Personagem Janet Wislow

 

- Sim pai pode deixar...

Seu pai a olha estranhamente “sim pai pode deixar”, o que ela estava querendo dizer com aquilo dentro do contexto da conversa? Ele sabia que ela estava estranha, então prefere não forçar nenhuma situação, apenas a abraça, beija carinhosamente seu rosto e lhe deseja uma boa noite.

"Para ver muita coisa é preciso despregar os olhos de si mesmo." - Nietzsche

Janet sentia que após sua conversa com Franklin ela havia definido duas coisas, sua "NATUREZA" e seu "COMPORTAMENTO".

Seu comportamento seria a "face" que apresentaria ao mundo, a mesma que sempre apresentou, a moça bela e adorável, simpática às causas sociais. 

Mas quanto a sua verdadeira natureza, essa ela pode expor um pedaço daquilo que almejava para si mesmo, para Franklin, e isso a atingiu como um ponto de libertação.

Janet estava iniciando um processo de desenvolvimento de si mesma, e isso iria demandar muito tempo e reflexão. 

Assim como Franklin, ela tinha objetivos, mas a si mesmo ela pergunta "quais eram esses objetivos?"

Janet não deixa de sorri levemente pensando que nem ela mesma tinha resposta para si mesma, e isso lhe concedia uma sensação de leveza e liberdade.



Eis que uma teoria lhe vem à mente: "A teoria do caos estabelece que uma pequena mudança ocorrida no início de um evento qualquer pode ter consequências desconhecidas no futuro". 

Para Janet a Teoria do Caos seria um padrão de organização dentro de um fenômeno desorganizado. Se ela pudesse olhar à sua volta, veria diferentes fenômenos que não podem ser descritos ou previstos pelas leis matemáticas, e esse seria o contraponto com Franklin, que baseia todas as suas ações em regras pré-estabelecidas e conexas. 

A proposta junto a Franklin, não necessariamente, tinha como objetivo compelir ele a fazer algo que poderia ser classificado como anti-ético ou imoral, mas sim mostrar a ele mesmo até onde estaria disposto a ir...

Janet aos poucos já emoldurava sua verdadeira "natureza", pois seu "comportamento", de certa forma, já estava estabelecido frente as pessoas que a cercavam.

Já a sua "natureza" seria o ponto de partida para suas convicções e objetivos, mesmo esses ainda não estarem devidamente concretizados em seu ser, e isso que a deixava mais extasiada, pois não se sentia presa a qualquer ordem social, tudo poderia mudar independente da ordem atual, bastava ela querer.

Para isso, era de suma importância estar próximo daqueles que um dia poderiam se contrapor ao seus desejos e convicções, e nesse momento havia Franklin e Sebastian.

Sebastian, embora se comportasse como um rebelde, sua natureza o forçava a viver sob valores morais e éticos impostos pela sociedade que o cercava, mas ele preferia se comportar como um rebelde, de forma a tentar esconder sua verdadeira natureza. 

Já Franklin, esse detinha conhecimento e objetivos quase claros, objetivos esses que demandavam à ele muito tempo e reflexão. Sua vida era um tabuleiro de xadrez em que cada passo deveria ser severamente calculado, para que as perdas, mesmo se ocorressem, fosse mitigadas posteriormente, para que o no final o "fim justificasse os meios".

Diferente de esses dois contrapontos, Janet preferia a liberdade das escolhas de acordo com que decidisse no atual momento. Para ela, não havia o futuro e sim o presente, para ela o teoria do caos se valia mais inspiradora.

Janet acaba por despertar de sua concentração. Todos os dias, ao chegar na sua casa, ela reserva o tempo para sentir seu pode e treinar seus limites. 

A sensação das sinapses em sua mente lhe proporcionando todas aquela capacidade a deixava eufórica.

Se pudesse olhar a intensidade das descargas eléctricas originada entre seus neurónios no uso de seu poder, ficaria dias em completo espécie de coma. 



Janet sabia que detinha um poder que não a limitava à matéria, e isso a tornava muito perigosa.

O bater na porta de seu quarto se torna insistente e estava na hora dela demonstrar seu "comportamento".



Ao abrir a porta ela se depara com seu pai:

- Oi Janet, tudo bem? Pensei em levar você e Alonso para comermos um hambúrguer, faz tempo que não saímos juntos o que acha?

Ao ouvir aquele convite, Janet não deixa de pensar o quão inútil seria perder tempo naquilo, mas precisava manter seu "comportamento":

- Oi... hã...claro pai, vou me arrumar e vamos sim.

Seu pai parecia notar algo nela:

-  Janet ta tudo bem? não vejo mais você sair, chega da escola e vai para seu quarto e fica aqui até o outro dia, ta tudo bem mesmo? Tem ido às aulas? a Igreja?

- Sim pai, está tudo bem, não se preocupe. Logo vou retomar toda minha rotina.

- Está bem...então, te esperamos lá embaixo.

- Ta bom pai, já já desço.

Ao ver seu pai descendo as escadas, Janet pensa que manter seu comportamento seria mais difícil do que esperava...

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'Dado D6' : 3, 5, 6

Ben poderia ser classificado como um jovem quase sem classificações negativas.



Era solitário, mas de uma pureza "Ímpar" em seu coração. Ele ajudava sua mãe em tudo, e quando possível procurava sempre ajudar as pessoas, mesmo as que nem conhecia. Era aquele típico jovem que você poderia se encontrar com ele ajudando alguma idosa a atravessar a rua, ou mesmo, ajudando que um gato desça de uma árvore sem se machucar, esse era Ben, que ao mesmo tempo, com tantas qualidades, ainda sofria abusos do pai.

Janet o olhava tão fixamente, sentada à frente dele na cafeteira, que nem percebe Ben tentando falar com ela:

- Janet...meu Deus, o que você tem? Janet? Janet tá tudo bem?



O olhar de Janet deixava Ben muito incomodado, parecia estar sendo analisado por Janet, o que o deixava muito desconfortável frente à ela.

Janet ao contrário, estava em uma profunda luta interna, em seu íntimo, ela desejava fazer com que ele sofresse, como os demais próximos a ela também sofreram...

Ele se imagina liberando seu poder ali mesmo, fazendo Ben sangrar pelos ouvidos, nariz e boca, não podendo suportar tudo aquilo. 

Aquela possibilidade fazia Janet desejar mais ainda poder liberar todo o seu potencial.




Mas algo ocorre na mente de Janet, será que o poder de Ben o faria suportar tamanha dor? Mas novamente seus devaneios são quebrados pela insistência do jovem em saber se Janet estava bem.

