temos alguém com com sede de aventura." - Raymond se vira para Finder e completa - "Quando este cara resgatou a todos naquele porão, eu sabia que tinha alguém nesta cidade que atenderia o chamado da cidade"

Therai sorri ao ouvir aquilo, mas tem quase certeza que se seu encontro com Lurue não tivesse ocorrido ele provavelmente não teria aceitado.

Os outros jovens que conviviam com Therai ficam espantados com sua resposta. Texugo fica boquiaberto, mas não diz coisa alguma, afinal não haviam argumentos que fossem coerentes para manter alguém naquela vida.

O gnomo se aproxima de Therai enquanto que a pequena ave voa de um ombro para o outro e cantando uma melodia com sons metálicos.

- "Therai, certo? Sua presença será muito bem vinda." - arruma seu cinto de ferramentas e prossegue - "O jovem Raymond ainda irá seguir para o sul, provavelmente conseguirá mais ajuda em Port Llast. Mas eu lhe acompanho até as cercanias de Oakhurst."

- "Imagino que irá precisar de algum tempo para arrumar suas coisas, podemos marcar um local para nos encontrarmos ou podemos voltar aqui amanhã, ou depois de precisar de mais tempo"

Therai fica um tempo observando a todos e pensando naquilo que o jovem lhe confidenciou.


- Desculpa a pergunta de certa forma "imbecil" mas Pergunto...e as autoridades locais? pediram ajuda? vocês pagam seus impostos! devem merecer um retorno de seu "senhor"...

Therai sabia muita bem que se as autoridades tivessem sido informadas, muito provavelmente não fizeram nada, por isso o jovem havia saído da vial para buscar ajuda externa. Aquilo fez pensar no seu encontro com Lurue...oportunidades...aquela pequena vila com problemas podia ser o estopim de algo muito maior...

Therai antes mesmo de aguardar a resposta do jovem, ele coloca sua mão em seu maxilar, e olha para o Gnomo.

- Senhor Finder, obrigado pela oportunidade de me expressar. Muitos não poderão entender os motivos da minha resposta e decisão, e acredito que nem eu tenha mesmo uma resposta...mas eu quero poder acompanhá-los nessa empreitada e ver se sou útil a auxiliar sua vila jovem. Contem comigo...

Aquela decisão trouxe um certo desconforto vindo de dentro do abdômen de Therai. Pessoas estavam sumindo adentrando essa "tal" floresta nas cercanias da vila, o que ele poderia fazer para ajudar? mesmo assim, ele sabia que não tinha a resposta naquele momento, nem outros nem para si mesmo, mas o encontro com Lurue havia lhe impulsionado e algo dizia que aquelo "problema" poderia dar inicio a suas respostas.

Quando Therai adentra a pequena sala de reunião Texugo se espanta

- "Therai? Cara, ninguém sabia onde você estava! Os moleques fugiram da casa, mas o lugar virou um inferno, ratos saindo de todos os lados e ainda me disseram que viram um homem rato correndo pelos telhados e ninguém te achou"

O outro jovem, com a face marcada de hematomas se adianta para próximo de Therai

- "Então foi você que me salvou lá no porão" - ele estende a mão para Therai e completa - "Muito obrigado, eu iria virar escravo e um dos navios que parte agora pela manhã"

Diferente da grande maioria dos garotos que Therai conhecia, aquele tinha algo de diferente. Mesmo com o rosto inchado ele parecia ter brio e fibra e não se deixou dobrar, algo o impulsionava.

O jovem continua falando

- "Eu não sei em quais problemas vocês estão metidos, o que eu dizia ao seu amigo aqui" - diz apontando para Texugo - "É que vim buscar ajuda para minha vila. Eu moro em Oakhurst, do outro lado da Neverwinter Forest, e estamos com alguns problemas por lá, pessoas indo até as florestas e plantações e não estão voltando."

- "O Senhor Finder me acompanhou até aqui, na verdade, me convenceu a buscar ajuda e a fazer diferença. Eu ainda preciso ir ao Sul em direção a Neverwinter mas ele irá acompanhar quem for a Oakhurst, mas pelo visto não irei conseguir ajuda aqui em Luskan"



O gnome termina de mexer naquilo que tem nas mãos e logo aquele objeto começa a se mover e Therai nota que se trata de um pequeno pássaro de metal, que bate as asas e voa até o ombro no gnome. O gnomo sorri, coloca sua chave de fenda na cinta e se levanta.

