Personagem Janet Wislow

Janet conversa muito com seu pai e havia muita informação naquilo tudo. Aparentente ele ainda amava sua mãe e a transição da separação ainda não havia sido fácil para ele. Num determinado momento ela resolve sair. Suas aulas de piano e francês eram um deleite em sua vida. Quem imaginaria uma garota de vida tão simples quanto a dela tendo esta honra, mas ela fazia por merecer. 

Estaciona sua bicicleta em frente a casa de Sr. Karl Jamesson e antes ainda de entrar sente o cheiro de incenso e biscoitos ao forno. Tão típico. Sr. Karl era um amante da educação. Daqueles que sempre acreditaram que de nada vale aprender se não pudesse compartilhar e ele fazia isto com muito amor.







"A Primavera retrata o renascimento. Toda vida precisa de uma morte. Cada novo ciclo surge de outro que finda-se. Tente esta peça comigo...vamos fazê-la a quatro mãos."

Janet toca aquelas alegres notas com excitação, com sentimento...ela finalmente permite-se sentir o amor, a alegria a tensão...Seus ombros saltavam, seu corpo era o piano...e o piano seu corpo.

"Isto garota...isto que você executou agora chama-se música. O resto são notas em sequências matematicamente determinadas."

"Je suis très content monsieur, merci" - Ela agradece Sr. Karl com um largo sorriso no rosto, e tudo finalmente parece estar bem. Suas aulas acabam e ela dirige-se a igreja para seu, provavelmente, último compromisso do dia.

Era estranho para Janet seu pai ter lhe dito aquilo num momento que passa por algo semelhante..."Amar é entender que todos possuem defeitos, segredos...e ainda assim querer ajudar estas pessoas." as palavras de seu pai se repetiam em sua mente, "June"...ainda era muito cedo para dirimir tudo aquilo na sua vida, pois realmente não sabia quem era ela de verdade...e isso machucava Janet.

Ela fica um tempo com seu pai, conversa com ele, trata de falar de coisas boas, boas memórias...seria ela capaz de um dia perdoar sua mãe pelo abandono? Janet não sabia responder, mesmo havendo se passado 5 anos...dessa forma, seria natural não ter as respostas quanto a "June"...era tudo muito recente...

Janet caba por deixar seu pai no seu serviço, e trata de ocupar sua tarde com a aula de piano e francês.



Janet gostava de sentir as notas musicais fluindo pelo ambiente, enquanto tentava tocar Chopin...fechava os olhos sentindo a paz e a tranquilidade do som reverberando nas paredes da casa do Professor Karl Jamesson. 



O Professor Karl Jamesson era uma alemão de seus quase 80 anos, extremamente inteligente, falava 5 idiomas e era viuvo. Após as aulas de piano e francês, ele sempre servia chá com biscoitos para Janet e gostava de falar com ela sobre a vida, sobre o futuro e como a admirava pela mulher que estava se tornando. 

 

Havia em sua casa muitas fotos de sua falecida esposa e de sua única filha que morreu em um acidente de carro em 1962...Janet o observava sempre, parecia feliz em viver sozinho, somente com suas lembranças...Janet adorava sua companhia, e sentia que ele ficava eufórico quando ela perguntava coisas do passado, que o faziam lembrar de coisas boas, as vezes tristes, mas no geral eram coisas boas, que o faziam sorrir.

Após as aulas de piano e francês, e o famoso chá com biscoitos feitos pelo professor, Janet se despede e segue com sua bicicleta recolhendo garras vazias para vender ao Padre Thomas.



O padre gostava da presença de Janet, e principalmente de quando ela o ajudava nos trabalhos voluntários. As garrafas a ajudavam a pagar as despesas da casa e a guardar um pouco para a futura faculdade.



Após recolher e vender as garrafas, Janet se senta dentro da igreja e fica refletindo um pouco sobre tudo, sobre principalmente saber perdoar...

Ela percebe padre Thomas se sentando ao lado dela, e ele pergunta

- Pensando no que Janet? parece aflita, quer conversar?

Janet fica calada um tempo, não sabia muito o que dizer naquele momento, sem olha para Padre Thomas ela diz

- Pensando sobre o perdão Padre Thomas...talvez buscando respostas...

Padre Thomas sentindo que ela quer ficar um pouco sozinha, diz a Janet

- Janet minha filha...perdoe os outros não por que eles merecem perdão...e sim por que você merece a paz...

Dizendo isso, Padre Thomas se levanta, a toca no ombro levemente e a deixa sozinha, sentada e refletindo...