- Janet, você está me ouvindo?Estou preocupado com você.

Janet então pisca seus olhos, toma um gole do seu chocolate quente calmamente e depois olha para Ben.

- Sabe Ben, você não merece isso...

- Merece o que Janet? Não entendi...

- Melhor a gente ir embora, e você ir para a sua casa, é mais seguro.

Ben a olha totalmente perdido, não sabia nada do que Janet estava dizendo:

- Eu...eu...acho melhor ir lá e pagar a conta...

Janet faz menção em tirar o seu dinheiro do bolso para pagar a sua parte, mas bem a intercede:

- Não..não precisa Janet, eu faço questão...

Ben então se levanta e vai até o caixa.

Enquanto isso Janet o observa de longe, ela respira fundo, sabia o que estava com vontade de fazer, mas sabia que não seria certo fazer isso com ele, poderia haver outras pessoas para testar suas habilidades de uma forma mais livre, mais violenta, como por exemplo o pai dele...

Mas então Ben se aproxima, gentilmente coloca o casaco nas costas de Janet e a ajuda a se levantar e sair da mesa, e assim ambos se deslocam para a saída do estabelecimento.

Janet então olha para seu amigo e diz:

- Sabe Ben, eu gosto muito de você, não sabe o como esteve próximo a ser submetido a certas "coisas"...

Ben arregala seus olhos, não entendia o que Janet estava falando, mas prefere ficar em silêncio. Assim ela continua:

- Você precisa começar a entender que "algo" o torna diferente, especial, frente às pessoas dessa decrepita cidade entende? 

Ben engole "seco", estava ouvindo Janet, mas tinha medo de fazer perguntas e ir mais além disso, ou mesmo, "saber" mais além do que queria.

De repente, os olhos de Janet se tornam muito brilhantes, e Ben dá um passo para trás.



- Você deveria falar com Franklin...ele poderá te ajudar.

Vendo aquela face de Janet, Ben apenas se afasta e uns metros mais à frente sai mais acelerado que pode, sob os olhares de Janet,. 

"foi melhor assim meu amigo..."

Janet então vai até a sua casa, tinha muito o que pensar e fazer a respeito de muitas coisas.

JOGADA FORÇA DE VONTADE 17: 14 - PASSOU POR 3

Todo aquele "acesso" àquelas mentes parecia gerar uma espécie de "climax" em Janet.



Havia muitas possibilidades, muitas alternativas, muitos segredos que poderiam ser do seu total conhecimento, mas um pequena "linha moral" impedia ela de acessar tudo aquilo, pelos menos por enquanto...

Janet então sente alguém muito próximo, alguém conhecido, cuja a mente dessa pessoa revelava o sentimento de "preocupação"

"Janet, o que ela tem?"

Janet então para seu "Scan" e olha para a pessoa quase à sua frente, que se tratava do jovem Ben.



- Tudo..tudo bem Janet? Você estava andando e olhando para o "vazio".

Janet olha para aquela figura simpática, e se lembra que seu amigo possui certas características que poderiam classificá-lo como "diferente", ou talvez, igual à Janet e os demais.

Ela o olha com profundidade e então o responde:

- Oi Ben! Estou ótima! e você? Não se preocupe, estava indo para minha casa e pensando em outras coisas que preciso retomar na minha vida, minhas aulas de piano, alemão, francês, meus estudos e meus trabalhos voluntários.

- Ah, sim! Que bom Janet! fico feliz que esteja bem.

Janet o olha com carinho e então continua:

- O que acha de me acompanhar em um chocolate quente e depois vir até a minha casa?

Nesse momento Ben parecia ter tomado um soco no estômago. Ele parecia completamente perdido com o inusitado convite:

- Éhh.., na sua casa? Mas..éhh... não quero incomodar Janet. Acho que seu pai não aprovaria...

Janet o olha profundamente e então completa, segurando as mãos de Ben.

- Meu querido Ben, não estou te pedindo e sim ordenando que venha comigo...

Nesse momento, Ben, olhando para os profundos olhos azuis de Janet, não sabia se a sensação de frio em seu estômago era originário de um sentimento de nervosismo ou talvez muito medo...

Janet se despede do seu amigo Frank e fica de certa forma, satisfeita, pela reação dele frente à sua pergunta.

Frank era de fato seu amigo, inteligente, perspicaz, assíduo em foco definidos, mas ainda era um jovem de 15 anos, um jovem ainda inexperiente em certas situações, assim como Janet também era.



Como é de certa forma "comprovado", as mulheres amadurecem mais cedo, e Janet sentia isso em relação aos jovens da sua idade. Mas algo que ela não percebia ou mesmo, ainda não havia se questionado, era como isso era inserido em sua mente.

O sexo e a violência, estavam de certa forma sendo fundidos em sua mente. O sexo era algo que ela, "involuntariamente", usava a seu favor, de uma forma a intimidar o "adversário", de tentar fazê-lo baixar a guarda frente à ela, como uma fêmea de Louva-deus o faz, para, as vezes, se alimentar...

Mas a questão que se colocava era, o quão Janet estava realmente ciente disso?

De fato, podemos marcar duas divisões distintas na vida dela, uma antes e outro "pós-poderes", pois como se pode observar em seus amigos Frank e Seba, pouco, dentro de um aspecto mental e de atitudes, se mudou neles, muito diferente do que ocorrera com Janet, que desenvolveu uma atitude psicótica.

Anteriormente discutimos o quão a ativação dos poderes mentais de Janet poderia ter, de certa forma, lesionado a região lateral esquerda do córtex pré-frontal (a parte do cérebro envolvida na tomada de decisões e na aprendizagem), desencadeando todo esse processo violento, ou mesmo, apenas ter precocemente adiantado algo que já era inerente à sua personalidade.

Infelizmente, a medicina atual não estaria ainda preparada para responder a tais questionamentos, e diante disso, restando muito mais à ela, o tempo para que possa um dia ter ciência do "marco divisório" em sua vida e assim poder dirimir todas as duvidas existenciais.

Nesse momento, a caminho de sua casa, todos esses questionamentos não passam em sua mente. 

Janet parecia estar em um transe, andando à caminho de sua casa como se estivesse no modo "piloto automático", mas na verdade, ela está numa espécie de "SCAN", fazendo uma leitura mental em toda a área de extensão do seu poder, algo que sempre evitara por uma questão de princípios, mas que de alguma forma, naquele momento, isso a atraia...

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'Dado D6' : 3, 2, 5

Janet estava sentada no banco de uma praça isolada. 