- "Não tire conclusões precipitadas Raymond, deixe o jovem que o salvou falar e então poderemos ir."

Therai observa tudo em sua volta, as pessoas, o cheiro, as construções, tudo aquilo parecia não mais pertencer à ele.

Ao ouvir a discussão, ele se aproxima e ouve com a atenção os motivos ainda não expostos pela conversa à ele e principalmente o novo integrante.

Therai então de pé se aproxima deles e diz:



- O que está ocorrendo? que mais problemas estamos metidos e quem é esse senhor?

Therai faz uma pausa, continuando a olhar para o Gnomo

-  E que vila é esse que precisam ir?

Ao dizer que estava pronto, Lurue sorri e diz:

- "Ótimo Therai, agora é a hora de você deixar o vento te levar. Deixe a segurança do templo de Tymora, deixe os portões de Luskan para trás e de seu primeiro passo. Viaje a aprenda, cresça e se aventure, lhe dei somente a chave da porta mas é você que deverá sair por ela"

Após dizer isso uma neblina começa a se erguer da relva, subindo rapidamente e tornando tudo a volta de Therai branco. Ele sente um breve vazio no estomago, como se tivesse caido e logo percebe algumas mudanças. Ele deixa se sentir a relva sob seus pés, agora o chão era duro e a árvore ao seu lado estava sem folhas.

Ele nota que esta na praça logo a frente do templo de Tymora, estava de volta a Luskan.

Mas ele olha tudo aquilo e sente em seu intimo que aquele não era seu lugar, a pequenez em ficar andando pelo porto e ganhando um punhado de moedas era uma perda de tempo.

Ele adentra ao local, pensando em começar a juntar suas coisas e talvez buscar algo fora dali, mas ainda não sabia o que fazer bem onde ir, até que houve uma discussão no salão do fundo

- "Não cara, não temos como fazer isso. Já temos nossos problemas e não dá para sair por ai, já fique feliz em ter saído daquele buraco." - Era a voz de Texugo

- "Como assim não dá para fazer nada? Eu disse que vamos pagar" - a voz não era estranha, mas de onde era? - "Porra, olha para a minha cara. Você acha que se não fosse importante eu teria me metido com aqueles filhos da puta?"

Therai se aproxima do salão e logo reconhece a voz, era o jovem que havia resgatado, o mais velho e ferido. No mesmo salão estavam Texugo, conversando com o jovem, Faustin e Marujo estavam sentado ao fundo e em um canto uma figura desconhecido por Therai, um gnomo entretido com algum tipo de engenhoca.



O jovem balança a cabeça negativamente e diz, um pouco mais calmo

- "Vocês pelo menos conhecem alguém? Qualquer um que aceite ir até a vila?"

Aquela constante sensação de dúvida sobre ele mesmo parecia ter sido apagada do seu ser...Therai se sentia bem, renovado, "curado" no que se refere as questões mais íntimas na própria alma.

Ter aquele encontro com aquela criatura junto com Lurue foi algo de mais fabuloso que teve em sua vida toda.

Ao ouvi-la, ele responde sem a menor sombra da dúvida que sempre teve em sua vida

- Sim Senhora Lurue, estou pronto. 

Aquela bela fada olha para Therai e diz

- "Deus devem tocar as terras mortais com cuidado, pois o balanço é delicado. Felizmente para mim, sou uma fada e não uma deusa e isso permite que eu ajude alguns poucos merecedores em minha existência. Fico feliz que tenha aceitado minha oferta Therai"

Lurue se levanta e volta a caminhar pela floresta e Therai a acompanha. Ele levanta sua mão direita e um som vem das matas.



Então um unicórnio sai das matas e se aproxima de Therai. Era uma criatura magnífica. Muito maior do que qualquer cavalo que já havia visto antes, com uma pelagem branca impecável e uma crina que brilhava como pérola, seu corno era um espiralado ósseo perfeitamente reto e branco como a espuma do mar.

Ele para pouco a frente de Therai e olhava nos olhos do tiefling, suas narinas exalavam o ar com força e era visível todo o poderia daquela criatura.

- "Toque-a Therai"

Mesmo relutante, Therai estende sua mão em direção aquela criatura. A magia é quase palpável. 
Em um movimente rápido da cabeça o unicórnio passa a ponta de seu chifre na palma da mão de Therai que sente um misto de dor, calor e excitação, como que por instinto recolhe sua mão e olha a palma que apresenta uma cicatriz fina com uma base um pouco mais larga.