"É sempre assim. Morre-se. Não se compreende nada. Nunca se tem tempo de aprender. Envolvem-nos no jogo. Ensinam-nos as regras e à primeira falta matam-nos." - Ernest Hemingway

Ao notar que realmente era June um sentimento de repulsa brota em Janet e ela decide virar sua bicicleta, dar a volta e pegar uma paralela até o local de trabalho de seu pai. Uma mistura de dor e alívio ao mesmo tempo. O vento sul do inverno ainda toca seu rosto o faz gelado e anestesiado e era disto que Janet precisava neste momento. Estar isenta da realidade. Realidade? O que era real? Não quer continuar pensando nisto e coloca seus fones de ouvidos e segue em direção ao trabalho de seu pai. 

Chega ao porto e diante ao grande frio todo o local tem seu ritmo desacelerado. Ela entra na pequena cabine onde seu pai trabalhava. 

Janet para sua bicicleta quando percebe que se trata de June...Estava a uns metros atrás dela, não queria que "June" a visse.



Tudo que se trata de June agora é uma incógnita para Janet, ela viu muito bem o que ela é capaz e principalmente quem era ela...seria esse momento mais um "colocado" por June? para que ela a encontrasse? Janet fecha seus olhos e respira fundo, ela só precisava de um tempo, precisa do seu espaço, por mais que seu coração esteja amargurado com a situação, ela precisa ver seu pai, somente ele iria confortá-la naquele momento. 

Estranho pensar que tudo que gira em torno de "June", agora para Janet, parece ser uma mentira...se sente uma peça colocada num tabuleiro...

Tudo que Janet esperava de "June", era apenas aquela pessoa que ela, de certa forma, fingiu ser todos esses anos...a amiga, a companheira, a pessoa que podia estar junta, que podia chorar, enfim...confiar.



Para Janet ainda tudo parecia uma mentira...ela se revelou ser uma pessoa completamente diferente...bem diferente da pessoa que fingiu ser ao lado dela...

Janet abre seus olhos e resolve fazer a volta, e fazer o caminho para o trabalho do seu pai, por um lugar diferente e sozinha...

Janet fala com seu querido pai ao telefone e aquilo a acalma muito. Ele sempre fora seu porto seguro, sua paz e reconforto. Ao desligar o telefone vai para o banho pois em breve deveria encontrar-se com seu pai na empresa. Seria uma boa forma de relaxar, pensar em outras coisas, ver gente diferente. Estava naquele momento farta de tudo. Seria necessário sair daquele aquário de águas poluídas e tocar a vida, como em muitos momentos de sua vida o fizera.






A caminho do Porto com ágeis pedaladas Janet percebe uma garota na calçada andando um tanto quanto cabisbaixa chutando pedrinhas enquanto caminha lentamente. Ela estava assim como Janet com roupas muito pesadas devido ao frio, porém olhando mais atentamente ela percebe tratar-se de June.

Janet respira fundo quando está de volta ao seu lar. Estava deitada em sua cama com "Snuff", chorando e olhando suas fotos com sua família e com June...

Após um tempo, o telefone toca, a voz de seu pai como sempre a fortalece, por um momento ela pensa que por mais que tenha uma vida difícil, essa é a vida que deus lhe deu, essa é a vida que lhe dá forças para querer alcançar seus objetivos!

Janet respira fundo e responde


- Oi Pai...não se preocupe, estava um pouco estranha hoje, mas...sabe pai, me dê uma hora e estarei aí lhe ajudando mais cedo ta bom?ficar ao seu lado vai ser bom, preciso arejar a cabeça mais um pouco.

Janet fala de maneira suave e descontraída, não quer maiores preocupações para seu pai, desliga o telefone dizendo a ele "eu te amo" e fica olhando para o teto do seu quarto, pensando em tudo que passou naquela manhã, e espera que Franklin tenha feito a escolha correta...

Tudo foi muito estranho, ainda não sabe se tira as fotos de June do seu quarto ou as deixa somente para poder lembrar daquilo que a fazia feliz...ou mesmo...para não esquecer da mentira na qual fez parte....

Janet fecha os olhos, ainda deitada em sua cama. Ela pensa novamente em tudo e quer apenas seguir sua vida em frente, essa foi sua escolha e está feliz por isso...



Pelo menos por enquanto...

Janet sai correndo da sala de aula em um momento de desespero. Pelos corredores observa algumas pessoas.

Janet e June desviam brevemente seu caminho para o toalete...era apenas uma breve entrada a direita muito próxima a sala de aula.

"Amiga o que está acontecendo? Eu vi e vivi muito mais coisas nestes últimos dois dias do que praticamente em toda minha vida. O que há com você? Algo está diferente...aquela sua voz, nunca ouvira aquele tom antes. O que está acontecendo com todos vocês?...ou com todos nós?"