Não sabia ao certo quanto tempo havia estado lá e principalmente como veio parar naquele lugar. Parecia que desde o incidente, sua mente ficara totalmente isolada do ambiente externo.

Janet então sente um frio, mas não físico, sua mente parecia lhe proporcionar um calafrio insuportável, ela sabia muito bem o que havia feito com Bred, mas não tinha coragem de tentar sondar sua mente para saber se estava ou não vivo.

Tudo havia acontecido de novo...o ódio, a matança, o que havia acontecido com ela? Janet fica tremula, olhava para todos os cantos e dava graças a deus de não haver ninguém próximo, ela então não resiste a pressão emocional e começa a chorar em "silêncio"...

   

Tudo estava desmoronando, ela tinha esperança que sua vida começara a voltar ao normal e novamente aquelas coisas retornam à sua vida de uma forma brutal.

Janet chora, mentalmente grita! sua angustia se torna um desespero incontrolável.



Sua mente explode de uma forma dirigida ao seu amigo que mais necessitava naquele momento...Frank.



- FRANK!!!! EU FIZ DE NOVO!!!!! FRANK ME AJUDA!!!!!

JOGADA DE TELESEND NH 14: PASSOU POR 4.

Frank será arrebatado por uma imagem violenta de Bred dentro de um carro, junto com o som de Janet gritando em sua mente, que lhe causará um desconforto mental súbito.

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#1 'Dado D6' : 2, 6, 2

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#2 'Dado D6' : 1, 6, 3

O período matutino das aulas transcorre normalmente para alívio de Janet.

Aos poucos ela se sentia normal perante as outras pessoas, e para a sua surpresa, também se sentia solitária.

Quando vai saindo da escola ela repara nos pequenos grupos de moças e rapazes juntos, conversando sobre futebol, sobre maquiagem, programas de TV, carros, meninos que se sentiam atraídas, ou seja, tudo aquilo que seria normal para alunos de uma escola.

Caminhando pela calçada em direção à sua casa, com seus material sob seus braços, o pensamento de Janet se concentra naquela situação, aos poucos ela percebe que para ela, seus amigos mesmo eram Frank e Seba, mas ambos, ou melhor Frank, ainda estavam muito envolvidos com os recentes acontecimentos, acontecimentos esses que ela precisava se distanciar.

No caminho, seus pensamentos são interrompidos por uma Buzina de um carro, que se aproxima ao lado dela e para.

     

Quando Janet olha, percebe se tratar de Bred Thompson, o jogador de futebol da escola que parecia querer...conhece-la.

Ele abre a janela, e com um sorriso fala com Janet:

- Oi Janet! tudo bem? quer uma carona? ta nevando e tá frio, posso te levar?

Janet não sabe muito bem o que dizer, mas aceita a proposta.

- Ta bom Bred...agradeço.




No caminho, Bred tenta puxar assuntos diversos, como o retorno das aulas, férias, futebol, etc. Janet como sempre procurava ser simpática, tentando parecer normal e principalmente, interessada naqueles assuntos, mas ela sabia que se quisesse realmente voltar ao normal, ela teria que suportar certas "normalidades" de garotos da escola.

No caminho, em determinado tempo, ela percebe que o caminho à sua casa, havia sido mudado:

- Humm.. Bred, o caminho para minha casa não é esse. Ta me levando para onde?

O semblante de Janet havia mudado, de uma forma que Bred havia reparado bem:

- Calma Janet, só estou levando a gente para dar uma volta, as aulas acabaram hoje, dá para a gente conversar bastante.

Janet ouve aquilo com uma certa irritação, infelizmente, jogadores de futebol sempre se posicionavam como os "deuses", como se todas as mulheres estivessem a disposição de suas vontades... mas dessa vez ele se enganara, pois Janet não era esse tipo de mulher.

Dessa forma, Janet responde à ele apenas com um silêncio, pois uma parte "escura" dela, queria saber até onde isso iria.

Durante o caminho, Bred havia ficado mudo, não havia dito mais nada depois de ter dito à ela que iria apenas passear. 

Janet procurou ficar também em silêncio, e para nervosismo de Bred, o rosto dela estava sempre voltado para ele, o olhando e esperando o momento de seu verdadeiro intuito.

 

O olhar de Janet era intenso e seu semblante demonstrava total neutralidade para mais nervosismo de Bred, por que talvez o Jovem esperasse que ela reagisse com medo ou talvez com uma curiosidade em poder ficar com o jogador de futebol, mas Janet não demonstrava nenhum desses sentimentos, ela apenas se limitava a observá-lo.

Após alguns minutos, Ele para o carro num lugar mais afastado, e encosta seu carro no encostamento de uma estrada.



Ele desliga o carro e Janet repara em suas mãos suadas e tremulas...claramente ele estava bem nervoso.

Janet quebra o silêncio:

- Por que me trouxe aqui Bred? Algum motivo específico?


Janet continuava o olhando e inevitavelmente começou a sondar seus pensamentos, neles, sentia no jovem medo, nervosismo, e aquele desejo por sexo com ela... de uma forma obrigada...

A pergunta de Janet parecia ter despertado Bred que se lança contra ela na tentativa de beijá-la.

JOGADAS:


- TELESCAN - NH 15: PASSOU POR 5


- MENTAL STAB - NH 16: PASSOU POR 6


A reação de Janet havia sido imediata, sem ao menos precisar se mover um centímetro. 


Quando Bred se aproximou dela abrutamente de forma a forçá-la a beijá-lo, sentiu uma forte dor na cabeça que o fez recuar violentamente, batendo sua cabeça no vidro da porta do carro, fazendo-lo quebrar na hora.


Bred começava a gritar, a dor em sua cabeça era lacerante, parecia sair algo como sangue de seus ouvidos e nariz, sob olhares de Janet que apenas observava tudo, sem se mover, de certa forma se deliciando com todo o ocorrido.


O jovem se debatia dentro do carro, gritava, pedia aos deuses para que tudo aquilo parasse, mas a dor continuava a consumi-lo.

Janet então sai do carro calmamente, e enquanto se distanciava, virada de costas para o veículo, podia sentir o corpo de Bred se debatendo dentro do carro, mas não por vontade própria, seu ódio fazia com que seu poder telecinético o forçasse a se debater com toda a força, fazendo com que seu sangue se espalhasse pelo para brisa e bancos, era como se estivesse alguém com ele dentro do carro o batendo violentamente, fazendo com que sua cabeça quebrasse frente as insistentes impactos contra o volante e para brisa, até o momento que Janet apenas ouve o barulho contínuo da buzina do veículo, sendo apertada pelo peso do corpo inerte e inconsciente de Bred dentro do carro, envolto em sangue.