O unicórnio recua ainda olhando para Therai e para ao lado de Lurue, que passa sua própria mão pelo chifre e depois a ergue.



"Sangue e magia
laminas e dissimulação
reclusão e orgias
prazer e dor
Somos o brilho, a luz e a voz
Somos a escuridão, a sombra e o silêncio
Somos fadas"

Therai sente algo completamente novo, seus olhos parecem notar cada vez mais tons de cores e sem qualquer aviso tudo fica em branco e preto, e novamente colorido e brilhante, os sons ficam claros e audíveis e depois distantes e fracos. Pareciam que todo o tipo de sensação passava pelo corpo de Therai até que se estabilizava, como se nada houvesse ocorrido.



Mas em suas mãos energia crepitava, uma energia arcana de origem feérica que nascia de sua ligação com o mundo das fadas. Aquilo não espantava Therai, era quase que instintivo.

Quando sua respiração volta ao normal ele sente que algo mudou em seu íntimo, aquele peso que sentia em seus ombros não estava mais lá. 

Então Lurue diz

- "Venha Therai, é hora de partir. Partir daqui e partir de lá"

As palavras de Lurue lhe traziam conforto. E por mais que um certo desconforto havia lhe tomado repentinamente quando ouviu ela dizer "...UM AGENTE MEU", Therai sentia que ela poderia lhe mostrar tudo aquilo que lhe prendia, poderia lhe mostrar o que além desse poprtão abstrato que se apresenta à sua frente..

Therai a olha e responde

- Sim senhora, eu aceito sua graça... 

As reflexões de Therai agradam Lurue, ela finta a maneira como ele anda e se expressa, era desenvolto e tinha auto confiança. Therai não tinha ciência do olhar avaliador de Lurue sobre ele enquanto externaliza suas percepção.

Ao final de suas palavras ela se levanta e diz:

- "Você esta começando a entender Therai. As situações que dão a oportunidade de heróis emergirem continuam ocorrendo, mas as pessoas que poderiam abraçar estas oportunidades, muitas delas, simplesmente não o fazem. Apesar reagem aquele instante, mas não seguem em diante, voltam a sua rotina e a sua vida. Alguns passam a vida e morrem sem saber o motivo do vazio em seus peitos."

- "E não tenho o dom de ver aquilo que poderá ocorrer, apenas notamos aquilo que tem ocorrido. A cada ano que se passa menos heróis caminham pelo mundo, por outro lado existem criaturas beligerantes que continuam crescendo e assolando o mundo."



Ela aproxima de Therai e com um sorriso diz:

- "Minha proposta é simples e ao mesmo tempo complexa Therai, assim como a natureza das fadas" - ela sorri - "Eu senti sua presença, seu sangue feérico luta contra essa resignação que você sente e é por isso que se incomoda. Então eu posso lhe ajudar a realizar todo o potencial que você tem, e em contrapartida seria um agente do reino feérico, um agente meu."

Therai reflete sobre as palavras de Lurue, após ter bebido da água trazido pela pequena fada, e observando as águas cristalinas do lago logo a sua frente.

Mas sem olhar para Lurue, ele diz, como se tivesse dizendo para si mesmo:

- Mas determinadas situações, dão a oportunidade de se emergir "heróis"...estamos vivenciado isso, ou é algo que irá acontecer?   

Therai ainda continua a olhar o lago cristalino.

- O que sinto é que uma mulher como você, não estaria dizendo tudo isso, fazendo tudo isso, se não tivesse conhecimento do que pode vir a estar ocorrendo ou vai ocorrer, ou mesmo, se me permite a ousadia, saber qual o meu potencial em ajudar nisso tudo...embora tenha muitas dúvidas acerca disso.

Therai se levanta e pega com suas mãos sujas, mas delicadamente, uma pequena flor ali próxima e a olha com atenção.

De repente, ele compreende que aquela flor, mesmo delicada, faz parte de todo um contexto e que tudo aquilo podia não existir sem a sua participação..

Therai então olha para Lurue.

- Sra. Lurue... o que está me propondo? conhecimento? passar meus limites? o que está ocorrendo que depende de mim para ser preservado?  

Therai acompanha Lurue durante alguns minutos, andando enquanto conversam, até a beirada de um lago, ela se senta em tronco assim que ouve a pergunta de Therai.

