Personagem Franklin Worthinson

Frank começa aos poucos a reconhecer as sensações em seu corpo e entende que o que está a ver é apenas o início de uma grande jornada de aprendizado e isto era extremamente fascinante para ele. Uma sensação quase que sexual. Sai animado de casa logo depois de alimentar-se e despedir-se de seus pais que já estavam acordados e prontos para mais um dia de trabalho. O dia estava ensolarado, porém frio como era de se esperar. Porém antes de sair, seu pai adianta-se.

O movimento dos dedos, o flexionar das juntas e tensão pela contração muscular era como se houvesse uma concentração e o posterior relaxamento permitia que o quer que fosse gerado ali pudesse ser liberado. Aquele exercício fascina Franklin.

Ele se lembra das páginas do livro de anatomia que havia lido naquela manhã, tendões e músculos, não deveria haver nada alem disso. Ainda assim ele sentia um crescente calor e acumulo de energia, mas não abusa de sua sorte e não arrisca um teste dentro de sua própria casa.

- "Tensão muscular gera estresse local, isso pode ser controlado. Com treino qualquer músculo pode ser contraído"

Ao se deitar Franklin imagina como seria a abertura do baile, com ele no palco. Quais palavras usaria, a reação e o aplauso da plateia, o sorriso de Janet perante seu sucesso. Janet.

Então ele se lembro do tempo que passaram conversando no dia anterior, já parecia tanto tempo, mas ela foi gentil e autentica.

- "Vou precisar ir na casa dela amanhã, ela saiu muito chateada da escola. Talvez o fato de ser amiga da June a tenha deixado ainda mais confuso. Talvez se eu falar com ela, tentar explicar minha teoria ela fique mais calma."

Então ele olha para sua mãos

- "Chamas são resultado de combustão, mas as chamas de Santelmo são resultados de descargas elétricas em forma de plasma"



- "Enquanto que o fogo fátuo é resultado de combustão em baixa temperatura de gases de origem orgânica"



- "Não posso me prender a um conceito tão simplório como o fogo. June me mostrou que tenho condição que gerar algo que seja perigoso assim como posso gerar algo que seja quase medicinal. Tratar simplesmente como fogo é algo que poderá limitar meu entendimento de mim mesmo. Devo descobrir como usar isso, se é de fato chama, plasma ou uma condução térmica, ou oque quer que seja"

Franklin detestava se ver limitado por definições pré impostas. Era assim na escola, em casa e em qualquer lugar, as coisas para ele precisavam de uma explicação, de um motivo coerente, de uma justificativa cabível.

O sono chega sem que ele perceba, em meio aos pensamentos.



O som do alarme acorda Franklin, naquela manhã ele estava com um pouco de preguiça, corpo cansado, o dia anterior havia sido muito intenso. E depois da noite de sono, boa parte das coisas pelas quais passou pareciam uma mentira, era quase inacreditáveis. Então ele olha o amuleto, flexiona os dedos com força e sente... não haviam mentiras.

Ele se arruma, coloca o amuleto que ganhou de presente e um cachecol, para evitar qualquer questionamento. Vai até a cozinha e nota que ainda estava escuro no exterior da casa, mas queria chegar o mais cedo possível na casa de Janet. Toma um bom café da manhã, agradece novamente seus pais pelo apoio e diz

- "Falarei com o Senhor Donatam hoje mesmo, tenho poucos dias para ajuda-lo a tornar este baile memorável."

Franklin parte para casa da Janet, com a esperança de que já tenham acordado ao chegar lá.

Ao chegar em casa entende a seriedade em ser pontual e responsável. Seus pais, principalmente Gordon não gosta nada da falta de responsabilidade e consideração de seu filho. O ensopado parecia muito bom, Sra. Sophie - a doméstica - além de ser fiel à família há anos era muito caprichosa na feitura dos alimentos. 

Sua mãe, Rose, fica muito entusiasmada com a decisão de seu filho participar de forma ativa do evento em prol a Biblioteca Municipal de Yorktown. Seu pai levanta um pouco a cabeça e lhe diz:

"Ótima decisão e vamos apoiá-lo. Quem sabe tendo uma responsabilidade como esta aprende a trabalhar em equipe não é? Uma família nada mais é do que isso. Então que isto não se repita. Converse com Sr. Danatam amanhã e em seguida eu e sua mãe falaremos sobre como podemos ajudar nesta causa."