Janet apenas continua sua caminhada de volta para sua casa, sem olhar para trás, pois para ela, não havia mais nada a ser visto ou feito pelo rapaz.

Janet finalmente consegue descansar, mesmo ainda não entendo tudo que se passa na vida dela. Ela havia mudado demasiamente, porém um pouco mais confortada por seu pai e seu irmão estarem bem. A manhã é gélida, seus pés, embora usando meias estão congelando, mas ela abre os olhos e vê o início de um novo ano. Ao mover o pescoço, olha pela janela e vê alguns flocos de neve caindo. Espreguiça, senta-se na cama e o bilhete deixado por seu irmão repousa-se sobre a cama. 

"Bred?"

Ela possui uma vaga lembrança deste garoto. Talvez o tenha visto nos corredores da escola, mas nada que tenha chamado a atenção dela certamente. Recosta-se na cama e tenta lembrar...


"Sim...sim...é ele. Franzino e um tanto quanto descoordenado. Sim...Ele detestava as aulas de matemática, porém possuia uma grande facilidade em oratória. Sim. Bred Thompson". 

Logo após o natal, Janet esteve na diretoria da escola explicando que deverá se ausentar, durante a semana, para assistir e observar a recuperação de seu pai, o que lhe foi prontamente atendido, devido as questões de saúde da família.

O frio era muito intenso, mas mesmo assim, ela se atenta a cuidar de seu pai, de manter seu irmão indo para a escola e dos afazeres da casa.

Havia resolvido sair o menos possível da sua casa, precisava de um tempo, de colocar a sua cabeça em ordem e principalmente de se isolar e esquecer todo o ocorrido.

Em tempos vagos, procurava estudar alemão, francês, Piano, ler seus livros de direito, das matérias da escola, ou as vezes se pegava olhando para o vazio em direção a janela do seu quarto observando a neve cair intensamente.



Janet, durante esse período, agradecia muito a família de Frank por intermédio da Sra. Knopfler. Não havia também tentado nada em relação aos seus poderes, e na menor das hipóteses quando os sentia, respirava fundo e se concentrava para que não fossem "ativados".

A noite, solitária em seu quarto, pensava em Ben, Frank, Seba e June...onde estariam, e se estavam bem, mas sabia que se houvesse algo de ruim, as noticias viriam rápido naquela cidade.

No ultimo dia do ano de 1974, Janet acorda se sentindo muito bem. Seu pai parecia estar muito melhor e ela se junto a "Ali" e seu pai na mesa do café da manhã.



Seu pai havia preparado panquecas, o que ela adorava, e "Ali" se deliciava com um farto prato com ovos e bacon.

Assim que Janet se senta, o Sr. Wilson olha para a sua filha, ela estava crescendo e se tornando uma mulher linda. 

Ele segura suas mãos, gentilmente e diz:

- Obrigado por toda a ajuda filha, sinto um orgulho enorme dessa família, de todos vocês e dos amigos que temos.

Janet aperta sua mão e o abraça.

- Sim pai, apesar de tudo que passamos ainda estamos juntos, isso que importa.

Se servindo de uma farta panqueca, Janet diz à eles:

- Muito bem meus homens lindos que amo, o que faremos nesse ultimo dia de 1974? 

Nisso, Alonso entrega um bilhete para Janet, e quando ela lê, vê que se trata de um numero de telefone. Ela então o olha surpresa, com aquele ar de indagação. Então Alonso logo a responde: 

- Ahh... é aquele jogador de futebol do ultimo ano, o Bred Thompson. Me enche o saco me perguntando que você sumiu da escola e se estava tudo bem. Eu disse que sim, mas ele toda a vez fica me enchendo com a mesma pergunta, dai ontem ele me deu esse bilhete para você ligar para ele.

O senhor Wilson logo ri, Janet olha ara seu irmão e responde.

- Obrigado "Ali", agradeça seu amigo pela preocupação...

- Ele não é meu amigo, só fala comigo por causa que eu tenho uma irmã gata.

O Senhor Wilson cai na gargalhada e Janet fica rubra de vergonha, tinha se esquecido de como era assediada pelos "boys" da escola.

- Mesmo assim agradeça a ele... se eu puder eu ligo mais tarde.

Janet na verdade nem se lembrava muito do rapaz, mas a situação a fez se sentir bem, a fez se sentir em sua normalidade, algo que tanto almejava.

Janet aproxima-se do hospital e encaminha-se para a sala de emergências. O frio estava severo, mas ao chegar retira seu gorro e suas luvas. À porta a movimentação é consideravelmente tranquila e vê o simpático policial Wagner a conversar com Dr. Benner enquanto saboreava uma rosquinha e um copo de café. Olha ao redor mas não vê Alli, talvez tivesse ido ao banheiro, ou no quarto do hospital falando com seu pai. 

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'Dado D6' : 3, 4, 3

Já havia amanhecido e Janet, juntamente com seu irmão, se encontravam no centro de emergências de Yorktown.

Janet e Alonso estavam muito cansados, se encontrava sentados numas cadeiras na área de emergência do centro médico. O Dr. Banner já havia se encontrado com eles informando sobre o estado "estável" do senhor Wislow e que ele estava sob observação.

Janet havia recebido a visita dos pais de Frank e agradeceu todo o apoio vindo da família naquele momento difícil.

Passado algumas horas, ela se vê ali, observando toda aquela movimentação



"Ally", estava com seu corpo encostado no dela e dormindo, com sua cabeça sobre os ombros de Janet. Aquele movimentação e principalmente o lugar não estavam deixando Janet em paz...

"- Infelizmente sua avó faleceu esta manhã..."
"- Ministrar ao senhor Parker 20ml de ...."
"- Cuidado! ele está tendo uma parada cardiorrespiratória..."
"- O paciente deve ser removido para a área leste..."
" - Meu deus eu vou morrer...eu sei que vou morrer.."
"- Minha família, meus filhos, onde estão...?"



"- Pai nosso que estais no céu, santificado seja vosso nome..."
"- Arrependes de teus pecados Sra. Lilian..?"
"- Não choe mãe, tudo vai ficar bem, ficaremos bem..."

Aquelas mentes, aquelas "vozes", aquelas pessoas, tudo parecia entrar na mente de Janet, umas chorando, outras implorando, era um lago de dor e imensidão de lamentos. Janet não se aguenta e se levanta abruptamente, para susto de Alonso.

- Janet o que houve!?

- Eu..eu preciso sair daqui, preciso de um tempo "Ally"...me, me desculpe, fique aqui, eu já volto.