"Nada está acontecendo June, apenas uma série de coincidências minha amada. Tenho certeza que tudo se resolverá ao final do dia."

June com um olhar abismado olha para sua amiga que há anos conhece e parece desconhecer em tão pouco tempo, dirige-se a ela.

"Janet, eu absolutamente não disse nada. Conhece-me tão bem assim para ler meus pensamentos? Respondeu-me antes mesmo de eu perguntar..."

Janet percebe a seriedade na voz de June. O que está acontecendo...que vozes são estas?

Entram no toalete e lavam seus rostos, ajeitam suas roupas e recompõem a maquiagem. Janet fica a observar sua amiga e entende o porquê de estar a todo este tempo com ela. A amava, assim como June a tinha como uma irmã. O que estaria de fato acontecendo? June tinha razão. A Janet de antes não entendia mais a ela própria.  

"Amiga, está quase a hora, vamos?"

June é linda, alegre, arrojada..Com a cabeça baixa pensa no quão previligiada era por tê-la ao seu lado. Janet olha no espelho uma última vez antes de dirigirem-se para a sala de aula e observa sua amiga e irmã June a terminar de se arrumar. 

A neve continua a cair fraquinha, deixando as ruas e os tetos das casas brancas, deixando a paisagem um tanto silenciosa e poucas pessoas na rua aquela hora da manhã 



June abre seus olhos e se levanta, ela se espreguiça e olha para Janet, achando que a amiga estaria dormindo, mas ela se depara com Janet também acordada a olhando com aqueles profundos olhos azuis "meu deus como ela conseguia acordar com aquela aparência...?" June a conhecia a anos, desde os 5 anos, e parecia não se acostumar com a beleza de Janet...parecia sempre se surpreender...



Janet percebe a amiga atônita a olhando...ali parada ao lado da cama

- June? June acorda meu amor (Janet ri da situação) acorda mocinha! 

Janet pega sua perna e empurra a perna de June a fazendo despertar. A amiga a olha com os olhos arregalados e diz

- Meu deus Janet! você chegou a dormir?

June sai dando risada e vai ao banheiro para tomar banho e se aprontar para a escola

Janet a fica olhando ir embora e pensa em como ama June. Ainda deitada ela só vira seu rosto em direção a janela e fica olhando os flocos de neve caírem...pensando nas coisa boas que o dia hoje poderiam proporcionar. A primeira coisa boa seria proporcionado por uma pessoa...Franklin...



Janet fecha seus olhos e pensa nele, nos cabelos cor de fogo, nas sardas dispostas em seu rosto, na sua voz intensa..."por que fiquei tanto tempo se falar com ele?"

Janet ouve June falar para ela se aprontar, ela lentamente abre seus olhos, não sabe ao certo quanto tempo ficou pensando, divagando...ela respira fundo, levanta apenas a parte de cima do seu corpo, se espreguiçando, arrumando os cabelos e diz a June




- Vou demorar um tempo no banho ta linda...preciso me arrumar hoje...

June olha a amiga um tanto estranha e diz

- Nossa Janet, como se você precisasse de tanto tempo para se arrumar e ficar linda, estou te esperando na cozinha

Janet fecha seus olhos deixando a água quente cair...hoje haveriam muitas coisas para fazer, haveriam pessoas para ver e fazê-las se sentir bem...

Janet fica ao telefone com Frank...mal vê a hora passar. Ali passa em frente a ela, suspira, tosse...quem sabe ela perceberia que ele precisava usar o telefone. Ao terminar e ver seu irmão largado no sofá lendo Batman diz a ele: "Todo seu senhor emburrado." Lhe dá um beijo na testa, afaga seus longos cabelos com suas mãos e vai ao sofá onde seu pai encontra-se.

Janet termina o telefonema respondendo "boa noite Franklin..."

Ela fica um tempo olhando para o aparelho quando o coloca no gancho...não sabia o por que, mas gostava muito daquele mocinho ruivo e engraçado...e queria muito vê-lo amanha bem cedo.

Janet vai então para a cozinha, deixando o telefone para ser usado por Alonso, que aguardava deitado no sofá lendo uma revista em quadrinhos e impaciente.

Ela entra na cozinha, e vê seu pai...com certas olheiras, cabelos desgrenhados, conversando com June, e sua amiga sempre super simpática com seu pai, adorava fazer com que seu pai contasse histórias...parecia sempre querer distraí-los dos problemas...