Enquanto ajuda com a louça ele percebe sua mãe olhando para seu pescoço. Imediatamente nota que ela talvez pudesse perceber o medalhão e tenta afastar-se indo ao banheiro e sem olhar para trás diz: "Mamãe, vou ao banho e dormir. Boa noite papai, boa noite mamãe."


Frank tira sua roupa e cuidadosamente o medalhão. E enquanto sente a água morna cair sobre seu corpo pensa em como Janet estaria. Entende que deveria tentar conversar com ela amanhã, ao menos para enfim, ter certeza que estaria bem. Frank lava seus cabelos e suas mãos abrem e fecham para que seus dedos possam espalhar o xampu. Neste momento ele nota uma coisa curiosa...Este movimento de abrir e fechar os dedos lhe trazia uma onda de calor mais intensa. 


Ele para de lavar os cabelos e começa a fazer este exercício embaixo do chuveiro. Ao fechar dos dedos ele sentia uma energia sendo captada e ao abri-los uma energia térmica sendo emitida. - Hummm....interessante.


Vai para seu quarto e observa a hora...estava tarde, era momento de dormir e assim o faz. Amanhã seria dia de acordar mais cedo e passar na casa de Janet, mas antes pega seu caderno de anotações e registra a experiência  que tivera no banho.

Ao ser abordado pela Senhorita Palmer indicando que era hora de encerrar as atividades na biblioteca, Franklin se espanta, mas não muito, ela havia perdido a noção do tempo novamente. Já havia feito isso algumas vezes, ele simplesmente não conseguia parar de pesquisar sobre algum tema que aguçasse sua curiosidade.

- "Oh, obrigado Senhorita Palmer. Creio que nem seus gatos, nem nós devemos ficar sem nosso jantar" - e abrindo um largo sorriso completa - "Eu pretendo ir ao baile este ano, e para falar a verdade, quero me voluntariar para a organização. Eu adoro este lugar, e o seu trabalho e do Senhor Macklinley devem ser reconhecidos pela importância que tem para esta cidade."

Senhorita Palmer fica enrubecida pelas palavras de Franklin e o agradece, e logo o coloca para fora e começa a fechar o prédio.

Assim que começa sua caminhada para casa, Franklin ouve a voz de June, ou quem quer que estivesse ocupando o papel de June naquele momento. A única coisa havia de correto em sua frase é que as respostas não estavam nos livros. Talvez não as respostas para as primeiras perguntas, mas haviam respostas para perguntas que Franklin nem sequer havia feito.

- "Nenhum conhecimento é perdido, não achei exatamente o que procurava, mas tudo que li terá seu uso. E mesmo que não tenha uso, ainda assim sei mais agora do que quando cheguei na biblioteca"

- "Por que estou conversando com uma voz? E eu realmente ouvi a June ou imaginei? Deve ser a fome.... "

Franklin acelera o passo para sua casa, não gostava de deixar seus pais preocupados.

Ao chegar em casa Franklin já encontra seus pais a mesa, no meio da refeição. Franklin deixa o casaco no cabideiro, tira os sapatos cheios de neve e vai ao banheiro lavar as mãos. Assim que retorna a sala de jantar começa a se desculpar

- "Desculpem-me eu... "

Mas é interrompido pelo seu pai, que continua olhando para o prato e cortando um pedaço de carne ensopada

- "Você saiu mais cedo da escola e não veio para casa, deixe-me adivinhar. Estava na biblioteca."

- "Sim... eu fui.. "

Franklin é novamente interrompido

- "E quando você vai para biblioteca o que você deveria fazer?"

- "Eu deveria avisa-los. Eu esqueci, acabei ... "

Gordon o interrompe novamente

- "Felizmente, para você, o Senhor Macklinley sabe que você é um cabeça de vento e esquece do mundo quando entra lá. Ele nos avisou que você estava lá e nos avisou quando saiu. Mas essa é uma obrigação sua, não dele. Desta vez fica sem sobremesa, dá próxima, uma semana sem biblioteca"

Franklin engole seco ao ouvir aquilo, uma semana proibido de ir na biblioteca seria terrível, ele apenas acena positivamente com a cabeça e se senta comer, sem dizer nada, evitando complicar ainda mais sua situação.

Gordon não olhou nos olhos de Franklin, no fundo ele sabia que acabaria rindo se o fizesse. A decisão de punir um jovem impedindo que ele estudasse o fez gargalhar junto com sua esposa horas atrás, eles precisavam que Franklin fosse responsável independente do motivo da fuga da escola.