Ela então sai e caminha pelos corredores do centro de emergência, um mapa lhe chama a atenção, pelo fato de um local que havia visto em sua varredura mental quando estava em sua casa, parecia ser longe e quando ela se atenta ao mapa, o local estava a 12km de distancia... Janet nunca havia conseguido atingir uma distancia tão grande em seu poder mental...o que havia acontecido?

Olhando no chão, para evitar outros olhares, tentar evitar aquelas vozes mentais, ela se dirige para a saída até que se tromba com o carismático policial Wagner

 

- Oh meu deus, me desculpa, Janet não é? tudo bem minha querida? soube de seu pai, fique tranquila, ele é uma pessoa muito boa, logo estará recuperado, precisando estaremos a sua disposição.

Janet o observa rapidamente, e o policial Wagner estava acompanhado de 4 do seus 8 filhos, mas ela não tinha tempo para conversas, precisava sair daquele local

- Obri...obrigado policial Wagner, eu..eu só preciso sair um pouco.


- Claro, claro minha jovem, ele está sendo bem tratado tenho certeza disso, fique em paz.

Janet passa pela porta e sente a neve cair sobre a sua face, precisava se sentir fora de tudo aquilo.



A neve naquele dia 24/12/1974, parecia mais grossa, pesada, estava muito frio, e sem perceber, Janet se vê andando pela cidade, tentando se desvencilhar de tantas mentes que inevitavelmente conseguia "ouvir".

Em sua caminhada solitária, ela pensava o por que havia tantos contratempos em sua vida. Tudo que ela queria era uma vida normal, mas depois dos últimos acontecimentos, parecia que tudo convergia para uma vida de problemas e desgraças. Será que deveria se mudar? se isolar por completo? fugir...? NÃO! como ficariam Alonso e seu pai? não poderia fazer isso, não poderia abandoná-los como sua mãe havia feito.

Era estranho ter acesso a tantas mentes e se sentir sozinha, parecia que ninguém conseguia se conectar à ela...Ben? ele parecia tão sozinho quanto ela, talvez ele não pudesse ajudá-la também. 

No banco da praça central, há alguns quarteirões do centro de emergência, ela estava sozinha, observando as poucas pessoas que ainda estava na rua, era véspera de natal, muitos faziam as comprar de última hora.

 

Ao longe, ela observa alguém em especial...era Ben, andando sozinho, observando as lojas, as pessoas, andando pelas ruas... Ela então tenta chamar a sua atenção com seu poder, dizendo apenas "Oi Ben".

- JOGADA TELESEND NH 14: PASSOU POR 4





Ben, sem entender muita coisa, olha em direção à Janet, ele fica se sentindo estranho, pois parecia que o "Oi Ben" fosse de uma pessoa que estivesse do seu lado, mas Janet acenava lá do ouro lado da rua, lá ao fundo na praça...que estranho.

Ele atravessa a rua, sob a neve que cai, e se aproxima de Janet.

- Oi Janet, nossa você gritou? podia jurar que você estava atrás de mim 

- Não se preocupe com isso Ben, senta aqui, vamos conversar.

Ben, um tanto tímido se senta junto à ela.


- Não precisa ficar tímido ao meu lado Ben, você é meu amigo lembra?

- Queria te dizer que se precisar de alguma coisa estou aqui tá, soube de seu pai, estamos em Yorktown, todos sabem das coisas, as vezes odeio essa cidade, também queria se desculpar pelo que ocorreu lá na Odissey, como sou um bobo, meu deus, podia ter agido de forma a te proteger, sei lá.

- Não precisa me proteger Ben, sei me cuidar.


- Falando nisso, você se levantou estranha, seus olhos pareciam mais azuis...

Janet corta Ben, mudando de assunto.

- Queria falar com você a respeito daquela moça que você gosta.

Bem fica um tanto surpreso por Janet ainda lembrar disso

- Ah..sim... nossa Janet, obrigado, o Frank também esteve comigo aquele dia, ele é legal, queria também me ajudar, até me pagou uma torta. 

- Ele é uma pessoa boa Ben, fique perto dele e de Seba, vão te proteger quando você precisar.

- Bom saber disso Jante. Então, é sobre "Sue" ela me deixa estranho, acho que estou gostando dela, mas não sei o que fazer, nunca estive com ninguém, também... o que um moleque como eu tem de especial?não sei como me aproximar, acho que se eu tentar chegar nela tenho certeza que ela vai me ignorar.

Janet ouve atentamente Ben, era uma pessoa boa, com uma vida complicada, talvez isso fosse o motivo de agir de uma forma com tamanha baixa estima. Mas aquela conversa estava sendo boa, Janet precisava se desligar de tudo um pouco e estar com Ben a deixava calma.

Ela então repousa sua mão sobre a dele e o olhando nos olhos o observa atentamente, o deixando paralisado



 - Ben.. preste atenção no que vou dizer, você é especial, mais do que sabe sobre você mesmo. Você só precisa trabalhar mais em você mesmo, pois o único obstáculo é você mesmo, acredite em você, na sua capacidade.

- Mas..mas...Janet, você é linda, acho que a moça mais linda da cidade, do estado, do país, sei lá, para você é fácil falar (ele ri timidamente) quem não fica atraído por você? quem não iria querer ficar com você? agora olha para mim? sem chance...

Nesse momento Janet coloca um de seus dedos nos lábios de Ben.

- Shiii.. como eu disse...a partir de hoje você vai acreditar em si mesmo...feche os olhos Ben...

-  O que? como disse Janet?

Ben parecia que estava tremendo, não de frio, parecia assustado, aqueles olhos de Janet...eram intensos, o paralisavam...



- Apenas feche seus olhos...

Ben não sabia muito ao certo o que estava acontecendo, mas acaba por fechar os olhos. Ele sentia que Janet se aproximava, sentia seu rosto se aproximar mais ainda, de repente seus lábios tocam os dele, de uma forma suave, sensual...seu primeiro reflexo é de se afastar, por respeito que tinha para com Janet, mas ela não permite isso, então ele sente seus lábios serem abertos levemente e os lábios começarem a lhe beijar de um jeito que nunca sentiu em sua vida.

 

Ben age naturalmente, se deixa levar pela boca de Janet, aquilo era algo maravilhoso, todo aquele carinho, todo aquela energia, todas aquelas reações químicas inundando seu cérebro...ele desejava que tudo aquilo fosse eterno.

Então para de beijá-lo, e o olha.



- Não fiz por "pena" de você Ben, fiz por que seu jeito, seu "eu" verdadeiro, me trai de outras formas, seja seu "eu" e conquiste "Sue". Se ela não se interessar por você, então meu "amigo" você merece muito mais.