- "Sente-se Therai, veja que se faz necessária uma explicação deste vosso sentimento"



- "O povo feérico, os celestiais...." - ela olha para Therai e sorri - "bem todos estes que vivem longe da realidade mortal dos reinos, todos tem uma visão do tempo diferente. Nós vemos as coisas passando em uma velocidade diferente da sua, e pequenos detalhes não são percebidos."

- "E deixamos passar algo" - o olhar daquela criatura quase celestial parecia se entristecer - "Não notamos que os heróis deixavam de surgir. São três, quatro, talvez mais gerações nos reinos mortais onde temos cada vez menos heróis."

Ela faz um gesto e um pequeno movimento no lago acontece em seu centro e ela volta a falar

- "Pessoas, como você Therai, que tem potencial para se destacar simplesmente não o fazem pois algo as impede. Um sentimento quase imperceptível" - ela une junta o indicador e polegar e cerra os olhos como se buscasse ver algo diminuto - "mas que ainda assim, não lhe deixa dar o primeiro passo. Pessoas que poderiam ter buscado mais conhecimento, explorado seus dons ou desafiado seus limites simplesmente não o fizeram."

Naquele momento a garganta de Therai fica seca e suas mãos suam, ele teria potencial? Ele era um simples jovem em uma cidade decadente, qual potencial poderia apresentar?
Seus pensamentos e dúvidas são interrompidos quando uma criatura sai da água do lago e voa em sua direção



Uma fada de pouco menos de meio metro com asas feitas de água cristalina se aproxima de Therai com água em suas mãos, sem qualquer recipiente a água se manter em um formato esférico e com uma voz fina diz:

- "Beba, você vai se sentir melhor"

Therai pega aquela esfera de água, do tamanho de uma noz e coloca na boca e sente, talvez, a água mais fresca que já tenha tomado. Neste mesmo momento sua garganta se refresca e ele sente seu ferimento parar de doer.

{ Healing : 5 }

Lurue olha para Therai e completa

- "Não sei o motivo de tal sentimento Therai, nem sua origem, apenas sei o mal que tem causado ao seu mundo."

Ela se silencia, deixando que Therai tenha tempo para refletir sobre suas palavras

Therai absorvia lentamente tudo aquilo, "sangue de fadas?" era ao mesmo tempo fantástico e confuso para Therai.

O jovem tiefling a observa atentamente enquanto ela fala, a maneira como se expressa deixava Therai atônito e sem perceber com seu maxilar um pouco caído. 

Quando ela o questiona sobre suas aflições, ele parece sair de uma paralisia e a responde, meio que as pressas.


- Eu... é...prender? ahh sim! sim! como sabes que sinto isso? - "seria algo inerente a sua raça?" - Sim, sinto uma aflição crescente, uma pressão, uma preocupação que não sei ainda onde estaria originada. 

Therai aguarda sua resposta, a olhando fixamente.

Aquele bela mulher sorri ao ouvir a resposta de Therai

- "Débito? Não por isso meu jovem, com certeza não por isso" - ela acena para que Therai a acompanhe enquanto ela caminha com pés descalços sobre a relva molhada pelo sereno - "Antes de mais nada, deixe-me apresentar-me, seria deselegante de minha parte não faze-lo dado que já sei vosso nome."

Ela se vira para Therai e olha em seus olhos

- "Muitos me chamam de Lurue, podes me chamar desta forma meu jovem"

- "E como lhe conheço? Digamos que em um passado muito distante, vossa ascendência toca a minha. Tu és um tiefling e tua aparência deixa claro sua origem nos reinos que a milênios barganharam poderes com os círculos infernais. Mas você em especial tens a poucas gerações atrás um ser feérico em vossa linhagem." - ela olha para Therai que absorve toda aquela informação que lhe era passada - "Sim meu querido, você tem sangue de fadas"



Aquilo era uma novidade completa para Therai, ele era um orfão e não tinha ideia de quem eram seus pais ou sua família. Mas isso mudava algo? Talvez explicasse algo.

Lurue percebe que Therai esta processando aquilo e ela pergunta

- "Me diga uma coisa Therai, por vezes sente que algo o prende? Que algo te limita?"

Ela era linda... sua pele, olhos e cabelos estavam em toda harmonia com todo o seu ser. Quem era ela? aqueles olhos e seu semblante mostravam que era dotada de tamanha inteligencia e poder...

Therai fica um pouco desconcerto na presença de alguém daquele porte. O que um maltrapilho como ele interessaria aquela senhora?

Assim que ela se pronuncia perante à ele, Therai pode sentir que sua voz parece fazer com que o próprio vento e a vegetação do lugar se mova de acordo com o tom da suas cordas vocais...