Ao final da refeição, após ajudar sua mãe a recolher a louça, Franklin diz:

- "Papai, mamãe.. " - e tendo a atenção dos dois continua - "Haverá um baile em prol da biblioteca municipal, um evento muito importante. E gostaria de pedir duas coisas para vocês"

- "Gostaria que nossa família ajudasse a biblioteca, com uma doação ou ajudando na reforma. Sinto que preciso retribuir tudo que a biblioteca me ajudou, isso sem falar no trabalho feito pela Senhorita Palme e o Senhor Macklinley"

- "A segunda, bem... gostaria da autorização de vocês para ajudar a organizar o baile. Eu conheço a biblioteca, a história dela e todos que trabalharam lá e creio que isso me permite ser um bom orador para o evento, organizar a banda, o local. Tenho certeza que posso contribuir."

Rose era uma entusiasta de eventos beneficentes, eles permitiam que ela ajudasse os menos afortunados ao mesmo tempo que deixava de andar da sombra da família. Ela olha para Gordon e parecia que conversavam somente com o olhar. Então seu pai lhe responde

- "Franklin, vou ver como podemos ajudar a biblioteca e não vejo problema em ajudar a organizar o baile, mas fale com o Senhor Danatam primeiro e a decisão final será dele e se organizar, precisa participar."

Franklin agradece com um sorriso e vai para seu quarto, apesar de muito empolgado estava estafado pelo seu dia

- "Preciso acordar cedo amanhã, passar na casa da Janet, preciso falar com ela, ver como ela esta, ela saiu bem estranha.. "

A mente de Franklin ainda estava processando toda a informação, ele demora a dormir, mas por fim o sono o vence.

Frank simplesmente deixa a escola em direção à Biblioteca Municipal. Acelera os passos e muito mais ainda seus pensamentos. Estava sedento...Mesmo com todo o frio que havia lá fora ele sente calor e suas mãos embora muito quentes, permanecem secas. Entra na Biblioteca Municipal de Yorktown e é recepcionado com um belo sorriso de Senhorita Palmer, uma simpática senhora que dedica sua vida há anos ao local.





"Meu querido, a Churchill promoverá mais uma vez um baile para auxiliar nossa biblioteca, creio que neste ano terá a oportunidade de ir não? Uma pessoa como você não poderia deixar de frequentar! Aliás, eu faço muita questão que o mais dedicado de meus leitores esteja lá!! Em meu discurso faço questão de citar seu nome meu pequeno gênio! Tem uma roupa para ir? Tem companhia? Desculpe-me fazer tantas perguntas Frank, mas estou muito animada com tudo isto."

Srta. Palmer adora uma boa conversa. Talvez pela solidão de sua vida pessoal, mas Frank de fato nota nela uma grande sinceridade em cada sílaba. Eles conversam por alguns minutos e Frank dirige-se aos corredores da biblioteca a procura de informações quando nota o porquê da campanha para salvar o local. Ele era vital para a pequena Yorktown e a falta de apoio não deixaria que a biblioteca sustentaste-se por muito mais.

Frank reúne inúmeros livros, desde anatomia, física, biologia, psicologia comportamental, astronomia...lera sobre relatos extra-sensoriais com fatos detalhados por cientistas ao redor do globo, pesquisas acadêmicas de renomados autores. Ele de fato alimenta-se de todas aquelas informações e de forma extremamente rápida.

O membro 'Guzzon' realizou a seguinte ação: Lançar dados

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'Dados' : 3, 3, 6

As aulas seguintes são praticamente um ruido branco para Franklin, havia muito a considerar nas palavras de June.

 - "Ele me chamou de meu filho, e depois disse que June precisava descansar. Quem falava comigo não era a June, não a June que conheci. Ou ela servia de hospedeiro, canal de comunicação ou algo que o valha para outra pessoa. Aquela senhora horripilante que apareceu por um instante, sim, e ela disse que mexeu no fluxo temporal, apesar de não existir qualquer fundamento cientifico que garanta essa possibilidade"

Franklin anota tudo que pensa em seu caderno de anotações, anota e lê, aquele exercício garantia que a informação ficava em sua mente. Um exercício mental, ele colocava tudo que escrevia em pastas imaginárias por temas e colocava as pastas em fichários por temas maiores e depois em armários. Curiosamente, sempre que precisava de uma informação, era como se ele abrisse novamente os armários, pastas e fichários e visse todas as anotações.