Janet então se levanta, beija o rosto de Ben carinhosamente, e se despede, o deixando completamente atordoado no banco da praça.

- Você é especial Ben, mais do que imagina. Fica com deus.

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#1 'Dado D6' : 4, 3, 4

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#2 'Dado D6' : 1, 1, 5

Era estranho que naquele momento, com seu pai caído na cozinha, com aquele música ao fundo tocando, havia uma divergência de sentimentos. 

A música transparecia paz, alegria, mas a primeira reação de Janet era de que seu pai pudesse ter sido atacado por alguém ou alguma coisa que ela pudesse ter confrontado anteriormente...



Por puro reflexo, seus olhos brilham num azul extremamente intenso, a ponto de iluminar alguns objetos que refletiam essa luz. Janet sem perceber, por puro instinto, faz uma varredura psíquica pela casa e região.

- JOGADA TELESCAN NH 15: PASSOU POR 4







Tentava procurar alguém estranho nas proximidades, sua varredura vai aumentando, e aumentando, 1 Km, 4 KM, 8KM... então ela acaba por perceber que sua varredura começa a alcançar um raio muito maior do que ela estava acostumada...fazendo com que ela forçasse mais ainda a varredura.






Sua concentração é quebrada pelos gritos de "Ali", seu irmão mais novo.


- Pai!! pai!!!! Janet meu deus o que aconteceu??


Janet recobra sua atenção ao pai e seu irmão, ela então se aproxima rapidamente ao lado do pai e começa a fazer os primeiros socorros para tentar ver qual era a atual situação.


- PRIMEIROS SOCORROS NH 13: PASSOU POR 6



Ela precisava ficar calma, pois somente estava com "Ali" próximo a ela. Rapidamente ela se vira para ele e energicamente diz:


- "Ali"! pegue o telefone e ligue para emergência imediatamente! 


- Eu..eu...


Claramente "Ali" estava em choque, mas não havia tempo para isso.


- Vamos "Ali"!!! pegue o maldito telefone e ligue para a emergência!!! 


O grito de Janet desperta seu irmão da paralisia e ele corre para a sala fazer a ligação.


Enquanto Janet está debruçada em seu pai, observando os sinais vitais, sua mente está atenta a qualquer outra coisa nas proximidades.

Hellen era uma mulher de muita elegância e classe. Sua casa possui aromas de diversas plantas e ervas que ela cultiva. Alecrins, manjericões e cascas de limão espalhadas na sala de estar de sua casa davam ao ambiente uma sensação de calma, energia positiva e tranquilidade. 

Após uma longa e produtiva conversa, Hellen antes de despedir-se de Janet na esperança de dar-lhe uma carona olha profundamente em seus olhos e diz:

"Nunca perca sua essência. Ela e o tempo são as maiores preciosidades que você possui. Não perca aqueles que estão ao seu lado e lhe querem o bem. Saiba de uma coisa Janet, este aprendizado vem com experiências e experiências. O que hoje lhe parece ruim talvez tenha vindo para seu bem, e aquilo que lhe parece bom, tenha vindo para seu mal. Olhos atentos e ouvidos aguçados. As fugas são mais fáceis realmente...mas duvido que você tenha crescido para ser uma fugitiva. Seu pai nunca fugiu de suas dores em nome de seu bem. Siga o exemplo dele."

Janet estava muito triste em se separar de seus amigos, mas era necessário para tentar ter sua "antiga" vida novamente.

Ao chegar próximo à sua casa, percebe a senhora Hellen Hupenfarth tendo dificuldades em carregar algumas sacolas. Então ela se aproxima e se oferece para ajudá-la.



- Bom tarde Sra. Hellen, deixe-me ajudá-la.

Um pouco assustada pela aproximação inusitada, a Sra. Hellen olha para Janet.

- Oh..Oh... Janet? oh meu deus que surpresa minha querida, não há via faz um tempo. Nossa me desculpa, se acabei a assustando com você, é que você sabe né, tem muitos tarados por aí.

Janet ri daquele comentário e começa a ajudar a Sra. Hellen a colocar suas compras na seu carro, um Chevrolet Caprice 1972.



A Sra. Hellen, com a ajuda de Janet, coloca suas coisas no carro, fecha o porta malas e se dirige à ela:

- Venha minha querida até minha casa, e entre no carro está frio, assim você me ajuda a colocar as coisas lá dentro.

Não era os planos de Janet, mas resolve aceitar o convite.



A Sra. Hellen morava em uma casa muito bem cuidada e relativamente grande para quem morava sozinho, e também era conhecida por ser uma viúva de posses. 

Seu marido havia falecido a uns 10 anos atrás, e pelo que se sabe, era um funcionário do alto escalão do governo na época. Ela tinha um filho, que devia ter uns 50 anos e morava na Inglaterra.

Janet cuidadosamente retira as coisas da Sra. Hellen do carro e se dirige a porta de entrada. Assim que a Sra. Hellen abre a porta, Janet adentra a casa e fica surpresa por ela ser tão limpa e tão organizada.



- Venha minha querida, coloque as sacolas naquela mesinha e venha comigo tomar um chá.

- Não quero incomodá-la Sra. Hellen.

- Não, não minha querida, é muito bom ter uma companhia agradável, vindo de uma moça tão linda, nessa cidade de Tarados! 

Janey então segue a simpática senhora com um sorriso no rosto, devido a insistência da Sra. Hellen em falar de Yorktown como uma cidade de tarados.

Ao se sentar em uma mesa para tomar o chá, ela percebe o quão cuidadosa com seus pertences era a Sra. Hellen. A mesa estava sendo arrumada, com a ajuda de Janet, que seguia cada instrução "a toalha se coloca assim querida" - "pegue aqueles talheres e xícaras" - "vamos colocar aquelas flores".



Assim que tudo está arrumada numa mesa próxima a janela, a senhora Hellen percebe Janet perdida em pensamentos observando a neve cair lá fora.

- Está tudo bem minha querida? parece perdida?

- Oh.. minhas desculpas! eu.. estava pensando apenas, ah... o chá o bolo e tudo isso está maravilhoso, agradeço o convite Sra. Hellen.





- Ohh..muito obrigada, mas me chame de Hellen. Mas me conte o que está acontecendo? claro se estiver disposta a isso. Sou médica de formação e PHD em psiquiatria e psicologia. Mas estou aposentada claro, mas disposta a te ajudar.