Janet se aproxima e senta no colo de seu pai, o surpreendendo

- Filha.. você não é mais pequena... e nem tão leve (ele ri alto junto com June)

Ela ri junto com eles, fazendo uma cara de surpresa com a piada do pai. Pega um copo de suco, toma e depois diz a ele 


- Sinto muito papai...vou ser sempre sua pequena e sempre vou querer colo...independente do meu peso (ela ri junto com eles)

June, olha a cena e por dentro se emociona, a relação dos dois era algo incomparável, amável alem de qualquer fronteira, ela lembra em algumas oportunidades que correu junto com June para alcançar o caminhão dos correios para entregar as cartas para seu pai que estava na guerra. Voltavam de mãos dados, no meio da chuva... molhadas e sujas, mas dando risadas e felizes.



June olha para uma foto antiga na parede  da casa de Janet, próxima a entrada da cozinha, Janet era ainda de colo e dava para sentir que esse amor entre os dois cresciam dia após dia, e Janet era capaz dos maiores sacríficos pelo senhor Helmer.



O sorriso de Janet era a coisa mais maravilhosa de ver, ela ficava ouvindo e olhando seu pai como se fosse o próprio Deus falando... talvez para ela ele fosse isso, o próprio deus que ela precisava em sua vida...



Seu olhos expressavam uma adoração perante seu pai...e além disso, Janet amava ajudar as pessoas, tentava sempre sentir como elas estavam, diferente da maioria que se afastava para ignorar os problemas alheios. June as vezes ficava preocupada com a amiga, pois sentia que as vezes ela se deixava apegar demais pelos problemas dos outros e esquecia de viver um pouco.

Janet tinha uma magia interior que fazia com que as pessoas quisessem estar com ela, se sentiam seguras com ela, como se fosse um "anjo" próximo...era uma moça jovem de seu 15 anos... que nem sequer havia beijado outro homem...era pura de corpo e alma... 



 June a amava como sua irmã, ela se sentia "una" à Janet, mas sabia que um dia ela iria embora... e isso a fazia chorar por dentro, sabia que um dia seus caminhos poderiam ter estradas diferentes...



Depois de rirem e se divertirem com o senhor Helmer, ele se despede dizendo que ia dormir e Janet e June vão para o quarto descansar

Janet veste um vestido de dormir preto, presente de June e isso a deixa feliz... ela olha para a amiga, com seus grandes olhos azuis e diz

- Janet... 

Janet se vira, terminando de escovar seus cabelos e ouve a amiga dizer



- Amiga..te amo...

Ambas se abraçam e dormem felizes juntas, rezando para que passem mais tempos assim pelo resto de suas vidas.

Depois de fazer a pergunta a June, uma pergunta um tanto retórica, Janet se desloca à cama junto de June e diz a ela

- Sabe amiga, as vezes me pergunto isso...quem sou eu? ou... o que serei eu daqui a alguns anos?

Janet abraça sua amiga e deitadas de lado, uma de frente a outra, Janet continua

- Hoje foi um dia estranho amiga...sabe...não me ache uma louca, sei que com você posso me abrir. Teve umas oportunidades hoje cedo que ouvi umas vozes...parecia externas...mas quando percebi pareciam sair da minha cabeça...sei la, foi muito estranho.

Janet faz uma pausa


-  Hoje precisei um acidente, envolvendo o senhor Rudolf, depois conheci o policial Parker...confesso que achei ele uma gracinha June (as duas riem do comentários de Janet), mas ele parecia angustiado...havia alguma coisa sobre a filha dele, não sei ao certo, mas acredito que deva ser problema de saúde...

Enquanto fala, June acaricia os cabelos de Janet, que segura "Snuff" entre os braços.


- Depois, fui levada para escola, e encontrei aquela situação com a Franklin. Nossa ele estava preocupado, pude sentir isso, foi tudo estranho o que aconteceu com Albert, e sabe do que mais, ele tem que parar de ficar enchendo o saco dos outros, principalmente de Franklin. Você já reparou no Franklin amiga? (Janet dá um sorriso malicioso para June e ri) ele é bonito e aquela voz é maravilhosa, nunca reparou nele? 

Janet se vira e vê aquela foto no fliperama

- Lembra desse dia, foi no verão, nossa a gente se divertiu muito, a gente tinha 12 anos, e olha ali no canto o Franklin



June ri daquela foto e diz

- Amiga, amo essa foto, te peguei desprevenida, lembra? eu fiquei te chamando e chamando, e você vendo a Clarisse jogar, dai se virou dizendo "O que é June?" daí tirei a foto!

Janet e June riem juntas no quarto. Janet então diz

- Sim, você estava terrível aquele dia...a gente mal falava com o Franklin naquela época, mas ele sempre foi cercado de amigos, sei lá se são tão amigos dele assim, as vezes acho que me parecem só  "satélites" em volta dele sabe... por causa do dinheiro da família...