Logo depois ele toca o amuleto que estava em seu peito

- "Pode parecer magia, mas pelo que entendi isso me liga a June de alguma forma e irá impedir que eu cause algo como fiz com Alberto ontem."

- "Algo como uma trava, um freio. Mas seria real ou uma maneira de criar uma sugestão em meu subconsciente? Independente disto, pelo que entendi esta coisa que faço só reage em casos de stress, como ontem. Ou como no jantar quando estava me deixando levar pela música. Preciso achar uma maneira que criar um gatilho consciente. Mas June disse que preciso de um instrutor."

Franklin se lembra das chamas e das pessoas gritando por socorro.

- "Droga, não posso ser irresponsável com isso. Serei obrigado a confiar em June, mas não vou aguardar o tempo dela, esta situação exige que eu domine essa coisa o quanto antes"

Não seria possível continuar ali com tantas dúvidas em sua mente, Franklin recolhe seu material e se levanta da carteira e simplesmente sai da sala. O Senhor Kesser observa atônito a saída de Franklin que diz somente

- "Com licença Senhor Kesser, preciso me retirar."

Franklin não aguarda resposta ou aprovação, haviam coisas muito mais importantes para ele do que ouvir alguém falando superficialmente sobre o ciclo hídrico, aquilo era desnecessário, um conhecimento básico.

O dia estava frio, alguns flocos de neve caiam e diferente da manhã todos seus agasalhos, luvas e gorros se fizeram necessários, o caminho já era conhecido por Franklin e levava a um dos únicos lugares que ele de fato presava naquela cidade, a biblioteca.

Ao entrar Franklin cumprimenta a Senhorita Palmer

- "Boa dia Senhorita Palmer, com o frio que esta lá fora será muito agradável passar o dia aprendendo sobre um pouco de tudo aqui dentro"

Ela sorri de volta e acena para Franklin. Senhorita Palmer era uma solteirona, mas que dedicou sua vida para a biblioteca, para dar conhecimento a todos sejam jovens ou velhos. Uma das pessoas mais pacientes e educadas que Franklin já conhecerá.



Andando por entre os corredores Franklin procura por obras que o ajudem a montar o quebra cabeça que lhe foi apresentado, ou que pelo menos lhe dessem mais informações.

Obviamente  procurar por poderes genéticos seria infrutífero e ele busca outras abordagens, livros conceituais sobre telepatia e percepção extra sensorial, livros médicos sobre anatomia e uma visita a sala com os slides dos jornais de Yorktown. Ele precisa de toda a informação sobre a industria Mallman que pudesse reunir.

{ Jogada 1 : Pesquisa NH 14 vs 12 : Sucesso por 2}



O tempo investido nas visitas a biblioteca haviam ensinado Franklin a saber onde e como procurar aquilo que precisava, quais livros eram relevantes e quais capítulos pesquisar. O jovem era um leitor voraz, ele lia, anotava, falava em voz baixa, abria dois, três, quatro livros a sua frente e nas anotações cruzava as informações. Inúmeras vezes o Sr. Macklinley parava seus afazeres para olhar o jovem, era algo interessante a maneira como um garoto daquela idade estudava e acumulava conhecimento.

Franklin é totalmente absorvido pela busca por respostas, para cada pergunta que ele tinha um caminho que poderia levar a resposta, outras bifurcações surgiam. Ele não notou o tempo passar, ou a fome ou mais nada, sua curiosidade e sede por conhecimento haviam se tornado sua motivação, mais uma vez.

Franklin ouve Sebastian dizer algo sobre ser problema dele ficar ali, mas Sebastian não compreendia que o problema seria ignorar tudo aquilo. Se o dom dele fosse aquele, com o tempo ele daria um jeito de controlar, mas para Franklin, e Janet, não saber controlar poderia significar a morte, e Franklin já havia percebido isso.

Após seus dois amigos saírem June questiona seu medo, e Franklin responde sem titubear

- "June, não sei mais direito quem você é, mas eu tenho quinze anos e tenho objetivos altos. Não quero ficar nesta cidade, não... eu quero ser reconhecido, eu tenho condições de fazer muita coisa, estudos e pesquisas, eu sei disto, mas não quero ser como Turing e ser famoso depois da morte. Eu quero ser reconhecido em vida"

- "E por que sinto medo? Isso devia ser fácil para você saber se tivesse a mesma idade do que eu. Tenho medo de falhar, medo de ser ridicularizado. E agora tenho medo de incendiar alguém ou algo." - Franklin respira, suas mãos estavam suadas e a sensação de calor intenso ia e vinha - "Mas pelo menos o medo me deixa atento. Eu aprendi a ser atento e prestar atenção, não errar duas vezes pelo mesmo motivo."