Janet olha aquela figura carismática, aqueles olhos carinhosos e com desejo em poder realmente ajudá-la, de uma forma natural e não utilizando qualquer outro tipo de coisa, tipo..."um poder"

- Nem sei como começar senho... Hellen. Venho passando por conflitos, eu diria internos, que recentemente me fizeram se afastar de meus amigos, pessoas que amo, mas que não posso correr o risco de prejudicá-las por causas desses problemas, conflitos. Venho sentido que minha vida parece manipulada, sinto como se cada passo meu em minha vida já estivesse pré-determinado e que de alguma forma, "forças" exteriores lutam para me manter nesse caminho, e o que estou tentando fazer é mudar isso, seguir meu próprio fluxo, nem que isso seja perigoso para mim mesmo. Não posso ser protegida para sempre, tenho uma vida e com ela riscos que preciso assumir.  

Hellen ouve tudo atentamente, toma mais uma xicará de chá e serve mais um pouco para Janet.

- Primeiramente, ignorar os conflitos "internos" é o pior a fazer, dessa forma, você já começou a agir corretamente. Existe em nós seres humanos, os chamados conflitos existenciais e emocionais. Caracterizo os conflitos existenciais os questionamentos que fazemos sobre aquilo que sentimos ou pensamos sobre nós e a vida. Por vezes chegamos a questiona-la, de maneira tal, que, nos falta sentido para a própria existência ou sobre o mundo que nos cerca. Esses conflitos lembram-me, filosoficamente, falando os questionamentos: Quem eu sou? De onde vim e para onde vou? E o mais complexo, que decisões tomar com as nossas emoções? O que fazer da minha vida?

Hellen se serve de mais um pedaço de bolo de laranja e continua:

- Assim, também são os conflitos emocionais, porém estes estão diretamente ligados aos conflitos entre a mente e o coração. Hora nos sentimos tristes, felizes, e hora não sabemos o que estamos sentindo e o por que de tantas emoções e sensações conflituosas. Não há como pensar em conflitos existências sem liga-los ao nosso estado emocional Janet. Organizar essas gavetas mentais e emocionais significa buscar o equilíbrio dentro de si. 

Janet ouve tudo atentamente enquanto toma seu chá. Assim Hellen continua:

- Numa primeira análise minha querida, acredito que esteja com esses dois conflitos dentro de si, que estão em igualdade, ocasionado por algum fator determinante que ocorreu em sua vida recentemente. De qualquer forma, sempre existe escolhas a serem seguidas, que caberá a você determinar qual vai ser o próximo passo a seguir.  Para Freud, os conflitos internos são criados e resolvidos por duas partes, uma que reconhece o desejo e a outra que luta contra, para evitar se prejudicar. E o conflito deve ser resolvido o mais rápido possível sob pena de arcar com prejuízos com os quais não poderemos lidar. termino aqui dizendo, lute contra esse conflito, de duas formas, ou tenta entende-los ou os ignore por completo!  Não os "alimente" para que perdurem dentro de si. Não irei aqui lhe dizer como deverá agir, acredito que você, acima de qualquer especialista, tem total compressão de como esses conflitos interagem dentro de si. 

Ouvindo tudo aquilo Janet se sente um pouco mais aliviada. Sim, ela não queria um "passo a passo", mas sim força para poder entender e continuar sua jornada.

Após toda aquela conversa que acabou no final a Sra. Hellen falando um pouco mais da sua vida e de sua família, Janet se despede agradecendo a tarde maravilhosa.

- Obrigado por tudo Hellen, entrei uma pessoa "confusa" e saí mais elucidada.


- Fique a vontade minha queria, estarei sempre aqui para lhe auxiliar, és uma jovem linda, e encantadora, e forte também! Acredito que logo vencerá todos esses conflitos, afinal, fazem parte da nosso desenvolvimento como seres humanos. 

Ela gentilmente recusa a carona que Hellen estava disposta a dar, precisa andar mais um pouco, faria bem para ela.

A conversa entre Ben e Janet é meio desconfortável. Muito mais por conta de Ben que claramente era um menino desajeitado e tímido. Em claro sinal de gagueira entre uma frase e outra ele sempre leva um enorme tempo em suas respostas. 

"É....é...é....ficar doente? É...é....é....quem, quem, quem não fica né Janet? Já...é....é....é...fiquei algumas vezes mas tudo sempre curou-se tão rapidamente! Meu pai diz que bé proteção divi...divi...divina...Não acredito muito nestas coisas, mas quem sabe, né? O...o....obrigado por estar aqui comigo."

Janet sempre percebeu um certo nervosismo em Ben, porém nunca notara esse sintoma tão intenso de gagueira. 

A garota de vermelho ainda de costas coloca outra canção no Juke Box, mas Janet consegue perceber alguns movimentos de seu pescoço em direção à mesa deles. Uma nova canção começa a tocar e claramente Janet observa algumas lágrimas escorrendo na face de Ben.

O lugar tinha seus encantos e os proprietários pareciam ser bem simpáticos.



Assim que o Garçon "Arny", educadamente se aproxima e tenta ajudar Ben, ela sente um "pesar" no rapaz, apesar de parecer mais velho, parecia visível que o rapaz teria tido uma vida difícil, ou quem sabe, algum trauma...

Janet sempre se dispusera a ajudar as pessoas, e fica tentada a oferecer sua simpatia ao garçon, mas desiste e se concentra em Ben. 

Ela se pega com duas atenções naquele momento, a moça de vermelho e o ferimento do amigo.



Ele acaba observando primeiro Ben, seu ferimento, seu jeito, então coloca sua mão sobre a dele e pergunta:

- Ben... por acaso você já ficou doente? já se feriu de forma a achar que teria sido mais grave o ferimento? pergunto isso para que saiba que estou aqui para te ajudar, caso necessite querer contar algo.

Janet, fica olhando para ele fixamente, mas sua atenção estava dividida para com a mulher de vermelho, alguma coisa nela havia chamado sua atenção.

Ela fica tentada a usar seus "poderes" para tentar descobrir um pouco mais sobre a mulher, mas prefere não fazer aquilo, pois tinha um receio sobre as consequências, então ela respira fundo e tenta se concentrar mais em seu amigo.

Janet sai de seu banho e veste-se elegantemente. Um casaco marrom, calças justas e com um tom de azul idêntico aos seus olhos e um  sapato também marrom para combinar com o casaco. Vaidosa como sempre, abre seu armário e pensa no perfume que poderia usar. Dentre eles ela pensa com calma o que seria mais adequado para o momento tendo em vista que Ben queria apenas conversar, mas não seria uma conquista. Ao menos era o que ela imaginava.



























