UMA LONGA JORNADA DE VOLTA AO PRINCÍPIO.

Da sacada de seu castelo com vista das as docas, ele, Baz, vislumbra o resultado de tanto trabalho nessas ultimas décadas que lhe renderam, nome, títulos, riquezas e responsabilidades.

 

Hoje pairava sobre ele a responsabilidade do título de  Baz, "Duque de Talo Susa", sob ele o comando de 2.000 soldados na cidade e mais 20 mil homens sob seu direto comando, que ficavam instalados ao norte, exército particular que ele mesmo pagava com o seu dinheiro, tamanha a riqueza que acumulara e objetivos ainda não concluídos...prometera a si mesmo que nunca ficaria mais desguarnecido.

Baz era um membro respeitado e temido na nobreza de Pohja, na qual após décadas de negociações difíceis com Tuanna, Baz havia conseguido instalar uma rota marítima comercial que lhe trouxe muita riqueza e para os membros da corte também, muito deles que desejam o controle total dessa rotas.

Mas a noite e o vento vindo do mar que ia de encontro ao seu semblante, não era suficiente para aplacar o peso que se instalara em seus pensamentos.

Sua esposa, Amilka, conhecida principalmente pelo seu gênio forte, apenas observava seu esposo deitada em sua cama, e já com semblante que apontava que seu humor já havia mudado, e nem a tão pouco tempo assim. 



Amilka fora um casamento arrumado, mas necessário para os planos de Baz, pois precisava do apoio comercial de um comerciante anão, muito rico mas muito difícil de lhe dar, que condicionou o acordo mediante o casamento de sua filha Amilka. O casamento havia se concretizado a 3 anos, e tudo que Baz ouvia eram reclamações sobre a falta de um herdeiro.

Isso leva seus pensamentos para seus amigos, verdadeiros amigos, onde estariam? Andressa não a via a uns 30 anos, talvez nem estivesse mais viva. Bayer estava isolado a uns 5 anos, mediante o falecimento de sua esposa, e Eduard, esse havia visto a ultima vez a 8 anos, quando retornou de uma de suas viagens com ouro, joias, mulheres e falácias de riquezas imensuráveis! Eduard realmente havia ficado rico, havia encontrado sua ilha por causa do mapa que tinha, e não escondia isso de ninguém, quando financiava suas próprias festas. Mas como era um pirata, gastou demais, caiu em inúmeros golpes de pessoas que chegavam ao extremo de lhe vender mapas do "tesouro" falsos, quando ele estava muitas vezes bêbado e distribuindo dinheiro.

Isso fez com que seu amigo partisse em empreitadas já falidas desde o início, Bayer, também um membro honorável da guilda dos comerciantes, juntamente com Baz, orientava o pirata para que fosse mais "terra firme", mas o que ouviam eram sempre "O Horizonte é o futuro senhores! hahahahaha"

Por vezes, Eduard usava sua influência na participação da história da guerra em Talo Susa, e principalmente os laços de amizade com Bayer e Baz, para conseguir empréstimos com as guildas, e comerciantes, empréstimos que com o tempo não tinha mais como saldar.

Na última vez que viu seu amigo, a 8 anos atrás, Já estava em demasiado endividamento, mesmo assim saiu para mais uma de suas empreitadas e aventuras. Mas dessa vez tinha ido longe demais.

Chegara a noticia que um barco de um influente comerciante de Tuanna havia sido atacado por piratas, e um dos sobreviventes apontou no casco, o nome "iris". Esse comerciante era casado com uma prima de um Arquiduque de Pohja, e entre os dedos grossos e pesados de Baz, tremulava um ordem judicial assinada pelo próprio arquiduque, determinando a prisão e posteriormente execução do capitão do navio "Iris", Eduard Eve.

Baz e Bayer,  nas poucas vezes que estiveram com Eduard, o orientavam a tomar cuidado com seus saques, mas talvez as dívidas haviam tirado o pouco do "bom senso" que havia no pirata... e sobre Baz, o custo da responsabilidade do seu título de uma ordem contra seu amigo.

Suas mãos quase sempre capazes de abrir-lhe caminhos eram agora ineficazes. Segura a taça de vinho como um maneta capaz de escrever uma carta. Por que lutara tanto e pelos quais lutara tanto? As lembranças de Vic e Ray tornaram-se ainda mais intensas, a partida de Giovanna o corrompia e a incapacidade de lidar com seu filho era clara.

Talvez tudo o que detestava em si mesmo recaiu naquele que chama de filho. Por qual razão tanto sofrimento? Por qual razão as escolhas a partir de agora seriam tão sofridas?


"Foi negociado com um demônio , meu caro,há muito deve seu valor e suas escolhas."

Talvez fosse a voz do álcool ou simplesmente sua voz interior. "Foi negociado..."

Suas escolhas foram claras e sabidas, não havia como negá-las. Seu preço está a surgir e precirá pagar. Conseguiria?

Bayer levanta-se e vai em direção ao tumulto. Triste, despreparado e entendendo que suas opções foram muito falhas.

"O que temos aqui meu filho? Se a hora for de minha partida, dê-me este privilégio. Vamos...não pense demais."

O som do relógio não distanciara-se. Lá continuava a contar o tempo. Talvez o momento ainda não fosse o correto.

 

 

 
 
O que seria o tempo para muitos que dependem dele? uma oportunidade de reflexão dos atos que se sucederam em vida? ou um reflexo de um destino passageiro?