Então June lhe mostra a chama azul e novamente Franklin fica boquiaberto, ele nunca esperaria por aquilo. E sua mente é tomada por um turbilhão de ideias.

Logo depois vem a explicação sobre a Mallman, os testes, e a origem genética de seu dom. Uma herança recebida a duras penas.

Ao final Franklin pega o amuleto, olha bem para ele e responde para June enquanto coloca ele por dentro da camisa preso a sua corrente.

- "Você diz que isso é genético, mas me entrega um amuleto que parece uma simpatia. Qual o motivo deste amuleto?"

Diferente de Janet e Sebastian, Franklin não deixa a escola. Apesar de tudo, ele retorna a sala e usa o tempo da aula para pensar nas diversas opções que surgem a sua frente, e ainda havia o baile, infelizmente os planos de convidar June foram por água abaixo, mas ser o orador ainda era possível, tudo era possível para Franklin e agora mais do que nunca.

Ao final do dia, Franklin retorna para sua casa, pensando onde seria o local mais seguro para testar seus dons. Deveria ser escondido e seguro, um galpão ou container.

Após a saída de Janet e Sebastian June afasta o tabuleiro e olha para Frank. Um brilhante garoto para sua idade, sedento por conhecimento e reconhecimento. Estava ali com seus avermelhados cabelos, sombrancelhas desajustadas, mãos úmidas e com um olhar firme.

"Eu gosto disto Frank. Gosto de seus olhos. Eles revelam muito mais do que você gostaria, mas para mentes atentas eles não mentem. Que medo todo é este? A cada segundo precisando de atenção e reconhecimento. Encontre o reconhecimento dentro de si que não precisará da aprovação de ninguém mais. Digo-lhe que isto o que possui precisa de controle, pois sozinho poderá gerar um caos inimaginável. Mas todo fogo que fere cura."

Frank sem entender certamente o que June diz a observa abrindo suas mãos em direção ao seu braço ferindo-se com as próprias unhas...

Sabendo de seus compromissos para o dia seguinte, Franklin vai tomar seu banho para dormir, infelizmente para ele a água não chega no ponto correto. Sempre fria, no máximo morna, mas estranhamente o banheiro se enche de vapor.

- "Não consigo nem um banho quente para dormir, droga de água fria"

Ele retorna para sala e dá boa noite para seu pai e sua mãe enquanto esfrega os olhos de sono.

- "bonne nuit papa, bonne nuit maman"

Em seu quarto ele apenas se deita e rapidamente o sono chega.

Então Franklin esta sentado em sua cama. seu pijama tem buracos e muita fuligem  e o som de madeira crepitando era alto.



A casa estava em chamas, todos os cômodos. Franklin quase conseguia sentir o calor das chamas em seu rosto e era reconfortante. Ele se levanta e começa a andar pela casa, descendo as escadas do seu quarto e indo em direção a cozinha.

As labaredas pareciam se curvar quando ele passava, não o tocavam mas o reverenciavam. Franklin chega até a cozinha e as chamas tomavam o local.

Franklin abre a geladeira e pega um pote de cebolas em conversa, abrindo o pote ele joga uma a uma em sua boca, mastigando enquanto a casa é consumida pelas chamas, tudo era consumido pelas chamas, mas Franklin caminhava naturalmente naquilo, não sentia medo ou apreensão. Bem verdade, toda aquela situação era bastante reconfortante para o jovem.

Aquele cheiro de fumaça, madeira, plástico... ele sentia cada um dos aroma e se deliciava. O reflexo das chamas tornava todo o ambiente vermelho e agravável. Franklin entra na biblioteca e pega um livro, começa a ler seu conteudo mas logo as folhas rompem em chamas e ainda assim, Franklin continua virando uma a uma.

Até que o som dos bombeiros surge ao longe, aquela sirene irritante. Aquela obra de arte seria apagada.
O som da sirene se torna mais forte, mais próximo. Franklin se vê obrigado a olhar para a direção do som.



Seus olhos se abrem com lentidão e ele enxerga o seu rádio relógio despertando. Já eram seis da manhã e hoje ele acompanharia Janet e June para escola.
Franklin se senta na cama e coça a cabeça. Ele não lembrava por que estava sorrindo, mas aparentemente havia tido um sonho agradável.