Janet observa o olhar desajeitado de Ben, mas o respeita, assim como ele a respeitou desde então Uma música começa a tocar e Janet solta um sopro de alívio por finalmente poder ser ela mesma sem a interferência de alguém. Ela adorava essa música e ao voltar seu rosto para a máquina de vitrolas que alí estava vê novamente aquela figura toda de vermelho.

Janet vê até certa graça naquilo tudo, sabia que existia muita gente que queria sair com ela, que de certa forma, era considerada, talvez, uma das moças mais bonitas da cidade, mas ela nunca ligou pra isso, sempre tentou ser simpático com todos, mas sabia que algumas pessoas intransigentes nunca teriam essa oportunidade, e Ben não estava nesse "rol" de pessoas.

Ela espera ele se organizar após a caída do telefone, ele estava muito nervoso, era nítido, ela fica pensando o quanto ele deve ter se preparado para poder fazer esse convite à ela.

Ben, era alto, e avantajado em sua reserva de gordura pelo corpo. Tinha um "cabelinho" castanho, um pouco crespo e bochechas bem rosadas, era na verdade um "fofo".



Após ela perceber que ele tinha se arrumado com o telefone no ouvido, ela o responde.

- Ben meu querido...olha...É LÓGICO QUE ACEITO SEU CONVITE!  

Janet queria muito ter destacado o suspense na aceitação do convite de Ben. Ela então continua:

- Vamos ver aqui, agora são 11:19, que tal as 12:30? preciso me arrumar, não irei a um primeiro encontro com você toda descabelada né! às 12:30 vou estar lá na Odisséia, te espero, beijos!

Janet desliga o telefone e resolve tomar outro banho, mas antes vai até seu pai e diz

- Pai, não vou almoçar aqui hoje, vou naquele lugar "Odisséia" almoçar com o Ben...

Naquele momento seu irmão aparece comendo uma broa.

- Você vai sair com aquele gordo???? hahahaha! Caramba Janet, vai acabar com a sua reputação na cidade! hahahaha

- Ahhh sossega "Ali", eu gosto dele, é sempre muito educado comigo, e vamos somente almoçar, comer alguma coisa e conversar. Estou precisando ter uma conversa "normal", com gente "normal" um pouco. Bom, vou me arrumar, beijos pra vocês.

No momento que ela diz "normal", seu pai e seu irmão se olham sem entender nada, mas não a interrogam.

Janet então vai para seu quarto, toma outro banho, escova seu cabelo e se prepara para uma saída normal de uma moça de 15 anos, passa pouca maquiagem, e coloca uma roupa quente, pois estava muito frio e teria que ir a pé até a Odisséia, pois sabia que Ben não tinha carro.



Ela queria estar linda para Ben e fez questão de dar atenção a isso, ele merecia.

Janet simplesmente apaga. Estava exausta, preocupada e ainda sem entender muito tudo pelo qual estava passando. Ouve o barulho da porta de seu quarto sendo aberta, abre os olhos com lentidão e percebe que era seu pai. 

Olha pela janela e já era dia. A neve aumentara pela madrugada aparentemente.

"Meu anjo, preparei seu café da manhã.  Alimente-se bem."

Por um segundo Janet sente-se em paz e segurança. Seu pai estava ali e aquele homem forte e batalhador sempre foi seu orgulho. 

Acomoda-se na cama agradecendo o gesto carinhoso de seu pai e delicia-se com os ovos, 2 fatias de Bacon, 2 fatias de pão fresco, cujo o aroma ainda estava deliciosamente espalhado pela casa e uma bela xícara de café. 



Parecia que ela não vivia aquela sensação há séculos.

Levanta-se vai até a cozinha e dá um abraço carinhoso em seu pai e seu irmão e logo em seguida segue para seu banho..e tentar iniciar seu dia.

Ao máximo tenta afastar seus pensamentos. Talvez não fosse o momento para refletir sobre tudo o que passou. Frank, Sebas...a preocupação existe, porém ela sente que seja o momento para focar em si mesma.

Retorna para seu quarto, observa que a neve estava menos intensa e pela janela observa seu pai com uma pá limpando a calçada de entrada. Apesar de forte seu pai sofrera muito na vida...Mas sempre esteve ali para sua família.

Janet observa um carro passando e no banco de passageiros consegue notar que era Frank. O carro simplesmente segue seu caminho em direção ao centro da cidade.

O telefone toca e ela prontamente atende de seu quarto.

"Janet? Bom dia, digo é quase boa tarde né? É...Ben. desculpe se estou incomodando, posso ligar depois...é...mais tarde, amanhã, quando você preferir. Não sei você, mas preciso sair um pouco. É...você é minha amiga. É....minha única na verdade.


Existe uma lanchonete ali perto da escola, talvez você conheça, chama-se "Odisséia". Desculpe-me...não se sinta obrigada...Janet, não deveria ter ligado."

Ben fala, fala, fala e Janet percebe claramente o nervosismo dele. Certamente estava envergonhado.

"Eu...é....é...só queria conversar mesmo tá? Nada importante não,  se me falar um não agora eu vou continuar lhe admirando."

Janet ouve um sussurro....

"Aí Ben você é um palerma. Gordo idiota!"

Era ele mesmo tentando encobrir sua própria voz, claramente sem sucesso.

Janet ouve um barulho, como algo caindo....

"Desculpa...é....é....o telefone caiu."

Janet, de certa forma aliviada, se acolhe em seu quarto depois de desejar uma boa noite a todos.

Enfim poderia descansar, descansar seu corpo, sua mente, apenas desejava poder chegar segunda feira e voltar a sua rotina.

Ela então se vê pensativa, em seu próprio reflexo, na penteadeira de seu quarto. 



Ultimamente tinha um certo receio de pensar muito "além", isso poderia fazer com que fosse invadida por aqueles pensamentos ruins, e precisava evitá-los.

Quando pensa em sua rotina, não sabia como iria agir em relação à Frank e Seba, ela de certa forma os "atacou", mas naquele momento, precisava sair daquela situação para evitar perguntas, questionamentos que não tinha nenhum disposição em dirimi-los. 

Ela então se deita. come um pouco do chocolate que ele dera e volta seus pensamentos à Ben...



Sente que as atitudes dele para com ela eram reais, eram simples e sinceras e principalmente não parecia haver intuitos indecentes...isso a deixava se sentir bem em relação ao seu amigo.

Ben era distante, sozinho, quem sabe... nesse momento ela para e pensa quando reparou nos ferimentos em seu braço, estavam quase inexistentes... 

Bem sofrera violência em sua casa, ela sabia disso, mas ela percebe que talvez ele nunca tenha aparecia machucado na escola...

Será que Ben seria como ela, como Frank e Seba...?