- Me...me desculpe senhora... mas como sabe meu nome?

Therai estava ao mesmo tempo receoso e envergonhado, aquele lugar e a presença dela era aquém dos lugares e pessoas que Therai mantinha contato. Tentando disfarçar, ele mexia suas mãos "imundas" na tola tentativa de limpar suas vestes sujas e maltrapilhas.


- Minha segurança? ahh sim...agradeço a ajuda, e ficarei..quer dizer, eu...eu...estarei em débito contigo minha senhora...

Therai simplesmente não sabia mais o que dizer, e resolve ficar quieto para não passar mais vergonha.

Aqueles roedores eram como uma massa disforme de criaturas, mordiscando e atrapalhando o movimento de Therai. Ele observa o proximidade do buraco de acesso ao túnel, a criatura se aproximando e sente seu coração batendo acelerado, ele precisava sair dali.

{ Atletismo CD 15 vs 9 : Falha }

Ele flexiona as pernas e usa toda sua força para saltar pelo buraco, mas os ratos no chão e um erro no calculo da distância tornam o solto ineficaz.

No mesmo instante que os pés de Therai deixam o chão ele percebe que não ia conseguir, aqueles fragmentos de segundos são longos e ele consegue se ver caindo meio metro antes da entrado do túnel e em sua mente já imagina que um rolamento bem feito poderia coloca-lo ali dentro. Outra parte da sua mente pragueja pelo erro em seu salto e imagina que se tivesse dado impulso ou corrido poderia fazer diferença. Mas eram todos pensamentos rápidos, aqueles cenários que a mente de uma pessoa monta como alternativas que nunca irão acontecer, pois a realidade já estava construida.

Um som seco, com uma estalo é ouvido por Therai e depois um silvo curto e então, uma dor lacerando em seu quadril. Therai sente a ponta da seta bater em seu osso, desviar seu curso e bater na parede, mas não sem deixar um corte em seu baixo ventre. Agora ele caia em direção a um emaranhado de ratos e com ferimento aberto.



{ Ataque vs AC 15 : 1D20+4 (desv) : 15 || 12 +4 = 16 Sucesso }
{ Dano 1D6 +2 : 3+2 = 5 }

E Therai cai, cai e continua caindo. Ele sabe que deveria ter encontrado o chão, mas não encontra nada. Mas sua queda não se torna mais rápida, continua lenta e a escuridão que antes não era um obstáculo para seu olhos agora era uma parede de névoas. O cheiro de fezes e urino simplesmente somem e dão espaço para cheiro de terra molhada.

Finalmente Therai alcança o chão, ele não sabia ao certo quanto tempo caiu, mas foi muito mais do que poderia ser e então ele se levanta.



Ele não estava mais no porto de Luskan e tinha certeza absoluta disto, a mata era exuberante, o céu apresentava composições de estrelas que ele nunca havia visto, o próprio cheiro e o som do local era completamente diferente de tudo que ele já havia visto.

Ele caminha alguns passos e sente uma fisgada e olha para baixo, ainda havia um ferimento e doía bastante e aquilo estranhamento o fazia acreditar que não se tratava de um sonho ou alucinação, tudo era diferente e estranho, mas ainda assim muito real.

Parado ali por alguns instantes, Therai tentava colocar seus pensamentos em ordem, até ouve a sua esquerda:

- "Bem vindo Therai, gostaria que nosso encontro ocorresse em situação melhor. Mas precisei intervir para garantir sua segurança"

A voz era doce e angelical e ao seu virar Therai vislumbra uma das mulheres mais belas que viu. Sua beleza era um misto da graça de seus traços, mas também de uma aura de mistério e poder que emanava.

O membro 'carlosmichebr' realizou a seguinte ação: Lançar dados

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'Dado D20' : 9

Therai tentou acertar o Nariz da criatura, mas acabou acertando seu maxilar, isso lhe deu somente um pequeno tempo.

Quando se vira e vê a criatura preparando sua besta contra ele, ele resolve arriscar e pular para dentro do buraco, não poderia combater aquela criatura naquelas condições, com ratos lhe atrapalhando sua base no chão e subindo pelo seu corpo, isso iria ser uma vantagem para aquele licantropo.

Therai então tenta correr e saltar para dentro do buraco.