Janet e June ficam olhando aquela foto por um tempo, até que Janet diz


- Ele vai vir me buscar para ir na escola, minha bicicleta ficou lá, agora seremos nós três amanha indo junto à escola, não poderia ter tido melhor companhia. Ele ia me ligar hoje, mas acho que não conseguiu. Quem bom que você veio, precisava de você comigo, estava um tanto triste, mas amanhã é um novo dia.

Janet dá um beijo no rosto de June

- Quem sabe amanha vocês possam conversar mais... 

Janet faz aquele olhar malicioso novamente para June que puxa o cabelo da amiga e ri com ela

- Pare Janet! você está querendo que eu namore o Franklin? (June ri do assunto)

Janet fica parada olhando para a amiga e diz

- Sei la... acho que vocês combinam!

June se levanta e dá uma "travesseirada" em Janet, que se protege e ri daquilo



June para e olha para Janet e diz

- Amiga, seu sorriso é lindo, você inteira é linda...devia ser modelo, seria um sucesso absoluto!

Janet fica encabulada

- Sou tímida para esse tipo de vida June...olha você como é linda! faz uma pose de Top Model!

June se levanta e fica olhando para Janet e faz uma pose

- Assim amiga? 



- Ta vendo June, você é bem mais linda!

Janet e June ficam conversando sobre coisas que adoravam, o mar, floresta, sair acampar, férias, sobre serem amigas pelo resto de suas vidas. Janet termina dizendo

- Amanha se o Franklin vier, quero você bem bonita para ele...

- Sossega Janet!!!

Ambas riem e se sentem felizes por estarem juntas, não querendo que o momento terminasse, sentiam que juntas poderiam superar os problemas, sendo amigas pelo resto de suas vidas

Diferentemente de Janet, June era uma aventureira. Poucos planos e muita ação, o que deixava Janet preocupada as vezes. Porém Janet a ouvia e como uma grande irmã e uma jovem mãe tenta controlar seus impulsos. Janet em muitas vezes sentia que deveria ter um pouco dela e June um pouco de Janet. 

Elas entram em seu quarto, June lentamente retira sua mochila e deita-se na cama com ela. O amor e carinho entre elas era imenso. Abraçam-se e o beijo de Janet faz com que June puxe um travesseiro, apoie-se nele e concentre-se. Seu olhar fica um tanto quanto mais sério. Abaixa o som do estéreo e diz a Janet:


"Querida, não estou aqui por mim hoje. Estou por você. Não a vi na escola, mas esta não foi a principal razão. Meu coração ditou-me vir até aqui. Quero que esvazie e vomite o que está em você se assim quiser. Caso contrário ficarei do seu ladinho como sempre."

June é bela. Mas sua alma é muito mais. Ela pega Snuff e o aperta contra seu peito e sorri gentilmente. 

"Pedi ao meu pai para ficar aqui nesta noite. Ainda são 9 horas e temos muito tempo para conversarmos e iremos juntas para a escola amanhã. Meus ouvidos hoje são todos seus. Posso colocar mais uma canção para ouvirmos minha linda?"

June levanta-se e encontra um albúm e o insere no velho estéreo de Janet...a canção fala sobre o que é ser adolescente, e quão dura esta fase pode ser. June retorna a cama com Snuff em seu colo e calada olha para os olhos sedentos de atenção e cuidados de Janet. 

Janet atende a porta e fica surpresa com a presença de June. Ela está com um mochila nas costas e lhe dá um abraço bem forte e a olha bem profundamente em seus olhos azuis.

Sem dizer nada, Janet pega nas mãos de June e a leva para seu quarto.

Assim que a acomoda, com ambas deitadas na cama, Janet diz a ela

- Se precisar conversar amiga, estarei aqui do seu lado tá... (dizendo isso, a beija carinhosamente no rosto)

Janet amava June e a conhecia desde os 5 anos de idade, sua amiga sempre esteve do lado dela, mas Janet se esforçava para ajudá-la em tudo que fosse possível, a aconselhava e muitas vezes fazia o papel de "mãe", chamando a atenção de sua amiga sem se prender a nenhum detalhe, pois se conheciam a muitos anos, e Janet fazia isso com único intuito de querer ela bem.

Ali deitadas juntas, com o coelho "Snuff" junto delas, Janet se sente menos sozinha, parecia que deus tinha ouvido suas preces e lhe enviado alguém para lhe fazer companhia. 

Janet respira de modo silencioso, talvez June precisasse de ajuda naquele momento, ou como ela, só uma companhia...

Janet se levanta e coloca um disco de uma musica de ambas amavam ouvir juntas de "Kate Bush", lembra de como ficavam no quarto abraçadas e dançando sem parar e imitando a performance da cantora "...Heathcliff, it's me, Cathy, I've come home. I'm so cold, let me in your window...". Isso faz com que Janet se deite novamente com June e abrace a amiga, fechando os olhos e agradecendo por ela estar aqui próximo a ela.