O jovem lava o rosto e começa a se arrumar para sair

- "Não posso me atrasar hoje"

Frank fica confuso. Apesar de toda sua habilidade social ainda fica sem entender certamente o que ocorre entre Janet e June, ou JJ como na escola eram conhecidas pela sua extrema ligação. June era belíssima e arrojada, mas os olhos de Janet o fascinavam. Em muitos momentos desejou dizer a ela isto, porém por mais versado que fosse, neste momento suas palavras falhavam.

Ao sair do telefone volta à biblioteca de sua casa e volta a estudar...-Faça de um novo idioma seus pensamentos Frank! A voz de Janet brotava em seus ouvidos e ele então decide o que faz muito bem e começa a cantar uma canção. Ela exigira que os fonemas fossem compassados de forma organizada e com o ritmo correto para que não errasse em nenhum momento. 

Franklin canta como se não fizesse esforço algum, conseguia manter as notas corretas e a entonação, era quase que natural para ele. 
Ao terminar de cantar ele ajuda sua mãe a colocar as travessas na mesa, as louças e os talheres e aguarda seu pai descer para almoçar.

Assim que Gordon se senta e se serve, Franklin se sente a vontade para fazer o mesmo. Mas faz um prato contido, sua manhã havia sido muito atribulada e a fome era pouca, bem verdade, comia muito mais por respeito ao esforço de sua mãe do que por real vontade de comer.

Algumas trivialidades são trocadas entre Gordon e Rose, assuntos da empresa, da casa ou dos preparativos para a recepção que haveria em algumas semanas. Nenhum destes assuntos competiam a Franklin e ele deixava sua mente vagar.

- "Janet me deixou o telefone dela, é uma falta de educação não realizar uma ligação pelo menos para saber se ela esta bem. Talvez falar de June... talvez...mas com certeza falar sobre irmos para escola amanhã." 

O assunto da escola era um stress desnecessário tanto para Franklin quanto para seu pai, havia pouco a adicionar ao tema e depois daquele talher derretido dúvidas começaram a pairam sobre a cabeça de Franklin, começa a duvidar de si mesmo.

Assim que termina sua refeição, Franklin se serve de suco, toma um bom gole e sente o suco mais gelado que o esperado, era agradável e inesperado.

- "Amanhã irei para escola com a Janet, a moça que estava comigo. Ela viu um acidente hoje e estava um pouco abalada."

Franklin tateia seu bolso em busca do papel que Janet havia lhe dado, acho amassado no fundo do bolso

- "Ela me deixou o telefone dela. Vou na biblioteca aproveitar a luz para ler um pouco e depois vou ligar para Janet para combinar o horário de amanhã"

Ele retira seu prato e o de sua mãe, que também já havia terminada. Seu pai ainda comia, então Franklin completa seu copo de suco e vai para biblioteca da casa. Não era um local grande, mas dispunha de literatura variada e muita informação.



Franklin pega um livro francês, Les Frères corses escrito por Alexandre Dumas e junto um dicionário escolar de Francês - Inglês e começa a ler o romance.

- "Até conseguir um bom professor de francês nesta cidade é melhor eu começar a treinar"

O avanço de Franklin era lento, quase palavras por palavra, e mesmo sendo obrigado a reler uma página três ou quatro vezes seu vocabulário era incrementado aos poucos. O tempo passa sem que ele note, estudar e pesquisar eram como algo natural para ele, gostava de absorver coisas novas.

Quando olha pela janela nota que a tarde já havia findado e já era noite.

- "Droga, preciso ligar para Janet!"

Mesmo sendo tarde, a etiqueta pedia que ele realizasse ao mínimo uma ligação de agradecimento. 

Franklin acha o número em seu bolso, retira o telefone do gancho e liga para Junet enquanto mentalmente repassa as possíveis frases que usaria quando ela atendesse.

Franklin fica olhando para o garfo por instantes, as deformações pela ação do calor e as manchas de irradiação, era como se tivessem esquecido dentro de uma panela, foi aquecido mas sem contato com as chamas.

Rapidamente ele se dá conta que aquilo estava em SUA MÃO, ele não estava no laboratório estava na mesa de jantar

- "Merda.... oque é isso! Isso é impossível, esta errado, o garfo não pode ficar assim" - ele ainda estava quente nas mãos de Franklin, no limiar de queimar a mão, mas não queimava - "O que aconteceu aqui??" - ele se lembra de Albert e a camisa queimada - "Eu? ele me chamou de monstro, estava assustado... será que fui eu? Não ....  não é possível"

O coração de Franklin estava acelerado, ele quase ouvia tum tum tum tum tum.