DESTREZA:  9

Apesar do medo e apreensão Therai era dotado de auto confiança, e mais que isso, ele tinha a real noção que a vida de todos aqueles garotos dependiam dele. Se ele fraquejasse, todas aquelas vidas seriam exterminadas.

A adaga gira em sua mão e ele arremessa com precisão em direção a face da criatura. A adaga crava na altura do maxilar fazendo a cabeça do licantropo pender para trás com o impacto.

{ Ataque vs AC 12 : 12+5=17 Sucesso Dano 1D4+3 = 4+3=7 }

A criatura retira a adaga do próprio rosto e diz:

- "Hum, adaga de ferro frio." - A boca animalesca esboça um sorriso - "Devia ter se preparado melhor"

Ao mesmo tempo que Therai atacava a criatura, o ultimo jovem seguia pelo túnel. Com ele já correndo por aquele túnel o caminho estava livre para ele partir e cuidar da retaguarda. Ele olha a criatura chegando no último degrau e o ferimento em seu rosto já estava praticamente fechado e o sangue seco empapava os pelos de seu rosto.

Therai se vira em direção ao túnel, a escuridão ainda era sua aliada e deveria usa-la como cobertura, mas ao primeiro passo ele quase cai no chão. Havia um tapete vivo abaixo dele, uma enorme quantidade de ratos se amontoavam no chão, uns sobre os outros. Em um segundo passo um dos ratos solta um guincho quando Theria pisa sobre ele, alguns outros mais raivosos começam a morder a canela e panturrilha de Therai.

{ Percepção CD 14 vs 12 : Falha }
{ Terreno Difícil: Metade do deslocamento }

Therai se esforça para avançar mas aquelas criaturas começam a subir pelas suas pernas, morder suas coxas e panturrilhas em busca de sua carne. Pareciam beliscões sobre sua calça de couro, ele agradece por não estar usando uma roupa mais leve ou já estaria sangrando. 

O túnel estava a poucos metros dele, somente mais alguns passos e ele estaria fora dali, mas é então que ele ouve o tensionar de uma corda, ele conhecia aquele som e detestou ouvi-lo do lado errado do gatilho, por reflexo ele vira o rosto e então vê aquela criatura com uma besta armada em mãos.

O membro 'carlosmichebr' realizou a seguinte ação: Lançar dados

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#1 'Dado D20' : 12

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#2 'Dado D20' : 12

Assim que Therai o ouve falando, ele sem perder tempo pensa "vamos ver como sente meu cheiro com o cheiro do seu próprio sangue"

Rapidamente, utilizando da sua adaga, Therai a arremessa contra o Nariz do licantropo, não queria enfrentá-lo diretamente, precisava de uma distração para poder sair de lá rapidamente, sabia que ele poderia passar rapidamente pelo buraco, mas talvez as dimensões do licantropo o dificultassem a passar pelo buraco, dando tempo para Therai e as crianças saírem do local

Therai estava com aquela sensação de adrenalina pelo corpo, partes do corpo tremendo, músculos tensos, seus olhos tentavam captar na escuridão qualquer coisa que pudesse ajudar a enfrentar ou escapar daquela criatura.

ARREMESSO: 12
PERCEPÇÃO: 12

Ao ouvir a voz de Therai o homem deixa de sorrir, aparentemente a situação não era exatamente a qual ele esperava.

- "Temos carne nova então."

Quando o homem começa a descer as escadas Therai observa que a escuridão é uma aliada e não estava disposto a perder esta vantagem. Ele saca uma faca da bota e arremessa em direção a lamparina.

{ Teste resistido de destreza 11 +3(bonus de destreza) = 14 vs 10+2 = 12 : Sucesso }

Quando percebe a faca se aproximando o homem tenta erguer a lamparina, mas a faca atinge a parte de baixo quebrando o vidro e parte do suporte, fazendo o óleo escorrer pelos degraus e o fogo logo se torna fraco e tremulo, não duraria muito tempo.

- "Filho da puta safado" - o homem esta visivelmente irritado

Ele larga a lamparina no chão ao mesmo tempo que o jovem consegue arrancar mais duas pedras da parede e começar a entrar no túnel. Então ele olha para a escuridão e Therai tem uma visão muito pouco agradável.

O maxilar do homem se projeta a frente e seus olhos ficam negros, com um som de estalos sua perna parece ganhar mais uma articulação e suas mãos se alongam projetando garras negras, os dentes crescem e agora havia na escada um criatura que mais parecia um rato bípede



Ele respira profundamente e diz:

- "Eu sinto o seu cheiro!"