Janet pensa também em Franklin..."espero que ele esteja bem também...que tudo tenha dado certo com a sua família..."

E ali permanece abracada com sua amiga de tao longa data...

Janet fica lembrando as inciais "J.A" no colar do pai, devia ser as inciais dela e de Alonso... ela o beija na teste e sai sem fazer barulho, queria que ele descansasse.

Após ouvir o gemido e se certificar que Alonso estava bem, Janet ouve "salve-me irmã"...ela para no corredor e fica olhando, tentando ouvir mais alguma coisa "será que estou ficando louca?" Ela vai até a janela da sala e olha a rua lá fora, tenta ver se alguém esta precisando de ajuda, mas não vê nada, apenas o silêncio toma conta de Yorktown.

Janet vai até seu quarto, coloca seu pijama e se deita agarrada com "Snuff". Pensava nas vozes e o que seriam elas...ela vira de um lado para outro, pensando no Policial Parker, June, Franklin..."queria que ele tivesse me ligado" mas ele tem seus problemas assim como todos os demais, de repente precisava conversar com alguém. Queria ligar para June, mas ela iria bombardeá-la de perguntas que não queria responder agora. Ela queria falar de outras coisas, sobre as montanhas, sobre o mar, sobre a vida, sobre...sobre macarrão com queijo...

 

Sem perceber, uma lágrima escorre no rosto de Janet, as vezes se sentia sozinha...pensava na vida e naqueles que existiam próximos a ela, na ajuda que eles estariam precisando neste momento, estariam alguns sozinhos como ela? Janet fecha seus olhos azuis e chora um pouco, precisava aliviar um pouco tudo aquilo que invadia sua mente...nas pessoas que a preocupavam... ela estende seu braço e desliga a luz do quarto...esperando que o sono a conduzisse a um novo dia...

Oficial Parker entrega Janet e Franklin a seus pais e após explicar o ocorrido os deixa e retorna a sua rotina. Oficial Parker parece muito correto e embora de poucas palavras agradavel. Helmer e Gordon cumprimentam-se cordialmente e Janet retorna com seu pai a seu lar. 

Ao entrar em seu Chevrolet, carro este que seu pai possuía muito orgulho, Janet recosta sua cabeça no confortável estofamento e procura relaxar.

Janet enfim chega a sua casa... antes de entrar ela olha para aquele humilde lar e se sente feliz. Antes de entrar ela abraça novamente seu pai, se sente seguro com ele, se sente feliz..

Ao entrar em sua residencia, parece reparar novamente na simples mobília, no papel de parede, na cortina, e no simples estofado...Janet ao entrar, fecha os olhos e inspira profundamente, sentindo toda a energia do lugar, um lugar que a acolheu desde que nasceu... e agradecia a tudo, especialmente por seu pai lhe proporcionar isso. 



Ela entra e tira os sapatos, queria sentir o carpete entre seus dedos do pé, ela olha a velha poltrona verde, que seu pai adorava ficar sentado, muitas vezes com certeza pensando em sua mãe...Lembrava de quando ela e "Ali" ficavam sentados em seu colo, adoravam quando seu pai os erguia, usando a força de seus braços para erguer cada um ao mesmo tempo, ela e "Ali" segurando nos braços do pai e rindo compulsivamente...

Ela diz a seu pai que ira tomar um banho primeiro. Andando pelo corredor, ela vai ao ao seu quarto e se prepara para seu banho. 

A água quente caindo sobre seu corpo a faz relaxar e fechar seus olhos...ela volta atrás a alguns anos atrás quando a família estava completa, e como sentia falta do seu herói quando estava na guerra, até hoje Janet guarda todos as cartas que seu pai a enviava, enquanto servia no Vietnã.

Por vezes Janet se deitava na cama e ficava imaginando seu pai na guerra, o que ele estaria fazendo? ela se limitava a acreditar que ele voltaria vivo, que estava lá para libertar não só uma nação, mas estava lá para lutar por ela também.




As vezes ela pensava se ele voltaria vivo ou sob uma bandeira do nosso país...



Mas a esperança em poder se pendurar nele novamente era a que manteve forte em seus pensamentos, e ela o escrevia sempre, sempre que podia, não importava se estava uma tempestade, Janet corria até o correio para deixar sua carta...precisava fazer com que seu pai soubesse que ela o queria de volta... o queria perto dela para cuidar dela...