Sua vontade era levantar e correr dali, mas não sabia para onde iria e ao ver sua mãe preparando o almoço sabia que seria duramente questionado por um comportamento como aquele.

Ele segura com força as laterais da cadeira, tentando controlar a ansiedade que o assolava.

- "Preciso ligar para Janet... saber exatamente o que ela viu. Saber se ela sabe o que aconteceu. Ela pode falar com a June, ela estava no pátio, deve ter visto algo"

Mesmo ansioso tenta não transparecer, não queria falar sobre isso com sua mãe. Ele apenas aguarda o final da refeição para poder ligar para Janet.

Há tempos Frank não tinha um dia tão agitado como este. Dentro do elegante carro de sua família Frank percebe que as fortes mãos de seu pai seguram o volante com apreenção. Como se o apertasse com ódio. Gordon era um grande defensor de sua família e aquela situação o deixara extremamente irritado. O que ocorreu desperta em Gordon o que sempre temera na vida de Frank...Ele tenta controlar-se e segue a curta viagem até seu lar.

Os pais de Franklin o recebem e somente agradecem o Oficial

- "Obrigado oficial, pode deixar que a partir daqui nos cuidamos do assunto" - diz o pai de Franklin

- "Calma Gordon, ele disse que ninguém sabe o que aconteceu" - Rose, a mãe de Franklin, fala em um tom muito baixo, destinado somente ao seu marido.

Franklin não diz nada e entra direto no banco de trás do carro de seu pai. Ele sabia mesmo sendo um presidente de empresa, sua origem não era da alta sociedade. Era uma origem simples com um trato direto e objetivo, nunca havia tido necessidade de bater em Franklin, mas as palavras de seu pai podiam ter o peso de um tapa.

Quando todos estão dentro do carro, seu pai liga o veículo e começa a dirigir, os segundos são longos e o único som era o motor do carro.

Mas o silêncio é rompido pelo seu pai, ele falava de forma controlada e pausada. Ele estava nervoso

- "Me explique Franklin, um garoto teve a roupa queimada quando tentou bater em você. O que você fez?"

Franklin fica surpreso da maneira como a noticia chegou no seu pai

- "O que? Me bater? Estão achando que eu ando com algo? que coloquei fogo nele?"

- "Não pai! Não foi isso!" - Franklin respira e tenta falar sem se atropelar - "Eu estava no pátio, eu nem tinha visto o Albert. E ele não ia me bater, não íamos brigar, ele não quer brigar comigo... " - Franklin faz uma pausa pois sabe que sua próxima frase poderia gerar problemas - "Ele só gosta de me xingar e me ofender, mas nem isso faz direito... Mas eu estava de costas, eu ouvi ele falando um apelido sem sentido para mim e depois pegando no meu ombro, mas não tinha visto ele chegando, não sei se ele tinha algo na mão, não sei...."


Mas Franklin é interrompido pela sua mãe:

- "Calma filho, já entendemos. Gord, ele esta falando a verdade, ele nunca faria algo assim, no meio da escola. Já fazem 4 anos... ele aprendeu, vemos isso todos os dias. Ele sabe que não deve brincar com isso, somente estudar."

Sua mãe era uma pessoa extramente ponderada, uma das poucas pessoas que Franklin enxergava um intelecto brilhante, maior que o dele e talvez por isso mesmo ela não fosse tão somente a esposa de seu pai, mas também alguém que dava opinião na empresa e na junta comercial de Yorktown. Saber que ela havia entendido deixa Franklin mais calmo.

Seus pais continuam conversando sobre a última rota de caminhões entre Yorktown e Gravity Falls. Mas Franklin fica perdido em pensamentos, dentre eles June aparece com alguma recorrência.

- "Nunca notei June olhando para mim.... "

Franklin nota o carro parando

- "Eu cochilei? Já chegamos? Nossa... " - abrindo a porta ele nota que realmente haviam chegado em casa, finalmente.