Janet sem perceber, termina seu banho, e percebe que está parada de pé em seu quarto, com a toalha envolta em seu corpo e enxugando seus cabelos...ela olhava para seu simples quarto e via tudo que queria, via seu coelho "Snuff" a aguardando para estar ao lado dela em seu sono, vê a foto de todos eles juntos tirada em um parque num dia de verão, seu pai, sua mãe, "Ali" e sua mãe... "uma família perfeita" pensa ela...



Janet pega o pequeno quadro com uma foto quando seu pai lhe deu um disco de presente, ela só tinha 11 anos, ouviu aquele disco do "Creedence" a noite inteira...ainda estava triste por sua mãe te-los abandonado. 



Pega outra foto, quando ela e seus amigos estavam num lugar para jogar fliperama... June tirou aquela foto, a pegou desprevenida...ela tinha 12 anos (Janet ri daquela foto com seu semblante sério). Olhando melhor percebe que no canto esquerdo esta Franklin...como sempre rodeado de "amigos" e observando... eles não se falavam na época, mas ela espera que ele ligue para ela hoje...



Ela se veste, respira fundo e novamente olha para a fotos de todos eles (sua família) juntos...quem sabe um dia as coisas se realizem... principalmente para seu pai.. ele merecia...

Janet fecha a porta do seu quarto delicadamente e vai se encontro ao pai...vai ao encontro daquele que a faz seguir em frente...

Janet parece se acalmar mais com a retidão e atenção do Policial Parker. Ela toma a água e diz a ele

- Eu que peço desculpas...não sei o que eu falei, e acredito que nem sei se estava consciente disso...não conheço sua filha...e independentemente disso rogo para  recuperação dela...

Janet abaixa a cabeça e fica um tanto envergonhada "meu deus que dia". Ela aceita as orientações do Policial Parker para ir para a escola, e no caminho tenta se acalmar e tratar a situação da melhor forma possível.


Enquanto dirige, ela não deixa de sentir uma "empatia" para com o Policial Parker, não tem a menor ideia do porque dele e sua filha estarem distantes, mas sentia que ele era bom e preocupado com a menina..."será que era casado..? espero que ele consiga passar por tudo isso...se eu pudesse ajudá-lo de alguma forma" 


Ao chegar na escola, ela sai do carro e retira sua bicicleta com a ajuda do Policial Parker, e depois que a prende no local destinado as bicicletas, ela percebe a movimentação no pátio e vê "o chato" do Albert com a camisa chamuscada e o "simpático" Franklin um tanto irritado, e os outros garotos e garotas em volta, uns rindo e outros apenas olhando toda aquela bagunça.


Janet se aproxima de June... sua amiga de infância, e pergunta sobre o ocorrido, mas ela apenas informa que viu fumaça sair da camisa de Albert, depois dele "zuar" com Franklin, e depois Franklin disse na frente de todos que resumidamente "Albert só falava merda".


Nisso Janet não podia se negar a aceitar, Albert era o típico aluno babaca que se vangloriava em fazer piadas com os outros...mas dessa vez pegou Franklin num dia irritado...


Janet gostava de Franklin, era inteligente, melhores notas e também simpático, seu rosto era repleto de manchinhas pelo fato de ser ruivo e gostava de fazer umas piadas engraçadas, que fazia Janet rir por um longo tempo, e ela sentia que as vezes ele a olhava um tanto diferente... talvez querendo atenção exclusivamente dela. Franklin gostava de estar rodeados de amigos, estar em evidência...era engraçado, ele fazia isso de forma a não ser como Albert, o que fazia ela gostar dele...como amigo! Ela as vezes o observava durante a aula e sentia que ele queria sair logo da escola, parecia já entender toda a aula e não via a hora de sair de lá... talvez quisesse ser como ela...alçar voo para outros lugares fora de Yorktown...


Janet então cuidadosamente anda em direção de Franklin a fim de ver o que estava realmente acontecendo.

Janet está pálida, não sabe o que está se passando, o Policial Parker a olha querendo respostas sobre sua filha..."que filha?" 

- Não estou entendo...que filha Policial Parker..? "será que eu disse alguma coisa...? parecia que por um momento estava tudo tão quieto.." 

Janet olha para o Policial Parker, ele está ali com o carro parado, parece pálido de nervoso... "seria ele casado?" Quando Janet vai olhar para sua mão esquerda, ele a questiona novamente sobre sua filha e Janet começa a ficar preocupada...


- Senhor... eu... eu quero ir pra casa, não estou me sentindo bem...por favor, não conheço sua filha, não sei do que está falando...por favor me leva pra casa...ou me deixa aqui...eu só quero ir embora.




Janet debruça seu rosto sobre suas mãos, com os braços apoiados em seu joelho..."o que esta acontecendo comigo?" ela precisava sair dali, sair daquele carro, tudo passava pela sua cabeça, seu pai, seu irmão bebendo, sua mãe... o teste... Janet queria sumir, sair daquele carro...

"Garota não preocupe-se. Tente ficar calma. Apenas preciso de informações para agregar uma resolução acertada no ocorrido. Isto é extremamente comum mesmo em cidades como Yorktown. Conversarei com seu diretor e professor e logo em seguida lhe deixarei Helmer. É filha dele não garota? Em uma cidade pequena como a nossa ninguém passa desapercebido minha filha."

"Elisabeth ficará bem Oficial Parker. O que ela possui irá ser revertido, embora ela nunca mais será a mesma."

Parker para o carro abruptamente.

"Conhece minha filha??? Como assim garota, do que está falando?"

Janet não pisca. Seus olhos vidrados a sua frente atravessando o pára-brisas do carro não reagem as palavras de Parker.

"Ela ficará bem e sobreviverá senhor Parker. Se é isto que deseja é isto que terá."

Os sons voltam aos poucos e Janet olha para o Oficial Parker e o vê branco como cera. 

"Diga-me garota. Conhece minha filha?"

"Senhor do que fala?"

Janet, após as orientações do policial Parker, fica sem conseguir falar nada diante dele... seus pensamentos estavam naquela outra voz..."de quem era aquela voz que queria estar comigo..?", Janet olha para todos os lados novamente, alguma coisa não estava certa e Janet começava a ficar preocupada, estava vivenciando uma manhã nada convencional. Quando o policial Parker pergunta se ela esta bem, Janet recobra seus pensamentos e somente acena a cabeça para ele e concorda em ser levada até a escola. 

Ao ser levada até a viatura, com sua bicicleta no banco de trás, Janet se senta ao lado do policial Parker, e responde a ele.

- Sim... isso mesmo, a escola Churchill... 

Janet fica calada novamente, sente o policial ligar o carro e começar a se movimentar e se lembra de se apresentar

-  Meu nome é Janet...Janet Wislow...senhor... desculpa (ela esboça um tímido sorriso) Policial Parker.

Janet se sente intimidada perante o Policial Parker. Ela percebe que ele sente isso também "meu deus estou parecendo uma criança de 10 anos na frente dele". Logo que o carro vira a primeira esquina da rua Thorton com a 16, Janet se sente estranha ao andar dentro de uma viatura policial, a ultima vez que isso ocorreu, foi a uns 3 anos atrás, quando o Xerife parou o carro na rua e foi ajudá-la a levar seu pai para sua casa com o carro da policia, era por volta de umas 11 horas da noite, e estava chuviscando e frio.

Janet fica olhando para frente, mas desvia o olhar para as mãos do Policial Parker no volante e no cambio. Eles tinha finas veias nas mãos, e um pouquinho de pelo sobre elas, bem suaves...ela vira um pouco a cabeça e repara na maça do seu rosto e a suave linha que formava seu nariz, assim que ele se vira para olhá-la, ela desvia o olhar e responde de súbito


- Éh... então... eu estava indo para escola, de bicicleta como sempre faço nesse horário... não! quer dizer! mais cedo, hoje estranhamente me atrasei...

Janet se cala de súbito e continua olhando para frente e percebe que o Policial Parker parece querer que ela continue... "para de ser criança Janet!" 


- Então...eu vi o carro do senhor Rudolf passar por mim, foi muito rápido... não!! não ele! desculpa, quiser dizer que a situação foi rápida, "Janet se controla!! que vergonha!"... ele passou e quando percebi ouvi o barulho do choque entre os dois veículos... foi isso... então fui ajudar senhor... quer dizer, Policial Parker...


Janet fica ainda olhando para as ruas em frente da viatura, se sentia muito intimidada com o policial Parker, suas mãos estavam terrivelmente úmidas e ela as esfrega compulsivamente em seus joelhos. Havia muito coisa estranha acontecendo naquela manhã e rezava para que não ficasse doente. 


Um silêncio se manteve dentro do veículo, e Janet aguardava o Policial Parker dizer alguma coisa.

Janet observa a confusão criada pelo acidente. Um dos observadores, um rapaz de seus 30 anos trajando um elegante terno cinza,  a toca no ombro para agradecer pela ajuda e presteza. Ela olha para trás para ver quem era e neste momento sua visão fica um tanto quanto turva mas ouve claramente: "Meu Deus, faria de tudo para ter esta garota para mim!" 

Ao que ele tira suas mãos de Janet, sua visão fica clara novamente. "Moça, está bem?"

Todos estes acontecimentos deixam Janet claramente nervosa. As condições de seu irmão no início do dia, seu pai precisando de ajuda, a prova na escola. Ela senta-se e respira. Precisa continuar e sendo assim dirige-se até o Oficial Parker.