Assim que entram seu pai coloca a mão em seu ombro.
Era uma mão calejada, com dedos grossos como salsichas e pesada como uma Barsa, Franklin se vira e olha para seu pai. Ele se ajoelha, ficando na altura de Franklin e diz:

- "Frank. Você sabe que pode confiar em mim e em sua mãe e não estou falando sobre este incidente, estou falando sobre estes caras perseguindo você. Eu posso falar com o Senhor Donatam, nós ajudamos a terminar a obra do ginásio de esportes e o mínimo que ele tem que fazer é não deixar uma merd...... coisa destas acontecer." - Gordon olha discretamente para o lado para ver se Rose havia notado seu deslize. Desta vez ele tinha se livrado.

Franklin apoia sua mão sobre a mão do seu pai e diz

- "Pai, eu preciso lidar com isso. São valentões, fazem isso por que se sentem ameaçado por alguém melhor que eles. Lembra que você me contou que quando conheceu a mamãe os velhos comerciantes torceram o nariz para você?" - Franklin sorri para seu pai - "É a mesma coisa... eles sabiam que você era melhor que eles, que teria mais sucesso. Eu posso lidar com isso pai. Se eu não puder te falo"

Seu pai começa a rir e da um soquinho no queixo de Franklin. 

- "É isso ai garoto, vamos mostrar para eles"

Ainda era cedo e opta em ir para o porão. Coloca seu guarda pó, luvas e óculos, afinal, ele sabia muito bem as regras.. 
E volta a pesquisar, fazendo novas anotações e testes. Algumas reduções e condensações.
Ele não vê o tempo passar, era como se não houvesse distrações... as horas simplesmente voam.

As aulas são morosas e agregam pouco ao conhecimento de Franklin, boa parte da material ele já havia pesquisado na biblioteca, e mesmo os temas que não haviam sido pesquisados, era possível inferir o resultado logo nas primeiras explicações. 

Durante alguns momento Franklin se perde em pensamentos, imaginando que ele mesmo poderia dar aquela aula, com certeza seria muito mais didático e todos o aplaudiriam ao final da aula, seria o paraninfo mais jovem da Churchill.

Mas ele é resgatado de seus pensamentos quando Janet não responde, ele olha ao redor e não a encontra.

- "Muito estranho, ele é uma aluna dedicada. Alguém digna de estar ao meu lado... algo deve ter ocorrido"

Mas como esperado as regras da escola, descoladas da realidade.

No intervalo Frank reúne seus amigos, colegas e outros alunos. Sua personalidade era cativante e ele sabia como usar isso mante-los próximos e criar sua base para a companha de representante de classe. Mas toda aquela agitação tinha deixado ele suando, talvez uma leve febre, ele não sabia ao certo. Mas aquele calor fazia braço direito pinicar por baixo da manga da camisa, aquela cicatriz só o incomodava nestas horas, ele detestava que algo atrapalhasse sua concentração.

Ao ir no banheiro aquela sensação se intensifica e o nervosismo fica latente, mas mãos quentes e secas, a sensação de que a água era mais fria que o esperado.

- "Os sintomas parecem de febre, mas sem suor... talvez ansiedade? Não... não tem motivo...." - ele respira fundo olhando para o espelho - "vai... fica calmo cara, se alguém te ver assim pode ser ruim para minha imagem, ninguém quer um representante de classe nervoso"

Quando ouve a provocação de Albert logo pensa - "Não agora... droga, preciso me recompor, não posso ser visto assim" - e se vira para ver uma cena que o deixa completamente surpreso.

Alberta esta distante dele, com a camisa chamuscada. A primeira reação de Franklin é a surpresa, que o deixa atônito. Mas então ele sente o cheiro.. o cheiro de queimado, aquele aroma reconfortante.

- "Este cheiro.... sintético, essa camisa tem poliéster na sua malha... o esperado para alguém do nível de Albert. Com certeza não tem camisas de algodão de verdade"

Aquele aroma, aquela fumaça no ar acalmam Franklin - "Não posso deixar uma agressão verbal desta passar, mas não sei o que houve aqui. Se ele acabar me agredindo posso usar ao meu favor"

Olhando nos olhos de Albert, que aparentemente esta tão surpreso quanto ele próprio, Franklin lhe responde

- "Frankstein era o cientista. Um personagem brilhante que realizava pesquisas e demonstrava profundo conhecimento em diversas áreas da ciência. Então Albert, você não esta me ofendendo. Mas entendo que seu conhecimento em literatura deva muito parecido com o que você deixou na privada atrás de você. Então pare de me perturbar e vá estudar, quem sabe da próxima você consegue usar algo que seja de fato uma ofensa."

Franklin se mantem encarando Albert, mas no fundo sabe que pode tomar um murro a qualquer momento.